“A rainha que morreu duas vezes”

Olá Curiosos, na semana passada ou retrasada postei um vídeo sobre a Rainha que morreu duas vezes, irmã de Dom Pedro I, Maria Isabel de Bragança. Como pediram mais detalhes, segue o texto.

MARIA ISABEL nasceu em 19 de Maio de 1797, taurina como eu, terceira criança e segunda filha do casamento de d. João VI e d. Carlota Joaquina da Espanha, nossos Reis que transformaram a Colônia em Metrópole pela primeira vez na história mundial e única, diga-se de passagem

Uma criança doce e meiga, uma fofa, Maria Isabel manifestou desde cedo uma especial sensibilidade artística para artes, especialmente para a pintura. Tal como seus irmãos, tinha a doença dos Bragança e sofria com ataques de epilepsia. Carlota Jhon VI não se bicavam e seus pais decidiram por viver separados, a infância da princesa seria passada mais ao lado da mãe, que lhe dominava, primeiro em Portugal onde nasceu e depois no casarão em Botafogo- RJ.

Ela chegou ao Brasil com dez anos, ela partiu junto da família para o Brasil, durante a fuga da corte portuguesa das Guerras Napoleônicas. Mas Jhon vI sacou primeiro e meteu o pé trazendo consigo quinze mil pessoas. Junto da mãe e das irmãs, a infanta dividiria o seu tempo entre uma propriedade nas Laranjeiras, rodeada de jacarandás, e uma fazenda em Santa Cruz, num local onde um dia seria construído um convento de jesuítas até viverem em Botafogo e seu pai morava onde era o Museu Imperial na Quinta da Boa Vista.

Em 1814, após o retorno de seu tio, Fernando VII, ao trono espanhol, o mesmo pediu a mão de Maria Isabel em casamento para ele, e a de sua irmã mais jovem, Maria Francisca para o seu outro irmão, Carlos Isidro. A partir de então, iniciou-se uma troca de correspondência, na qual discutiam os termos do casamento de infantas portuguesas com príncipes espanhóis, uma aliança que consideravam ser muito útil para os respectivos reinos e em 22 de Fevereiro de 1816, foram assinadas os contratos matrimoniais. Apenas um mês depois, as infantas partiram do Rio de janeiro rumo a Espanha. Pouco antes de embarcar, Maria Isabel escrevera a Fernando dizendo: “Os meus desejos são apenas conhecer-te e agradar-te, e se tiver de suportar as tuas impertinências sei que serão justas e que não serão vãs. Obrigada pela tua predilecção por mim, o meu único pensamento é entregar-te o meu coração, que sem dúvida foi formado para o teu.”

Romântica demais, nem parecia Taurina. Eu pediria logo uns "Tapas" com cerveja da Galícia.(Tapas são petiscos na Espanha)

Fernando precisava urgentemente de um herdeiro e Maria Isabel estava ciente de que essa seria sua principal função. Aos dezenove anos, Maria Isabel era numa jovem “roliça, pálida, com olhos esbugalhados, um nariz proeminente, boca pequena.” Ela e a irmã foram descritas como sendo “agradáveis, sem serem belas” normal nos Bragança, aliás bonitas só Francisca e Maria Amélia de Dom Pedro I, o restante...
Mas isso de nada importava. Elas tinham um dever a cumprir, e o fariam. Mas Maria Isabel, também descrita como “tranquila e dócil”, era ainda romântica e sonhadora.

A viagem para Espanha foi muito difícil e elas só chegariam a Cádis no fim de Agosto de 1816, ou seja, cinco meses depois de terem saído do Rio. Em 4 de Setembro, as duas irmãs de casaram por procuração com seus tios maternos, mas foi apenas em 28 de Setembro que elas encontraram seus maridos. O rei Fernando VII tinha trinta e dois anos, e nem mesmo os seus mais próximos aduladores o consideravam atraente. Maria Isabel já sabia de tudo isso, mas para a nova rainha da Espanha, consciente de que a sua missão era dar-lhe um herdeiro, aquilo era de pouca importância. Assim, apenas dois meses depois de chegar ao palácio, a rainha teve os primeiros sintomas de gravidez. Porém, o carinho que o marido lhe demonstrou seria breve, pois uma vez "Grávida" o rei começou a desinteressar-se fisicamente dela e buscou prazer carnal com amantes. O romantismo da rainha fez com que, durante os primeiros meses, ela tenha se recusado a acreditar nesses rumores, mas pouco tempo depois começou a suspeitar, dada a pouca frequência do marido leito conjugal e às insinuações de Maria Francisca. A rainha sofreu muito com isso.

Em 21 de Agosto de 1817, Maria Isabel deu à luz uma menina depois de um parto dificílimo, que durou quase dois dias. A rainha insistiu em que a menina recebesse o nome dela, por isso foi chamada Maria Isabel Luisa. O fato de não ser um menino foi uma profunda desilusão para o rei, que nem sequer se preocupou em ocultar seu descontentamento, mas Maria Isabel estava muito feliz e contra o que era costume nas cortes de Espanha e de Portugal, a rainha decidiu amamentar a filha. Um costume que, diziam, ela teria absorvido durante seu tempo no Brasil. Infelizmente, a filha nasceu doentinha e fraca, o que lhe provocava grande ansiedade dada e preocupação, que se somavam aos ciúmes pela conduta do marido com outras mulheres e os desgostos pelas desconsiderações que ele lhe fazia em público.
Era mesmo um escroto.
Para aumentar seu sofrimento, a princesinha acabou por morrer em 9 de Janeiro de 1818.

Levado pela necessidade de ter um herdeiro, o rei voltou a frequentar o leito matrimonial(Pilantra).
A corte foi para Aranjuez passar o Verão e com o tempo, o humor da rainha foi melhorando um pouco. E sendo ela incapaz de sentir rancor durante muito tempo, queria verdadeiramente dar um filho ao marido. Nesse meio tempo, ela também começou um projeto para fundar um museu de artes, com as pinturas de Ticiano que encontrou abandonadas em um dos palácios reais. Ela foi bem-sucedida nisso, e no futuro, seu projeto se tornaria o Museu Real de Pinturas, o atual Museu do Prado.
Ele era só um esqueleto em Madrid quando Isabel chegou e hoje é o Museu principal do país.

Logo no início do verão, a rainha ficou de novo grávida. Desde o início os médicos que a acompanhavam avisaram que a gravidez apresentava dificuldades. Quando souberam da notícia de possíveis complicações, foram chegando ao palácio, das diferentes províncias do reino, relíquias dos diversos santuários que, segundo a tradição, podiam ajudar o parto, mas isso de nada serviria. A saúde de Maria Isabel estava muito deteriorada, pois a notícia chegou até mesmo ao Brasil, o que levou sua mãe, Carlota Joaquina, a escrever a Fernando para lhe pedir que cuidasse especialmente da filha.

Em 26 de dezembro, a rainha começou a ter as primeiras contrações. Apesar de todos os seus esforços, a rainha não conseguia dar a luz o filho, mais ou menos como aconteceu com a Princesa Isabel meio século depois.

Os médicos tentaram de várias formas ajudar a saída, mas também não conseguiram. A grande fadiga e a tensão sofrida pela rainha provocou-lhe então um ataque de epilepsia, e ela sofreu uma série de convulsões que foram paralisando cada parte do corpo até que a rainha ficou inerte na cama e foi dada como morta. O cirurgião então perguntou então ao rei se ele autorizava que se fizesse uma cesariana, ao que Fernando permitiu.
Mas tia louca, tinha cesariana naquela época?
Olha o nomezinho. .. Cesariana que vem de? De? De? César.
Segundo a história, faziam cesarianas quando a mãe estava morta, mas isso não aconteceu com Júlio César, quiseram a todo custo salvar a Criança e a mãe autorizou ceder sua vida para nascer o Imperador e ele nasceu, a mãe cicatrizou e teve mais cinco filhos depois de parto normal e os bebês que sobreviviam a esse tipo de parto passaram a se chamar Céseros ou Cesários.
Mas comprovadamente, um homem comum, fez o parto da sua mulher com uma faca de cozinha chamado Jacob Nufer em 1500 e ela e a criança sobreviveram.

Cesariana na época era só o método, não o que temos hoje.

Nisso, a irmã da rainha, Maria Francisca, tentou impedir, explicando sobre as crises epilépticas que sua irmã sofria e implorando que eles não a dessem como morta, mas ninguém lhe levou a sério e o trabalho dos médicos continuou.

Como Maria Francisca previu, no momento em que o médico começou a abrir o ventre da rainha com o bisturi, Maria Isabel despertou e deu um terrível grito de dor, mas já era tarde demais. Mesmo com ela acordada e gritando de dor, a operação prosseguiu. Tal ação, obviamente, causou diversas hemorragias na rainha, que finalmente morreu após todo o sofrimento imposto a ela. O médico conseguiu extrair a criança, uma menina muito frágil, que também não sobreviveu. Ambos os corpos foram levados pouco depois para o El Escorial, onde mãe e filha foram sepultadas.

Maria Isabel foi a última princesa portuguesa a se tornar rainha da Espanha, uma tradição de século. Cinco meses depois de sua morte, Fernando se casaria com a princesa Maria Amália da Saxónia, para conseguir o tão desejado herdeiro. Eles teriam apenas uma menina, Isabel, que sucedeu o pai no trono como Isabel II.

Então é isso, pobre Maria Isabel, como nós mulheres sofríamos né? Cruzes.

Nessa pinturinha da Bebel ela aponta para o Museu do Prado e a planta está em sua mão.

Show né?

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Kisses.

domingo, 16 de março de 2025

“A rainha que morreu duas vezes”

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