sexta-feira, 10 de novembro de 2023

O "Preto Dom João" o escultor do Brasão Imperial da Ilha Fiscal. Em 1881 o conselheiro José Antônio Saraiva do Ministério da Fazenda

 O "Preto Dom João" o escultor do Brasão Imperial da Ilha Fiscal.
Em 1881 o conselheiro José Antônio Saraiva do Ministério da Fazenda


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O "Preto Dom João" o escultor do Brasão Imperial da Ilha Fiscal.
Em 1881 o conselheiro José Antônio Saraiva do Ministério da Fazenda, solicitou construir-se um posto alfandegário para o controle das mercadorias a serem importadas e exportadas pelo porto do Rio de Janeiro, então Capital do Império. A decisão da construção, assim como a do seu estilo arquitetônico neogótico, foram do Imperador D. Pedro II.
Para a obra do prédio foi solicitado pedreiros e escultores sob a supervisão do Conde Santa Marinha, dono da pedreira da praia da Saudade da Urca. Para esculpir o Brasão Imperial e as duas serpes dos Bragança, foi contratado um antigo funcionário da pedreira da Saudade, um ex-escravo de mais de setenta anos conhecido como "Velho Preto Dom João" pois diziam que o velho escultor e pedreiro era do tempo do Rei Dom João VI. Infelizmente seu nome verdadeiro é desconhecido.
A obra do velho João que ainda hoje se encontra na Fachada do Palácio da Ilha Fiscal, foi salva da destruição pela lábia do arquiteto e engenheiro Adolpho José Del Vecchio, que em 1890, convenceu Aristides Lobo a preservar o brasão Imperial da Ilha Fiscal em respeito ao velho ex escravo: " Se mereço alguma coisa da República à qual pretendo servir com a mesma lealdade e o mesmo espírito de sacrifício com que servi ao Império, peço que não toquem naquele emblema. É uma obra prima de cantaria. Fê-la um velho auxiliar do Conde Santa Marinha, um preto septuagenário que é um verdadeiro artista. Hoje, cego e desamparado, acredito que ele sofreria bastante se soubesse que o seu trabalho de tão penosos dias fora cruelmente destruído. Por isso, meus senhores, por favor, imploro a conservação do escudo."
Assim como muitos negros alforriados de sua época, João viu na crescente industria da construção civil uma oportunidade de emprego, porém sem expectativa de aposentadoria, muitos trabalhavam até não poderem mais devido a idade avançada ou deficiência, como a cegueira, terminando seus dias sob a assistência da Santa Casa de Misericórdia ou em um asilo de inválidos.
Fonte: Rochas e histórias do patrimônio cultural do Brasil e de Minas /ROSSO DEL BRENNA, Giovanna. "Neogotico europeo a Rio de Janeiro", in Bossaglia, R. ed., "Il Neogotico nel XIX e XX secolo". Milano: Mazzotta, 1989. pp.169-171/Dicionário escolar afro-brasileiro
Por Nei Lopes
Ref Brazil Imperial

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