O nome do bairro é uma homenagem ao nosso continente. O bairro surgiu recentemente, mas apresenta um crescimento acelerado, o Jardim das Américas é um lugar que guarda algumas peculiaridades do tempo em que o desenvolvimento não havia chegado por definitivo na região. No início do século XX a vida era simples e pacata. As poucas casas eram feitas de troncos e tinham o chão batido. As terras do Jardim das Américas e dos bairros Uberaba e Guabirotuba eram quase que totalmente de propriedade de duas famílias: os Franco e os Oliveira.
A região por volta do ano 1948 era ainda completamente despovoada e integrava a fazenda do Coronel Evaristo Martim Franco, do qual Carlos e Evaristo, seus netos, tornaram-se herdeiros da área do Jardim das Américas, inclusive foi nesta época que deram início na construção do Antigo Hospital Sanatório São Carlos, vindo posteriormente a se chamar Hospital e Maternidade São Carlos, foi localizado na área territorial denominada de Guabirotuba, que ia da esquina da atual Av. Comendador Franco, pela Av. Francisco H. dos Santos, até a Rua Otávio Pereira dos Anjos, que era contíguo a este arrabalde de Curitiba. O acesso era feito pelo bairro Capanema (Jardim Botânico) até a Estrada Velha dos Tropeiros, “Estrada Velha do Matadouro”, na qual transitavam as boiadas levadas pelos tropeiros para o Matadouro Municipal, no Prado Velho (hoje Uberaba, Av. Salgado Filho). A estrada era de barro, muito estreita e com muita curva. Quem traçou a primitiva estrada foram os próprios bois.
O registro do terreno – área rural – era estadual, bem como os impostos eram territoriais do Estado. Em relação a Curitiba, a situação era a leste da cidade. Toda a área do Jardim das Américas era constituída predominantemente de pastagens, nas quais se mantinha pequena criação de cavalos e de gado. Antes de existir o Hospital, empregados das fábricas de colchão de Dalio Zippin, vinham de carroça buscar capim. O coronel Evaristo Franco dava licença porque aquele capim era próprio para fabricação de colchões. Além das matas ciliares do Rio Iguaçu em Santa Bárbara, como era chamada a região próxima ao rio existia capões esparsos com pinheiros, cedros e outras árvores de porte, como se caracterizava predominantemente a paisagem de Curitiba do lado sul, leste e parte do noroeste (por exemplo: Bacacheri, Cajuru, São José dos Pinhais).
A urbanização do Jardim das Américas só aconteceu simultaneamente da construção do Hospital São Carlos, temos que citar mais uma vez dois grandes homens de grande pioneirismo, que são o Dr. Evaristo e o Dr. Carlos Franco Ferreira da Costa, que se desdobraram para a construção do Hospital, o Dr. Evaristo, como proprietário da área. E o Dr. Carlos como principal investidor, cujas cotas foram integralizadas em espécie, auferidas pela venda de lotes de seu terreno junto ao entorno do Centro Politécnico (UFPR).
O som das boiadas, do bater da roda das carroças e dos bondes vermelhos que iam buscar carne no Matadouro Municipal, inaugurado em 1899, no Guabirotuba, era música para os moradores. Contudo, no Jardim das Américas, bairro ainda pouco habitado, a natureza prevalecia e o desenvolvimento ainda não havia chegado.
Residência do Dr. Carlos Franco Ferreira da Costa
A casa maior da foto cercada por vários pinheiros e arbustos, é a casa do Dr. Carlos Franco Ferreira da Costa, no pé da foto temos a Rua Tenente Ricardo Kirch, olhando de frente ao lado direito ainda sem abertura, o que é hoje a Rua Otavio Pereira dos Anjos, e do lado esquerdo da foto, olhando de frente, o que é hoje a Rua João Itiberê, nos fundos da casa ou da foto, primeiro a atual Avenida Francisco H dos Santos, e da direita para esquerda as Ruas Herculano de Souza e Travessa Júlio Bond.
As casas que vemos ao fundo fazem parte do primeiro conjunto habitacional construído pela Caixa de Habitação Popular do Governo do Estado do Paraná, o Conjunto Habitacional Jardim das Américas era formado por 56 casas, foi inaugurado no primeiro semestre de 1956, pelo então governador Moisés Lupion.
Hoje no local, Clinica Quinta do Sol, Curso de línguas e Farmácia Nissei.
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Primeiros moradores
Por volta de 1950, os primeiros moradores do que seria Jardim das Américas, eram o Sr. Francisco Ribeiro, ou Chiquinho Ribeiro como era conhecidos, (que também nas horas vagas dava uma de cúpido, pois foi ele o responsável pelo meu feliz namoro e casamento com a Arilda, essa é outra história) esposa Alzira (Vó Lilá) os filhos Joaquim (Tito) Zilda, Cacilda, Gerina e Renato. Também a família Juvenal = Ofélia e filhos e a família Creplive, o casal Agostinho e Pasqua(Quita) os filhos Eduardo, Marina e Agostinho.
1915 - Primeiro mapa parecido com o que é hoje
Somente em 1915, era apresentado à cidade o primeiro mapa de Curitiba que mais se aproxima do território que a cidade possui atualmente. No território do bairro estão dois outros nomes antigos: Alegrete e Santa Bárbara. O interessante é que hoje o Jardim das Américas é um nome oficial, ou seja, é um dos 75 bairros de Curitiba, enquanto o Jardim Santa Bárbara, não existe mais como bairro oficial. No entanto, quem mora na região ainda sabe a diferença entre um e outro. Já o nome Alegrete não é mais usado.
Anos 50 e inicio de 60, Cineminha do senhor Manoel
Por falta de opções de laser, o cineminha do Senhor Manoel era local de encontro de todas as crianças do Jardim das Américas e adjacências, os filmes eram acompanhados de vendedores de pirulitos, pipoca, o nosso querido amigo João Leocádio, era um dos vendedores, muitos adultos de hoje freqüentaram este cineminha.
O interessante que com o advento da televisão, o senhor Manoel não teve duvidas, comprou uma televisão e colocou no lugar do cineminha, e da mesma forma que cobrava a entrada para o cinema, continuou cobrando das crianças para ver televisão, pois era a única na região.
1961 - Inauguração do Centro Politécnico
No Jardim das Américas fica o Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná, consolidando ainda mais a instituição, que foi a primeira no Brasil, fundada em 1912. O Centro Politécnico da UFPR, Construído em 1961, faz parte da história do Jardim das Américas, e aqui não podemos esquecer o sr. Juvelino Florêncio, foi o responsável pela terraplanagem do terreno onde esta o Centro Politécnico, um dos pioneiros do Jardim das Américas, trabalhou toda sua existência servindo os moradores, com seu caminhão caçamba, ora puxando terra preta para jardim, pedra ou areia para as construções do bairro, nos deixou família exemplar, Altair, Rose (nossa catequista, da Paróquia São Carlos Borromeu) e a médica Dra. Roseni Florêncio, junto com ele em 1950 chegaram para abastecer os trabalhadores da C.R. Almeida, desta grandiosa obra, com um Armazém de Secos e Molhados, os pioneiros Alzira (Vó Lilá)e esposo Francisco Ribeiro(Chiquinho Ribeiro).
Maestro Bento Mossorunga - Anos 60 - aula para Valquiria filha do Prof. Mamede
Entre outros pontos marcantes do Bairro, um é muito especial: a Praça Maestro Bento Mossorunga, próximo da casa onde morou o músico e maestro, autor do Hino do Colégio Estadual Prof. Júlio Mesquita, do Hino do Colégio Estadual do Paraná, do Hino da Cidade de Curitiba e do Hino do Paraná. Um hino cuja letra de Domingos Nascimento fala de uma terra com “canções e flores pela estrada”.
1954 - Construção da Capela que depois seria denominada São Carlos Borromeu
Na década de 50 era construída uma Capela (ainda sem nome) no local onde era o restaurante estudantil do Centro Politécnico, atual ginásio de esportes da Escola São Carlos Borromeu(ainda em construção, 2010). Na época vinha rezar missa o Padre Júlio Saavedra do Uberaba, da Paróquia de São Paulo Apóstolo, onde a rua desta Igreja leva o nome do Padre Júlio Saavedra. A comissão encarregada de cuidar da Capela convocou os moradores para escolher um nome.
Após longo debate foi escolhido o atual nome de São Carlos Borromeu em homenagem ao Dr. Carlos Franco Ferreira da Costa, fundador do Hospital e Maternidade São Carlos, e um marco na história do Jardim das Américas, que até os últimos dias de sua vida, não faltou a uma festa do Padroeiro.
Da esquerda para direita: Bernardo, Gerina, Renato, Tito, Francisco e Alzira Ribeiro
Primeiros Zeladores e primeira missa no Jardim das Américas
A família Sbrissia, Ângelo e Joana e a família Ribeiro, Francisco e Alzira foram os primeiros zeladores da Capela de São Carlos Borromeu. A primeira missa rezada no Jardim das Américas foi rezada pelo padre Júlio Saavedra, na área da residência do casal Francisco e Alzira Ribeiro, ali na esquina das ruas Senador Batista de Oliveira e Avenida Francisco H.dos Santos, atual Loja de Automóveis.
1967 - Demolição e transporte da Igreja São Carlos Borromeu do Centro Politécnico para o atual endereço.
A demolição da Igreja de São Carlos Borromeo no pátio do Centro Politécnico e sua reconstrução no atual endereço tem uma passagem inusitada, o Poli do Táxi, como era conhecido, foi convocado para transportá-la até seu destino, na época tinha um campo de futebol entre as ruas Heitor de Andrade e Rua Anaberta Roskamp, chamado “BUZÃO”, foi ali que ele descarregou a Igreja, após descarregar teve o trabalho de carregar tudo novamente pois disseram a ele que estava errado, que o local certo seria no terreno da esquinas das ruas Cel. Joaquim Lacerda com a rua Heitor de Andrade, no ano de 1967 era construída a primeira Igreja de São Carlos Borromeu no atual local, onde esta hoje, na rua Heitor de Andrade esquina com rua Joaquim Lacerda. De linhas simples de madeira, com um sino pendurado em sua porta, durante muitos anos ele serviu para lembrar aos fiéis o horário de suas missas e de outras celebrações religiosas. O primeiro pároco foi o Padre Raimundo, que veio da Catedral Metropolitana de Curitiba, batizou meu filho Murilo, ficando poucos meses, ao que em seguida tivemos a felicidade de receber definitivamente o Nosso Padre Romão, Na década de 70 foi construída uma bela e acolhedora Igreja de alvenaria no mesmo local da anterior.
Na década de 70 foi construída uma bela e acolhedora Igreja de alvenaria no mesmo local da anterior, tendo já como pároco o Padre Romão Sarnik vindo a se aposentar no mês de novembro de 2010.
1954 - Primeiras professoras do Colégio Professor Júlio Mesquita
A primeira Escola Pública Estadual Jardim Santa Bárbara, foi construída por Francisco Ribeiro, no ano de 1954, na Avenida Francisco H. dos Santos, 774 (hoje ponto comercial) a primeira diretora foi a Sra. Adalgiza Sbrissia e as primeiras professoras, Zilda Ribeiro Sbrissia, Antonia Branco de Lima e Maria da Cunha Distefani, deu posse a estas Professoras o Dr. Lauro Portugal Tavares, Secretario de Educação do Estado do Paraná.
1956 - Novo endereço com um novo nome, da Escola Professor Júlio Mesquita
Com construção do primeiro conjunto residencial e sua conseqüente inauguração em 1956 a nova sede da Escola Santa Barbara além de mudar de endereço mudou de nome, passou a chamar-se Escola Professor Júlio Mesquita, ficava nas esquinas da Av. Cel. Francisco H. dos Santos com a Rua Cel. Joaquim Lacerda, onde esta funcionando hoje um dos salões de cabelereiros mais tradicionais do Jardim das Américas, o “Salão Catarinense”, o nome já diz bem quem é o proprietário, nosso amigo Ademar, o catarina mais conhecido do bairro, e adora uma motocicleta.
A Caixa de Habitação Popular aprontou as duas primeiras casas para as professoras, Antonia Branco de Lima e Maria da Cunha Distefani, em novembro de 1955, o Conjunto Jardim das Américas formado por 56 casas, foi inaugurado no primeiro semestre de 1956, pelo então governador Moisés Lupion.
Com a entrega do novo e primeiro conjunto habitacional de Curitiba, Conjunto Habitacional Jardim das Américas, construído para os operários do Centro Politécnico e funcionários estaduais, pelo então governador Moises Lupion, a escola ocupou ainda com o mesmo nome, o endereço das esquinas Cel. Joaquim Lacerda com a Avenida Francisco H. dos Santos, mas com o aumento da população, os alunos não cabiam mais na nova escola, foram alugadas duas salas de aula na casa da Rua Tenente Ricardo Kirch, Nº 436 da Senhora Zilda Soares Pinto, onde foram alocados os alunos da quarta série, e os demais foram alocados nas primeiras instalações da Capelinha de São Carlos Borromeo, ainda localizada no pátio do Centro Politécnico próximo do atual Ginásio de Esportes da Escola São Carlos Borromeu.
GOVERNADOR NEY BRAGA X COL. EST. PROF. JÚLIO MESQUITA
O Maestro Bento Mossorunga morava a cinqüenta metros do Colégio, na visita do Governador Ney Braga ao ilustre amigo, o nosso governador resolveu dar uma espiada nas obras, informalmente, pois já estava funcionando precariamente, improvisaram a melhor sala colocando umas taboas soltas para que o governador não pisasse na lama da construção, justamente na sala onde minha sogra Professora Zilda Ribeiro Sbrissia, lecionava, para sorte do Colégio e azar do Governador, não é que o homem tropeçou, e quase foi de cabeça, na mesa da professora.
Resultado, na semana seguinte ao acontecimento chegou vários caminhões com todo o material necessário para o termino das obras do Colégio Professor Júlio Mesquita, a obra teve seu termino com uma rapidez nunca vista.
1959 - Inauguração do segundo conjunto habitacional
Por volta de 1959 era inaugurado pelo Governador, na época, Moises Lupion, o segundo conjunto residencial Jardim das Américas que compreendia as ruas Anaberta Roskamp e Rua Heitor de Andrade, no entorno da Praça Maestro Bento Mossurunga, que até 1975, se dividia em Jardim Santa Bárbara e Jardim das Américas.
15 de maio de 1964 Família Forcadell se estabelece na Rua Ana Berta Roskamp, 428
O primeiro membro a chegar e morar em Curitiba foi o Pedro Forcadell, dia 15 de fevereiro de 1964, residiu alguns dias com a família Jorge e Glória Cantele, na rua Dr. Pedrosa, com a chegada de seus pais da cidade de Cruzeiro do Sul, no dia da Revolução, 31 de março, foi morar com eles na Rua Minas Gerais no Bairro Vila Guairá.
15 de maio de 1964 foi o começo de um ciclo de nova vida, com a compra de uma pequena mercearia, padaria como era chamada na época, que os mais antigos ainda lembram, com uma saudade muito gostosa, dos bons tempos.
O imóvel era do Srº Adir Mattanó, o comércio pertencia ao Sr. Manoel Pereira e Da. Noemia, que também foram proprietários da Mercearia do Ribas, o Sr. Manoel Pereira, realizou seu sonho voltou para sua terra natal, Santa Catarina, onde morreu atropelado por um ônibus. Mesmo estando longe foi uma grande perda, não só para sua família como para os amigos que aqui deixou.
Na década de 60 a nossa “padaria” vendia duas Kombis de pão “bolachão” (hoje Pão d’agua) e francês (hoje francezinho), as mães mandavam seus filhos buscar o pão na nossa “padaria”, como bairro só tinha ônibus de hora em hora, e o Jardim das Américas ficava longe do Centro, não tinha a Avenida das Torres(Comendador Franco) A Avenida Prefeito Omar Sabag e a Avenida Lothario Meisner eram apenas um carreador cheio de buracos e barro, pior quando as pessoas tinham que atravessar o campo atolados em lama, até o bairro Cajuru, para lá pegar seu ônibus, ou ter que se deslocar até a Avenida Salgado Filho, como é o caso da minha sogra Da. Zilda Ribeiro Sbrissia, que estudava e dava aula em São José dos Pinhais.
1975 - A Câmara Municipal de Curitiba decreta por lei o nome JARDIM DAS AMÉRICAS
Em 1975, o Jardim das Américas unificado, surgia oficialmente como um bairro. Seu nome se deve à intenção dos vereadores municipais de homenagear as três partes do nosso continente: América do Norte, América Central e América do Sul.
No início dos anos 80 ainda era possível encontrar grandes descampados na região. Mas no final da década daria ao bairro outra face. O resultado dos loteamentos organizados começou a dar para a localidade características que tem hoje, com sobrados e conjuntos residenciais. Apesar do progresso promissor a preocupação dos moradores era com as valetas a céu aberto, as falhas nas coletas de lixo e a falta de pavimentação em muitas ruas.
Em 1995, os sobrados, os conjuntos residenciais e os condomínios fechados era a nova marca do bairro. O Jardim das Américas era admirado por suas belas casas e conhecido como o reduto dos universitários. O crescimento fora visível. O bairro que possuía em 1970, 6.658 habitantes, nos anos 90 já ultrapassava marca de 13 mil. Hoje a região é desenvolvida e encanta quem passa pelo bairro com suas ruas movimentadas e cheias de comércio, sem falar em seus moradores alegres e simpáticos que abrem as portas desse jardim para receber todos os seus visitantes.
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