CONHECENDO AS ORIGENS DA ESCOLA DE REFORMA DO BACACHERY
CONHECENDO AS ORIGENS DA ESCOLA DE REFORMA DO BACACHERY
No verso desta importante foto (s/data) da história de Curitiba, está escrito apenas "Escola de Reforma do Bacachery". Ela contempla um grande grupo de crianças e adolescentes uniformizados, ladeados por alguns instrutores, patronos e patronesses, elegantemente vestidos. Sem dúvida, o local era a antiga Escola Agronômica do Paraná, adjacente ao hoje Aeroporto do Bacacheri.
Vejamos a história:
Em 1918, é criado em Curitiba o "Instituto Disciplinar", no Bairro Bacacheri, a funcionar anexo ao Campo Experimental de Curitiba, com uma seção masculina e uma seção feminina, que atendia crianças e adolescentes de nove até 18 anos, condenados nos termos da lei.
A Colônia Infantil ficava instalada na parte não cultivada do Campo Experimental, que pertencia à recém-criada Escola Agronômica do Paraná. O Campo Experimental era usado para fazer experiências de aprimoramento de raças de animais, além de desenvolver novas técnicas de plantio agrícola.
A idéia do Governador Affonso Camargo ia ao encontro do pensamento dos desembargadores, que imaginaram uma colônia infantil como um ambiente de preservação das crianças dos malefícios da rua e da pobreza. Para os infratores foi pensada a correção, na forma do Instituto Disciplinar, com aproveitamento de policiais e instituída a disciplina pelo trabalho. A Lei n. 1.780, que autorizou a criação do Instituto Disciplinar, preconizava que as atividades serão “destinadas a incutir hábitos de trabalho e a educar, fornecendo instrução literária, profissional e industrial e de preferência o ensino agrícola”.
Em 1920, através do Decreto n. 943, foi criado junto ao Instituto Agronômico do Bacacheri o "Patronato Agrícola", que previa o ingresso exclusivo de menores pobres, provendo sua educação moral e profissional, “recorrendo para esse efeito ao trabalho agrícola, sem outro intuito que não o de utilizar sua ação educativa e regeneradora".
O Patronato foi instalado na parte cultivada do Instituto Agronômico, em anexo ficava o Instituto Disciplinar. Na parte não cultivada continuava existindo a Colônia Infantil para as crianças. Este Patronato também era chamado de Escola da Preservação e mais tarde passou a se chamar Escola de Trabalhadores Rurais Dr. Carlos Cavalcanti.
Em 1926, foi criada em Curitiba, por determinação do Juiz de Menores, a "Escola de Reforma e Preservação Masculina". Em 1928 seus ocupantes são transferidos para o Instituto Disciplinar junto ao Campo Experimental do Bacacheri. Neste ano, o conjunto formado pela Colônia Infantil, mais o Patronato Agrícola, mais o instituto Disciplinar e as crianças e adolescentes vindas da Escola de Reforma e Preservação de Curitiba, passa a se chamar Escola de Trabalhadores Rurais Carlos Cavalcanti.
Para auxiliar na recuperação dos internos e diminuir a sua periculosidade, receitava-se a disciplina através do trabalho, observando horários, o espaço e as regras. A associação entre a periculosidade e a falta de instrução levou os criminologistas e filantropos a apostarem na educação para o trabalho como solução ao problema. Desde o início das atividades do Juízo Privativo de Menores em Curitiba, os juízes passaram a apostar na reeducação aos moralmente abandonados como solução, considerando-a um remédio capital para debelar a dolorosa enfermidade social que é o crime.
(Foto: Acervo Paulo José da Costa)
Paulo Grani
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