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sábado, 18 de março de 2023

Bornejo e Mirto eram dois irmãos que moravam no Batel, em Antonina. Em 12 de julho de 1967, os dois vivenciaram um momento sobrenatural, de arrepiar, inclusive, cabelo de careca.

 Bornejo e Mirto eram dois irmãos que moravam no Batel, em Antonina. Em 12 de julho de 1967, os dois vivenciaram um momento sobrenatural, de arrepiar, inclusive, cabelo de careca.


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A EXPERIÊNCIA SOBRENATURAL DE BORNEJO E MIRTO

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Bornejo e Mirto eram dois irmãos que moravam no Batel, em Antonina. Em 12 de julho de 1967, os dois vivenciaram um momento sobrenatural, de arrepiar, inclusive, cabelo de careca.

Euclides Pinheiro, conhecido como Vovô, era o pai de Bornejo e Mirto. O velho Vovô tinha uma plantação de chuchu no morro da Cruz, em Antonina, onde moravam, e diariamente colhia o fruto para seus filhos venderem na feirinha do mercado municipal.

Bornejo e Mirto estudavam durante o dia, e logo que chegavam do colégio no final da tarde, se alimentavam, tomavam banho, se arrumavam e iam para o mercado municipal vender chuchu. Eram dois rapazotes fortes e trabalhadores. Com eles não tinha tempo ruim.

Eram oito horas da noite, algo estranho rondava os ares da região do Batel. Gritos diabólicos se ouviam próximo à morada dos mortos. E foi nesse horário que Bornejo e Mirto saíram de casa caminhando pelos trilhos. Estava frio e a noite era apavorante, tão apavorante que os olhos ardiam de tanta escuridão. Bornejo ia na frente com um saco abarrotado de chuchu num braço, e no outro carregava um lampião, enquanto Mirto ia logo atrás com uma balança Filizola apoiada na cabeça. Pense no peso! Aquela balança era pesada pra mais de metro.

Sempre alegres, os dois caminhavam e assoviavam sob a luz ofuscada do lampião, quando de repente um cavalo branco passou galopando e relinchando na frente deles. Os dois se assustaram e Bornejo acabou derrubando o saco de chuchu no próprio pé.

— "Aiai... O djanho!", disse Bornejo.

Mesmo com muita dor, Bornejo prosseguiu na caminhada pelos trilhos, rumo à feirinha, que abria as oito e meia da noite.

— "O que era aquilo, Mirto?", perguntou Bonerjo.

— "Parecia um cavalo, meu mano", respondeu Mirto.

Se tinha uma coisa que deixava os irmãos com medo era assombração... E agora que estavam passando em frente ao cemitério do Bom Jesus, sequer olhavam para o lado para não serem surpreendidos por um morto pedindo chuchu. Parece brincadeira, mas era o maior dos desafios para os dois rapazes naquela caminhada. E aquela noite já estava muito estranha, era nítido que algo anormal iria acontecer. Era questão de tempo para a noite descortinar o sobrenatural que se esconde em seu bojo.

Depois que passaram do cemitério, aí sim, criaram coragem e olharam em direção às catacumbas de estilo renascentista. Da praça, viram a estação ferroviária silenciosa. Num canto da pracinha, apoiado numa árvore, a praça abrigava seu ilustre cidadão, o velho Satanás, um cachorro branco, que já passava dos dezoito. O animalzinho vivia na pracinha depois que dona Aristéfala faleceu. A pracinha era a sua UTI, e a morte era questão de dias, ou talvez o cão até já estivesse morto.

Tudo parecia estar bem, até que Mirto largou com força a balança no chão, que caiu sobre o trilho, fazendo um enorme barulho. Que infeliz ação! Não demorou um minuto, logo que os dois irmãos olharam para trás, no portão do cemitério havia dois moleques banguelos e barrigudos encarando Bornejo e Mirto. Pareciam ter acabado de acordar de um sono profundo.

Apavorados, os vendedores de chuchu saíram correndo no escuro, deixando a balança, o saco de chuchu e o lampião para trás. Mas logo foram alcançados pelo que eles chamaram de demônios, que eram os dois molequinhos montados num cavalo branco.

Tanto os moleques quanto o cavalo soltavam fogo pela boca, e quando Bornejo e Mirto não tinham mais para onde correr, gritaram por socorro. Foi então que o velho Satanás apareceu e deu sete latidos estrondosos... e foi o que bastou para aqueles moleques e o cavalo sumirem.

Um minuto após os molequinhos e o cavalo sumirem – quase nove da noite – Bornejo e Mirto escutam o som do trem e lembram que deixaram a balança, o saco de chuchu e o lampião nos trilhos. Era tarde demais...

Dez e meia da noite os dois chegam em casa assustados e de mãos vazias. Vovô se levanta da cama e pergunta o que havia acontecido – pois os irmãos estavam assustados. Ao que, Bornejo disse:

— "Papai, nós vimos três assombrações — um cavalo e dois garotos — e saímos correndo. Mas eles nos alcançaram e quando iam nos atacar o velho cão Satanás, que vive na pracinha, nos salvou, graças a Deus".

Então, muito assustado, Vovô disse:

— "Misericórdia, meus fiii, o véio Satanás morreu ontem atropelado pelo trem".

Os dois irmãos olharam um para o outro e desmaiaram ao mesmo tempo no assoalho da sala.

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— Por Jhonny Arconi