A COLÔNIA E A ESTRADA DO ASSUNGUI
"Com o Paraná sendo elevado a categoria de Província no ano de 1853
A estrada sendo construída com apoio de carroças para remoção das rochas cortadas no traçado.
Foto: estradadoassungui.blogspot.br
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A COLÔNIA E A ESTRADA DO ASSUNGUI
"Com o Paraná sendo elevado a categoria de Província no ano de 1853, novas demandas surgiram, novos projetos que seguiam em acordo com o seu contexto foram colocados em prática. Com o objetivo de instalar e organizar a nova Província, o príncipe imperador nomeou Zacarias de Goes e Vasconcellos como o Primeiro Presidente da Província do Paraná: “Era, enfim, chegada a ocasião de transformar-se a antiga e atrasada Comarca de Curitiba na esperançosa Província do Paraná.” Assim, o presidente Zacarias de Goes e Vasconcellos iniciava seu relatório aos representantes eleitos da nova província, traçando, dessa forma, os rumos que a Província deveria tomar, objetivando o seu progresso. Na posse de Zacarias, as estradas da Província encontravam-se intransitáveis, sendo preciso serem abertas outras vias de comunicação.
As colônias criadas no Paraná caminhavam junto com os interesses governamentais, uma vez que o deslocamento das populações para a economia mercantil havia escasseado a produção agroalimentar paranaense. Assim, nos anos de 1860, os governos Provincial e Central decidiram criar uma grande colônia formada por colonos tanto nacionais como estrangeiros, que se dedicassem à agricultura. O Relatório redigido pelo então Presidente de Província José Francisco Cardoso anunciava:
O aviso expedido pela secretaria d’estado dos negócios do império em data de 21 de Outubro de 1858 mandou levantar no 1º território, demarcado no distrito do Assungui, uma casa para receber 20 famílias de colonos morigerados, e bem assim proceder as derrubadas na extensão de 25.000 braças para as primeiras plantações.
A Colônia do Assungui, fundada em 1860, que veio a tornar-se município de Cerro Azul em 1882, apresentou-se como uma tentativa política por parte do Governo Imperial de colonizar e alavancar a produção agrícola em uma localidade próxima ao Paraná Velho. A cerca de 100 km de Curitiba, tal espaço se caracterizava pela área acidentada, presença de água e terra fértil. No entanto, os aspectos físicos de seu relevo dificultavam a ligação da colônia com Curitiba, Castro e Antonina, o que culminou em grandes investimentos e gastos para a abertura de estradas de comunicação e instalação de infraestrutura. [...]
Apesar das reivindicações paranaenses para a implantação de uma colônia capaz de produzir produtos agrícolas para a exportação e viabilizar a ocupação territorial, tais objetivos não foram alcançados e o empreendimento tornou-se um fracasso. Dentre os principais fatores do insucesso figura o problema da falta de uma boa estrada de comunicação interligando a colônia à Curitiba. [...]
Em seu relatório de 1876, Lamenha Lins relatou que os colonos estavam sobrevivendo com plantações que mal conseguiam sanar sua subsistência, reconhece novamente a necessidade de construir uma boa estrada. Porém, ao orçar o melhor traçado entre a colônia e a capital, calculado em mais de 2000 contos de réis, valor este muito alto para o orçamento da Província, reconhece que a obra não será realizada tão cedo. [...]
É no governo de Lins que novas políticas imigratórias foram instituídas, quando colônias mais próximas da Capital, perto das estradas já carroçáveis, eram incentivadas a fim de suprir aquelas necessidades que tinha Curitiba de produtos hortifrutigranjeiros, as quais a priori a Colônia do Assungui fora designada a prover, mas acabou fracassando.
A proximidade de localidades como Abranches, Pilarzinho e Santa Cândida com o centro urbano atraíram os imigrantes, em sua maioria poloneses, que agora podiam comercializar seus produtos granjeiros e agrícolas na cidade e suprir a procura por tecidos, couro, sapatos e outros tantos gêneros não fabricados nas colônias. A Estrada do Assungui acabou então por servir melhor a essas colônias do que àquela que motivou sua construção, a colônia do Assungui.
A estrada ao longo dos anos com o crescimento e urbanização da cidade foi se transformando em rua, ganhando nomes diferentes, assumindo novas vocações, acentuando antigas, vivendo a dinâmica típica dos tempos que atravessou e atravessa.
O primeiro nome de rua veio de seu antigo nome, Rua do Assungui, sendo oficializado através da Lei 353 de 1912. No mesmo ano, através da Lei 311, o trecho que vai do Largo da Ordem até a ponte de um dos afluentes do rio Belém, na rua Inácio Lustosa, passou a se chamar Rua Conselheiro Carrão e seu prolongamento de Simão Bolívar. Este trecho também era conhecido como Travessa da Ordem ou Beco da Capela da Ordem.
Foi em 1943, através do decreto-lei número 51, que a rua passou oficialmente a homenagear o Capitão povoador de Curitiba Mateus Martins Leme, adquirindo o atual nome: Rua Mateus Leme.".
(Compilado de www.cerroazul.tur.br)
Paulo Grani.
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