AS FÁBRICAS DE FÓSFOROS DE CURITIBA
AS FÁBRICAS DE FÓSFOROS DE CURITIBA
Descoberto nas primeiras décadas do século 19, na Inglaterra, o palito de fósforo só passou a ser fabricado no Brasil, após a proclamação da República. A preocupação com o surgimento de uma indústria nacional levou o governo brasileiro a proibir a importação do produto em 1891, favorecendo o surgimento de diversas fábricas no país.
Pouco tempo depois, Curitiba já contava com esse tipo de indústria, graças ao empreendimento de dois imigrantes alemães, Jorge Einsembach e Fernando Hürlimann que, em 1894, fundaram a mais antiga fábrica de fósforos da cidade: "Fabrica Paranaense de Phosphoros de Segurança", usando a marca "Pinheiro".
Instalada em dois pavilhões de alvenaria localizados na Rua Iguaçu, em 1895 a fábrica de Curitiba encontrava-se em pleno funcionamento e já contava mais de uma centena de empregados. Em 1900, seus proprietários foram premiados na Exposição Agrícola e Industrial do Paraná, recebendo medalha de ouro, "pelos excellentes produtos de sua fabrica de phosphoros ".
Em 1912, a fábrica Hürlimann, mais conhecida como Fábrica Pinheiro, agora instalada na Rua João Negrão numa grande edificação em alvenaria, disputava o mercado de fósforos com outras quatro indústrias existentes em Curitiba. Apos o falecimento do sócio Jorge Einsembach, em 1909, a empresa teve sua razão social alterada para Hürlimann & Cia.
Em 1914, a empresa sueca Swedish Match, representante da marca Fiat Lux, comprou parte das ações e passou a controlar a fábrica. Em 1916, foi transformada em Sociedade Anônima, passando a denominar-se Companhia Paranaense de Fósforos e possuía um quadro de 300 operários para uma produção diária de 200 latas de fósforos, das quais 90% eram destinadas à exportação. Nessa época, além da marca "Pinheiro", fabricava fósforos das marcas Olho e Beija-Flor.
Nas palavras de Nestor Victor, ela era dotada de "apparelhos modernissimos e admiraveis, que funccionaram á minha vista. Entra o toro em bruto e sahe a caixa inteiramente prompta para o consumo."
Em 1930, após ter sofrido ampliações e recebido uma nova estrutura técnica, a Companhia Paranaense de Fósforos era citada como a maior fábrica de fósforos do país.
Nessa época, além da Fábrica Pinheiro, continuavam em atividade em Curitiba a Fábrica Mimosa, da Companhia Brasileira de Fósforos, e uma terceira chamada Fábrica Mercúrio, de Glaser & Cia, que produzia os fósforos "Colombo", ficava na Rua Coronel Dulcídio, no Batel, a qual foi encerrada em 1935.
Finalmente, no início da década de 1930, a Fiat Lux adquiriu a Fábrica Mimosa, da Companhia Brasileira de Fósforos, passando a dominar integralmente o mercado de fósforos de segurança em Curitiba.
Em dezembro de 1941, a Fábrica Pinheiro passou a pertencer integralmente à "Companhia Fiat Lux de Fósforos de Segurança", conforme consta na solicitação de alvará feita por essa empresa à Prefeitura Municipal de Curitiba, para "abrir fábrica de fósforo e de latas, funilaria, carpintaria, serraria, oficina mecânica e de armação de caixas à rua João Negrão".
Assim, diante desse predomínio é preciso entender como a Fiat Lux apareceu no cenário curitibano e acabou dominando o mercado:
A Fiat Lux foi fundada pelo italiano Vittorio Migliora, nascido em 1849 em Alessandria, cidade histórica perto de Gênova, Itália. Migliora veio para o Brasil em 1876, tendo desembarcado no Rio de Janeiro. No Brasil, por algum tempo importou azeites, vinhos e mármores italianos.
Em 1893, fundou no Rio de Janeiro, em sociedade com José Scarsi, a primeira fábrica de fósforos do Brasil. Em 1904, a fabrica foi denominada Cia. Fiat Lux, cujo nome significa "Faça-se a luz!".
Vitório Migliora em pouco tempo transformou a Cia. Fiat Lux numa das maiores de seu tempo, adquirindo outras fábricas de fósforo no Rio e em outros estados, como a Beija-Flor, Ypiranga, Pinheiro e Olho.
Hoje a marca pertence à Swedish Match, um grupo internacional com sede em Estocolmo, na Suécia. No Brasil, a Swedish Match é líder do mercado de fósforos com a marca Fiat Lux .
Na fábrica de Curitiba são produzidos os fósforos Fiat Lux, Pinheiro, Casa, Cozinha, Fortes, Extra-longo, Olho, Moça e Beija-Flor para abastecer o mercado nacional. Possui também outra fábrica em Piraí do Sul (PR), para a produção de palitos.
AS FÁBRICAS DE FOSFOROS QUE EXISTIRAM EM CURITIBA:
- A Companhia Fabril Paranaense, produtora dos fósforos "Mimosa", foi fundada em 1913, por Antonio Carnasciali e administrada posteriormente por seu filho Olívo Carnasciali, inicialmente funcionou na Av. Visconde de Guarapuava. Em 1916, a fábrica Mimosa foi instalada na rua Guarani (atual Av. Souza Naves) e possuía 300 empregados. "[...] produzia anualmente 24.000 latas, das quais 18.000 de fósforos de pau e 6.000 de cera. Essa produção é vendida por toda a República" (publicado em Impressões do Brazil no Seculo Vinte, 1913). Funcionou até 1933, quando foi adquirida pela Cia. Fiat Lux.
- Fábrica União, de Guilherme Weis, ou Weiss, Colle & C., ficava na Av. João Gualberto, fundos para a Av. Graciosa. Funcionou até fins da década de 1910, quando foi vendida.
- A Fábrica Mercúrio, de W. Glaser & Cia, produzia os fósforos "Colombo", ficava na Rua Coronel Dulcídio nº 51 - Batel (onde hoje é o Shoping Novo Batel), conforme publicidade feita no Almanach do Paraná de 1913.
- Phosphoros Primor, de Azambuja & Cia. Em 07/08/1921, o Correio Paulistano divulgava o incêndio havido na Fábrica de Phosphoros Primor, de Curitiba.
- Fábrica de Phosphoros, de propriedade de Weiss & Cia., localizada na Rua Sete de Setembro, conforme publicidade feita no "Almanach do Paraná de 1913.
Não poderíamos deixar de mencionar as funções exercidas por milhares de pessoas ao longo daquele tempo, as quais são mencionadas na literatura como funções femininas, visto serem exercidas em sua maioria por mulheres:
As funções habituais eram a de "fosforeiras", responsável pelo encabeçamento dos palitos, "maquinistas de caixas", serventes de "caixotarias e gavetas", "rotuleiras", "enchedeiras", "empacotadeiras" e, aprendizes que atuavam em todos os setores.
(Fontes: Wikipedia, BN Digital, Gazeta do Povo, TCC de Roseli Boschilia)
Paulo Grani
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