Denominação inicial: Projecto para um Bungalow para o Snr. Remhardt Mathers
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica
Endereço: Villa Guayra; Rua Nº 14. Lote 14
Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 49,00 m²
Área Total: 49,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Madeira
Data do Projeto Arquitetônico: 30/07/1928
Alvará de Construção: Nº 2971/1928
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de um bangalô.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
Referências:
1 - GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Bungalow para o Snr. Remhardt Mathers na Villa Guayra. Planta do pavimento térreo e de implantação, corte e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
1 - Projeto Arquitetônico.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.
A Casa de Remhardt Mathers: Um Bangalô Efêmero na História de Curitiba
Entre as muitas construções que marcaram o crescimento urbano de Curitiba no início do século XX, há histórias que, embora breves, revelam muito sobre os sonhos, as possibilidades e as limitações de uma época. É o caso da residência projetada para Remhardt Mathers na Vila Guayrá, um modesto bangalô de madeira que, apesar de sua simplicidade, figura com destaque nos arquivos da arquitetura residencial curitibana.
O Projeto: Simplicidade e Funcionalidade em 49 m²
Em 30 de julho de 1928, o escritório Gastão Chaves & Cia. — um dos mais atuantes na Curitiba da Primeira República — apresentou um projeto arquitetônico sob a denominação: “Projecto para um Bungalow para o Snr. Remhardt Mathers”. Tratava-se de uma residência econômica, concebida para atender às necessidades de uma família de classe média em ascensão, num momento em que novos loteamentos se expandiam pelos arredores do centro da cidade.
Localizada no Lote 14 da Rua Nº 14, na Vila Guayrá, a casa ocuparia uma área total de 49,00 m² em um único pavimento. Construída em madeira, técnica comum na época por sua rapidez de execução e baixo custo, a edificação seguiria o modelo do bangalô, tipologia inspirada nas habitações coloniais britânicas da Índia, adaptada ao gosto brasileiro com varandas, telhados inclinados e planta compacta.
O projeto, registrado em uma única prancha, incluía:
- Planta do pavimento térreo, com distribuição funcional de cômodos;
- Planta de implantação, indicando a posição da edificação no terreno;
- Corte arquitetônico, revelando a altura e a estrutura do telhado;
- Fachadas frontal e lateral, desenhadas com atenção aos detalhes ornamentais típicos do período, como ripas, molduras e balaustradas.
O alvará de construção foi concedido sob o número 2971/1928, sinalizando a regularidade do empreendimento perante as autoridades municipais.
Remhardt Mathers: Um Morador Quase Esquecido
Embora o nome Remhardt Mathers figure como proprietário e destinatário do projeto, pouco se sabe sobre sua identidade. O sobrenome sugere origem estrangeira — possivelmente alemã, inglesa ou de ascendência judaica — comum entre os imigrantes que se estabeleceram em Curitiba nas décadas de 1910 e 1920, atraídos pelas oportunidades do comércio, da indústria nascente ou da agricultura periurbana.
Sua escolha por uma residência econômica indica modéstia de recursos, mas também uma aspiração à estabilidade: ter um teto próprio, em um loteamento planejado, com acesso a ruas regulares e, possivelmente, ao futuro sistema de transporte coletivo que começava a se estruturar na cidade.
O Destino da Casa: Demolida, Mas Não Apagada
Apesar de ter sido construída — como atesta o alvará e a própria existência do projeto arquivado —, a casa de Remhardt Mathers não resistiu ao tempo. Em 2012, já não existia mais. As razões exatas da demolição são desconhecidas: pode ter sido substituída por uma construção mais moderna, deteriorada pela ação do tempo ou removida em função de reurbanização.
Contudo, sua memória permanece. O projeto original, preservado em microfilme digitalizado, encontra-se no Arquivo Público Municipal de Curitiba, integrando o acervo de Gastão Chaves — um dos principais testemunhos da arquitetura residencial popular do período.
Significado Histórico
Mais do que um simples bangalô, a casa de Remhardt Mathers representa um modelo de habitação acessível que ajudou a moldar o tecido urbano de Curitiba nas primeiras décadas do século XX. Enquanto as elites construíam sobrados ecléticos no Centro, famílias como a de Mathers erguiam moradias humildes, porém dignas, nos novos bairros que se formavam ao redor — como a Vila Guayrá, Guabirotuba, Alto da Glória.
Esses bangalôs de madeira foram, por muito tempo, a face cotidiana da cidade. Embora a maioria tenha desaparecido, seu legado permanece na configuração dos lotes, na memória dos moradores mais antigos e nos arquivos que, como este, resgatam vidas comuns por meio de linhas, cotas e assinaturas em papel蓝图.
Ficha Técnica Resumida
- Proprietário: Remhardt Mathers
- Denominação inicial: Projecto para um Bungalow para o Snr. Remhardt Mathers
- Denominação atual: Residência econômica (demolida)
- Categoria: Residência
- Subcategoria: Residência Econômica
- Endereço: Vila Guayrá, Rua Nº 14, Lote 14 – Curitiba, Paraná
- Data do projeto: 30 de julho de 1928
- Alvará de construção: Nº 2971/1928
- Material construtivo: Madeira
- Área total: 49,00 m²
- Número de pavimentos: 1
- Situação em 2012: Demolido
- Documentação: Projeto arquitetônico (planta, corte, fachadas e implantação) – Acervo do Arquivo Público Municipal de Curitiba
A história da casa de Remhardt Mathers é um lembrete de que nem só os palacetes contam a história urbana. Às vezes, são os bangalôs de 49 metros quadrados — erguidos com esperança por homens quase anônimos — que revelam a alma verdadeira de uma cidade em construção.
