No dia 19/04/1798 o Diário Oficial publicava o decreto imperial nº 7.248 concedendo a Amazonas de Araújo Marcondes o direito a uma linha de navegação pelo rio Iguaçu, desde o porto de Caya-Canga até Porto União.
O INICIO DA NAVEGAÇÃO COM VAPORES NO RIO IGUAÇU
No dia 19/04/1798 o Diário Oficial publicava o decreto imperial nº 7.248 concedendo a Amazonas de Araújo Marcondes o direito a uma linha de navegação pelo rio Iguaçu, desde o porto de Caya-Canga até Porto União.
A navegação pelo rio Iguaçu teve início em 17/12/1882, quando o vapor Cruzeiro foi lançado às águas. O Coronel Amazonas Marcondes o comprara no Rio de Janeiro. O vapor foi desmontado na então Capital do império, e suas peças seguiram de navio até o porto de Antonina.
Do Porto de Antonina, as partes dele foram colocadas sobre onze carros de bois, pesadamente carregados, subiram pelos pelos caminhos tortuosos da Serra do Mar e trouxeram até Curitiba, o barco a vapor desmontado. Os carros foram levados até às margens do Rio Iguaçu no lugar onde havia uma ponte de madeira que ligava Curitiba a São José dos Pinhais. Dali seguiram em canoas pelo rio Iguaçu até o porto de Caya-Canga, onde “O Cruzeiro” foi montado, peça por peça” .
O navio fluvial pertencia ao coronel Amazonas, veterano da Guerra do Paraguai, que passara três meses no Arsenal da Marinha, no Rio de Janeiro, acompanhando a construção do vapor.
Segundo o historiador Hermógenes Lazier, as peças eram “chapas de aço, longarinas de ferro, toda a proa em uma só peça, caixotes de rebites da maquinaria que tinha sido fabricada em Londres, em 1878”.
O vapor Cruzeiro tinha 80 palmos de comprimento por 26 de largura. Seu motor tinha a força de 18 cavalo-vapor, impulsionado por duas rodas laterais.
Dez dias após ter sido lançado às águas, o vapor Cruzeiro saiu para a primeira viagem do Porto de Caiacanga ao Porto de União da Vitória, consumindo dois dias e meio para cobrir os cerca de 360 quilômetros que separavam as duas localidades. Conduzia a bordo 11 passageiros e 70 volumes de mercadorias.
Quando o Vapor "Cruzeiro” foi lançado às águas do rio Iguaçu, o transporte fluvial na região era feito precariamente através de canoas e transportavam madeira, erva mate, mercadorias e passageiros. Além do Iguaçu, faziam os rios Negro e Potinga, atendendo as populações ribeirinhas de São Mateus, Fluviópolis, Jararaca, União da Vitória, entre outras. “Eram balsas morosas, inadequadas para o transporte de passageiros, atendendo mal o comercio crescente das margens do Iguaçu para Curitiba e depois Morretes e o porto de Paranaguá”.
Amazonas e Alvir descrevem a viagem inaugural do vapor Cruzeiro que teve entre seus passageiros o Presidente da Provincia do Paraná, Carlos de Carvalho. Esse vapor teve também como hóspedes o escritor Afonso Escragnolle Taunay, Ermelindo Leão, Inácio Carneiro, fazendeiros, empresários e militares de carreira ou de patente comprada. Alvir lembrou de alguns de seus tripulantes: “Diego de Brito, os irmãos Kwiatikowski, os irmãos Cordeiro e os Teixeira de Paula”.
Afonso Taunay comentou em uma de suas obras: “É de louvar-se a coragem e pertinácia com que o snr. Amazonas Marcondes mantém semelhante empresa, que deu vida e dá progresso e vida social a muitíssimos pontos anteriormente desertos e inóspitos dos nossos sertões, em que vagueiam ainda temidos e indômitos bugres”.
Ainda nessa década outros vapores passaram a singrar as aguas densas do Iguaçu. Veio, na sequencia, o vapor “Visconde de Guarapuava”, depois o “Potinga” depois o nominado “Vitória”. O “Curitiba” era destinado ao transporte de passageiros, mas levava alguma carga. Nos períodos de estiagem vários barcos encalhavam nos baixios – porém o Curitiba tinha fundo chato, que permitia trafegar nos períodos de estiagem. Havia também o “Brasil”, o “Iguassú”, o “Rio Negro”, o “Palmas”, o “Paranaguá”, entre outros – todos movidos a lenha, abundante nas várzeas. Mais tarde apareceu o “Tupi”, cuja máquina fora fundida pela metalurgia Muller e Filhos: Tinha camarotes, sala de estar para o conforto de seus passageiros.
Foi em 1915 vários pequenas empresas desapareceram para se unirem na S.A. Lloyd Paranaense – mas outros vapores eram lançados pela “Empresa de Navegação Fluvial Portes & Cia”, e também por Rodolfo Cassou, Pedro Pizzato, Augusto Iaram, Shiffer e Soldi, Serafim Fortes e Cia., J. Bettega e a poderosa Cia. Lumber Colonization Co., entre outros. Em 1890 São Mateus passava a receber imigrantes europeus, a maioria em precárias condições, contribuindo para a história e o progresso da região.
Nesse período áureo da navegação tropeiros e agricultores, caboclos mestiços eram transformados em maquinistas, pilotos, cozinheiros ou marinheiros. São Mateus, sede de várias empresas de navegação, chegou a ter estaleiros com operários especializados na armação e montagem de barcos – havia então cerca de cem pontos de carga e descarga de carga e passageiros.
Em 1935, com o advento do transporte rodoviário e do declínio do comercio da Erva Mate, entre outros fatores, a Lloyde Paranaense, a última empresa sobrevivente era liquidada.
Ao final, comentou o sãomateuense Lauro F. Dias, "o vapor 'Curitiba' foi à pique em função da embriaguês de seu comandante; o 'Visconde', cercado de mato, foi devorado pelos cupins; o 'Potinga' afundou no rio Negro; o 'Vitória' e o 'Rio Negro' feneceram no estaleiro. O 'Pery' teve sua carcaça salva e restaurada. Hoje, imóvel e sujeito a corrosão do relento e da ferrugem, parece fitar saudoso as águas sofridas de um Iguaçu maltratado pela nossa geração".
(Fontes: pmuniaovitoria.com, Wikipedia)
Paulo Grani
Vapor Cruzeiro, primeira década de 1900.
Vapor Visconde de Guarapuava, em sua viagem inaugural, em 1899.
Vapor Sara, década de 1920.
Vapor PERY, em 1925.
Vapor Iguassú, em 1930.
Vapor Leão, década de 1920.
Vapor Paraná, década de 1930.
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