domingo, 27 de novembro de 2022

ANTONINA EM 1854 (parte 1)

 

ANTONINA EM 1854 (parte 1)



"Vista Geral de Antonina,1872", aquarela sobre papel de William Lloyd, 11 x 34 cm (duas folhas coladas), Liga Ambiental, Curitiba;

Dos seus habitantes, o censo consta com 2664 brancos, 604 mulatos e pardos e 892 pretos. O total de escravos é de 838, o que representa 20% do total da população. Não temos dados a partir destes para ver como era distribuída a posse destes escravos.
Esta população estava espalhada por 12 quarteirões, que eram os bairros a partir dos quais se fazia o censo. Estes quarteirões eram: 1) a vila; 2) a estrada da vila para a capital (a saída da cidade, no caso desde o fim do morro do bom brinquedo até alguma altura da estrada da graciosa); 3) estrada da vila para Porto De Cima; 4). No rio de são João até as Carniças (porto das carniças); 5) Saquarema; 6) Registro (foz do Nhundiaquara); 7) Faisqueira; 8) rio do Serro (Cedro?); 9) Cachoeira; 10) Cacatu; 11) novamente na Faisqueira; 12) Nhundiaquara.
Não temos ideia (o texto não indica) quantos fogos existiam em cada quarteirão. O “fogo”, unidade básica do Brasil nos primeiros séculos eram as casas, onde moravam as pessoas.
Segundo o censo, o município tinha 48 casas de negócio. Em termos de agropecuária, tinha 454 sítios de plantação e lavoura e 56 sítios de criação de animais. A produção deveria ser majoritariamente de cana e mandioca. Haviam 33 engenhos de aguardente em funcionamento trabalhando com bois e 25 engenhos movidos por agua. Além disso, havia ainda 30 olarias, que fabricavam louça, telha e tijolo.
A luz destes dados, a sociedade capelista era fundamentalmente agrária, produzindo como excedentes cachaça e farinha de mandioca. A mão de obra destes engenhos era provavelmente escrava. Faltam maios dados para ir além disso, mas comparando com outras áreas é esse o quadro que surge.
A população deveria habitar majoritariamente a zona rural, só indo à cidade aos domingos para a missa. Nestes dias, deveria lotar a pequena capela da colina. Neste tempo já se havia perdido o costume de se fazer transportar em redes e liteiras, como nos tempos coloniais. As famílias vinham em procissão, com o pai à frente, a mulher e os filhos logo depois. Encerrando o cortejo, os escravos, que ficavam no fundo da igreja. O tamanho do cortejo refletia a riqueza e a importância da família naquela sociedade.
Naquele tempo, era importante socialmente fazer parte das irmandades. Na Deitada-a-beira-do-mar, existiam três: a de são Benedito, a mais antiga, a do Pilar e a do Santíssimo Sacramento. Em geral, estas irmandades tinham a presença de todos, sendo as pessoas mais ricas e poderosas convidadas para cargos de direção. Eram as irmandades que faziam as festas e que organizavam a vida da vila.
Os padres, neste tempo em que não havia separação entre Igreja e Estado, eram funcionários públicos. Recebiam um salário do governo, a côngrua, que mal dava para suas despesas. Complementavam seus ganhos com contribuições recebidas das irmandades e de particulares para festas, casamentos, batizados e funerais.
Haviam três igrejas na vila. Destas, a única que tinha condições para missas era a matriz. A Igreja de São Benedito estava apenas coberta. A do Bom Jesus só tinha as paredes. O cemitério do Bom Jesus era particular, e não havia ainda recebido a benção. Provavelmente, as pessoas eram enterradas, como o costume da época, nas igrejas. Não temos ideia como seriam e onde estão os corpos destas pessoas. As pessoas mais ricas eram enterradas mais próximo do altar. As outras conformavam-se com as partes menos nobre e, aos escravos, era reservado o adro ou as partes externas.
(continua)

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