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segunda-feira, 9 de junho de 2025

ANTIGA CASA HAUER, DE SÃO MATEUS DO SUL "Bem próximo ao Rio Iguaçu em São Mateus do Sul, existe uma casa. Mas, não é uma casa qualquer.

 ANTIGA CASA HAUER, DE SÃO MATEUS DO SUL

"Bem próximo ao Rio Iguaçu em São Mateus do Sul, existe uma casa. Mas, não é uma casa qualquer.

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ANTIGA CASA HAUER, DE SÃO MATEUS DO SUL
"Bem próximo ao Rio Iguaçu em São Mateus do Sul, existe uma casa. Mas, não é uma casa qualquer. Tendo como primeiro endereço a antiga Rua do Porto (atual Barao do Rio Branco), essa casa possuía uma localização estratégica na época da navegação a vapor, principalmente para o comércio com a erva-mate.
Exemplar raro da arquitetura em madeira que sobrevive aos dias de hoje, foi tombada pelo Patrimônio Cultural de S.M. do Sul, em 1994. Sua história está intimamente ligada com a dos moradores e com as atividades da erva-mate da cidade.
A casa que tem aproximadamente cento e trinta anos, foi construída para ser um estabelecimento comercial. Foi a família Hauer quem primeiro estabeleceu um ponto de compra e venda de mercadorias naquele local. Possuindo artigos variados, tinha no comércio da erva-mate, seu objetivo principal. Depois passou para a família Burmester que também comercializava erva-mate. Naquela época, as empresas eram comandadas por famílias. Em seguida, instalou-se nela uma filial da empresa H. Jordan S/A, de Henrique Jordan, cuja matriz era em Joinville, cuja principal atividade era o beneficiamento e a exportação de erva-mate.
Na década de 1920, a empresa Leão Júnior & CIA. S.A. iniciou seus negócios em São Mateus do Sul, funcionando nessa casa sua filial, além da fazenda de ervais, serraria, laminadora, armazéns, depósitos e vapores.
No verso da foto, consta a data de 1907, de autoria desconhecida. Muitas pessoas estão reunidas em frente ao estabelecimento. Interessante chamar a atenção para o fato que são todos homens, pois nessa época as mulheres ocupavam papéis sociais mais restritos ao ambiente familiar. Aparecem carroças, principal meio de transporte das mercadorias que chegavam e saiam do porto. Alguns cavalos descansam ao lado da casa, nos lembrando como era um dos meios de locomoção da época. As árvores plantadas em frente à casa, estão protegidas com uma cerca ornamental. A placa no alto do estabelecimento com o nome “Hauer e Cia”, chama a atenção.
A casa está localizada em um outeiro e antigamente sua frente comercial estava voltada para a margem do rio. A casa passou por mudanças no decorrer do tempo, o atual proprietário foi quem nos passou as informações sobre a parte interna e sobre algumas das atividades as quais ela esteve ligada.
A fotografia dessa casa é uma memória visual dos tempos da erva-mate em São Mateus do Sul. Visitando a casa nos dias de hoje, ela apresenta uma interessante arquitetura em madeira, com influência europeia, que nos conta detalhes curiosos da sua construção. A casa, atualmente, possui dois pavimentos com 16 peças. As tábuas das paredes são de araucária e imbuia e o vigamento todo de imbuia. Na parte lateral nos fundos da casa, aparece uma marca na parede de uma antiga porta que aparece nessa fotografia. O assoalho é muito antigo, composto de tábuas assentadas lado a lado, original em imbuia. O forro em araucária apresenta um encaixe perfeito que já foi padrão nas casas paranaenses. A porta principal, portas internas e as janelas (com vidraças), os lambrequins (uma parte), são originais do início da construção.
Em muitas casas de madeira, da mesma época, observa-se a varanda feita em tábuas de imbuia, como um elemento da arquitetura luso-brasileira e, anda, lambrequins, que ficaram famosos no final do século 19, os quais deram um charme especial a essas moradias. Elaborados são os encaixes na madeira da porta principal, nas colunas da varanda e no assoalho, criatividade e solução de exímios carpinteiros para os desafios das construções da época.
A cozinha se diferenciou daquela da arquitetura luso-brasileira que destinava essa área da casa aos escravos e, então, começou a fazer parte do cotidiano da família. Um fato curioso sobre isso é que a a cozinha tornou-se um lugar privilegiado, onde o imigrante e o morador primitivo herdaram o costume, por exemplo, de tomar o chimarrão ao redor do fogão.
A fotografia da época nos motiva a passar por aquele lugar e pensar. Quantas pessoas, quantas conversas, quantos negócios! Concordo plenamente com as palavras do personagem mais famoso do escritor Bram Stocker, quando se referiu às velhas moradias: “Eu prefiro as casas antigas, pois suas paredes guardam muitas histórias.”
(Adaptado de: prefeiturasms.com.br / texto original de Hilda Jocele Digner)
Paulo Grani