terça-feira, 29 de novembro de 2022

UMA SIMPLES ALDEIA

 

UMA SIMPLES ALDEIA


"Vista Geral de Antonina,1872", aquarela sobre papel de William Lloyd, 11 x 34 cm (duas folhas coladas), Liga Ambiental, Curitiba; esta aquarela foi pintada por um dos colegas de Bigg-Witther em sua passagem pela Deitada-a-beira-do-mar em 1872, o também engenheiro inglês William Lloyd. Pra uma aquarela pintada por um engenheiro, não está mal...Se estas suposições estiverem corretas - são suposições ainda - temos que esta é a mais antiga imagem da cidade até agora conhecida, agora com nome, sobrenome e data de nascimento. Aqui vai mais um trecho da passagem da missão inglesa por Antonina. 
PARTE 3
(...)
"Chegáramos a uma nova etapa de nossas viagens. As marítimas tinham terminado por algum tempo. O nosso próximo ponto era Curitiba, a capital da província, distante de Antonina cerca de 50 milhas. Sabíamos que havia uma estrada de rodagem não ainda terminada durante todo o percurso e não demoramos a descobrir os recursos do lugar quanto a transporte.
A própria cidade foi logo explorada, sendo antes o que na Inglaterra chamaríamos de aldeia.
 Vangloriava-se de sua rua principal e de algumas outras menores ou becos, que saiam dela em ângulos retos. As casas, na maioria térreas, eram construídas de pedaços de pedra trazidos do Rio de Janeiro como lastro e que, depois de sobrepostas em seco, eram cobertas de argamassa e cal. Poucas janelas eram envidraçadas e, como no Rio de Janeiro, não se via nenhuma chaminé por cima dos telhados. Nas melhores casas um cano de ferro podia talvez ser visto, atravessando a parede traseira, sob as calhas salientes do telhado, mas, na maioria, a fumaça da cozinha saia pelos interstícios das telhas.
Ao lado sul da cidade, no alto de pequena colina, assentava a igreja, velando o pequeno rebanho a seus pés.
Era evidente, pela aparência, que este era o principal edifício do lugar, no qual a arquitetura não tinha saído de sua forma primitiva, ou seja  quatro paredes e um telhado. Todavia, não obstante a simplicidade de suas construções particulares, Antonina, como um todo, seria certamente classificada de lugarejo bonito e até pitoresco, situado, como está, entre terra e agua, ao pé de gigantesca cadeia de montanhas, a “Serra do mar”, e nas praias da linda baia de Paranaguá.

Não resta dúvida que, se o ancoradouro em Antonina fosse menos limitado em extensão, a cidade teria grande futuro diante de si, mas parece que havia somente dois canais, comparativamente pequenos, onde poderiam ancorar embarcações de qualquer tamanho. No momento, a vantagem de antonina sobre sua rival Paranaguá é a de se comunicar com Curitiba por uma estrada. Se, contudo, o plano proposto de se construir uma estrada de ferro de Paranaguá a Morretes, e dai para Curitiba, for realizado, e não o traçado que tem Antonina como ponto de referência, não resta duvida que o saldo de vantagens será transferido para a cidade anterior. Quando visitei ultimamente estas duas cidades, travava-se entre elas tremenda luta pelos jornais sobre esse importante problema da estrada de ferro". 
(...)




Thomas P. Bigg-Wither, Pioneering in South Brazil. 


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