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sábado, 25 de fevereiro de 2023

RELEMBRANDO A PADARIA UNIVERSAL

 RELEMBRANDO A PADARIA UNIVERSAL

A história da Padaria Universal, de Curitiba, começou em 1920, bem antes de ela ser criada, quando seu fundador Alexandre Kaminski, então com 15 anos de idade, começa a trabalhar numa padaria na rua Desembargador Westphalen. Motivado com o trabalho, Alexandre, literalmente com a mão na massa, rapidamente aprendeu as manhas da panificação e, com sua capacidade de percepção, aprendeu o suficiente da administração do negócio, para aventurar-se no seu próprio.
Então, sete anos depois, em 1927, já casado, montou o seu próprio negócio, uma pequena padaria na Rua Visconde de Guarapuava, que chamou-se Kamille. Rapidamente, o empreendimento desenvolveu-se e passou a fazer sucesso, obrigando o seu Alexandre a procurar um novo local compatível com a expansão necessária a atender toda a clientela que se formara.
Então, no início da década de 1930, ele muda todas suas instalações para uma nova edificação, mais ampla, sita à Rua Carneiro Lobo nº 79, no Agua Verde, já com o nome mudado para Padaria Universal, em cujo local o negócio cresceu exponencialmente e lá funcionou por mais de 80 anos.
Naquela época, o seu filho Nelson Kaminski tinha 8 meses e cresceu em meio àquela atividade toda; com 7 anos já ajudava na limpeza, aos 9 já sabia fazer pão e aos 10 substituía funcionários quando necessário. “Entregávamos pão francês e pão d’água de carroça do Água Verde até a Rua XV de Novembro; começávamos às 17h de sábado e só acabávamos às 5h de domingo”, conta ele. “Adorava essa época”, diz, saudoso, ao lembrar de si mesmo, ainda criança, encolhido entre os pães.
Ao longo dos anos, a frota foi crescendo e chegou a 30 carroças, que depois foram substituídas por Kombis, que entregavam os mais variados tipos de mercadorias a bares, empórios e armazéns.
Já nos anos 1960, quem tocava a padaria eram ele e a esposa Maresca, com quem é casado há 60 anos. Veio da família dela, inclusive, a receita do primeiro bolo vendido na Kaminski, um rocambole de massa fofinha e recheado de doce de leite ou goiabada. Ele é vendido até hoje e a receita pouco mudou desde aquela época. “Na verdade, acho que a única mudança foi o fato de que agora a receita foi toda dosada de forma mais precisa, até pouco tempo atrás, as medidas ainda estavam todas como se usava em casa mesmo, ‘dois copos de farinha’, por exemplo”, diverte-se a neta de seu Nelson, Camila, hoje responsável pela cozinha.
Curiosamente, foi só em 1994 que a padaria passou a levar o nome "Kaminski" na fachada. Até então, o estabelecimento funcionava como "Padaria Universal", nome escolhido por Alexandre Kaminski, décadas atrás.
Em 2013 a padaria mudou de endereço pela primeira vez em 80 anos e passou a funcionar a poucos metros do endereço original, mas agora na Avenida Iguaçu. E um ano depois, foi aberto o Empório na Sete de Setembro, em um formato bem similar ao dos mercados que seu Nelson achava que ameaçariam seu negócio algumas décadas atrás.
Seu Nelson e dona Maresca tiveram dois filhos, Nelson Júnior e Cristine – o primeiro trabalhou com os pais na padaria até meados da década de 1990, quando faleceu em um acidente. Na mesma época Cristine, que até então era instrumentadora cirúrgica, passou também a trabalhar no negócio da família fazendo “de tudo um pouco”. Há mais ou menos seis anos, os dois netos do casal, filhos de Cristine, entram no barco também. Rodrigo, que é engenheiro mecânico, hoje cuida da parte administrativa e financeira, enquanto Camila, engenheira de alimentos e com formação em confeitaria e panificação, cuida do cardápio e desenvolvimento de produtos.
Seu Nelson e dona Maresca, apesar de não estarem mais à frente do negócio, seguem participando ativamente. Ele está quase todos os dias no Empório e tem um lugar cativo embaixo da árvore que fica em frente à entrada do estabelecimento, onde bate-papo com os clientes. Já ela gosta até hoje de analisar a qualidade dos produtos e, dizem os netos, liga pra puxar a orelha quando não gosta de algo.
Kaminski hoje - Atualmente, segundo Camila Kaminski, a produção de pães franceses do Empório pode chegar a até 7 mil por dia, dependendo da época – no início do ano, especialmente em janeiro e fevereiro, esse número costuma ser menor, por volta de 3 mil por dia. Quase toda produção das duas casas fica concentrada no Empório, da Sete de Setembro. É lá que são feitos também os bolos, tortas e salgados para as duas unidades – na Avenida Iguaçu, são produzidos só os pães franceses.
(Extraído de: gazetadopovo.com.br)
Paulo Grani

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Rua Carneiro Lobo, no Água Verde, quando a família Kaminski por lá chegou. Foto: acervo familiar.

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Alexandre Kaminski, o primeiro padeiro da família. (Fotos: acervo familiar)

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Projeto do imóvel que abrigou os negócios da família por mais de 80 anos. Foto: acervo familiar.

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Seu Nelson, Cristine, Camila e Rodrigo no Empório Kaminski. Foto: Letícia Akemi.