terça-feira, 24 de maio de 2022

BALAS ZEQUINHA, QUEM LEMBRA ? Em 2006, li na Gazeta do Povo que estavam convocando a população para tentar reunir o conjunto das figurinhas da "Bala Zequinha".

 BALAS ZEQUINHA, QUEM LEMBRA ?
Em 2006, li na Gazeta do Povo que estavam convocando a população para tentar reunir o conjunto das figurinhas da "Bala Zequinha".


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Pode ser uma imagem de texto que diz "PREMIADAS BALAS A BRANDINA IF 1 ድጌ፣ "N ERO Od TELEFONE ZÉQUINHA Pescando IRMÃOS FRANCESCHI Rua Nunes Machado, 300 Curitiba Parand N.3 3"
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Pode ser uma imagem de texto que diz "PREMIADAS BALAS ZÉQUINHA A A BRANDINA HH4 z LECE မလဉ ZÉQUINHA Palhago Pa IRMÃOS FRANCESCHI Rửa Nupes Machado, 300 Carltiba- Parand N. N.20 20"
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BALAS ZEQUINHA, QUEM LEMBRA ?
Em 2006, li na Gazeta do Povo que estavam convocando a população para tentar reunir o conjunto das figurinhas da "Bala Zequinha". Entusiasmado, entrei em contato com o responsável e descobri que era um dos projetos aprovados pela Fundação Cultural de Curitiba, pretendendo resgatar a história desse fenômeno que contagiou a criançada paranaense por mais de quarenta anos.
O autor do projeto era o Carlos Henrique Túlio, o qual informou-me estar reunindo as figurinhas que pudesse encontrar para tentar formar a coleção, porém, disse que estava difícil. Então, prontamente, disse-lhe: "Tenho a coleção completa, dos 200 personagens, zerada.". Foi um alívio ao grupo. Dias depois reuni-me com ele e demais integrantes do projeto e ajudei a resgatar um pedaço da história do Paraná.
Paulo Grani
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Adiante, texto transcrito da Folha de Londrina (04/07/2007):
" Careca, a boca enorme desenhada pela maquiagem, gola alta, gravata borboleta, sapatos tipo lancha com os bicos virados para cima. É o palhaço Zequinha, personagem criado em 1929 para servir de papel de bala, com o simples objetivo de aumentar as vendas da fábrica "A Brandina", que distribuía seu produto pelo Paraná. Pois Zequinha acabou virando mania. Assim que saiu, a criançada começou a fazer coleção das figurinhas e a inventar brincadeiras com elas. Não importava a bala, as crianças queriam a figurinha. E o apego pelo palhaço foi tanto, que coube a Zequinha continuar embrulhando balas por mais 40 anos, sempre como centro de diversões para a criançada.
Gerações de crianças que viveram entre as décadas de 1930 e 1960 lembram bem como era essa mania. ‘‘Era uma febre, todo mundo fazia coleção. Mas era difícil comprar, os pais não tinham dinheiro. Com 1 cruzeiro dava dez balas’’, recorda o contabilista Divanzir Chiminacio, de 52 anos, que lembra, ainda, das sessões de ‘‘bafo’’ no colégio das irmãs no bairro Umbará, em Curitiba, onde estudava na década de 60. ‘‘O que sobrava, as figurinhas duplas, a gente casava no bafo. Jogava até dez figuras por uma figurinha difícil’’, diz.
A empresária Maria Elisa Paciornik, de 61 anos, ex-secretária de Administração no governo de Jaime Lerner, conta que a mania não ficou restrita ao universo dos guris. As comportadas meninas do Colégio Sion, onde estudava, também aderiram à moda. ‘‘Eu não ia para a frente dos cinemas trocar figurinhas porque não se usava, na época, meninas fazerem isso, mas no recreio nós jogávamos bafo’’, conta. Bafo, para quem não sabe, é um jogo de criança. Em um mesmo monte, cada adversário coloca sua figurinha com a face do desenho voltada para baixo; aquele que bater nas figurinhas com a palma para baixo e conseguir virá-las, ganhava todas as figurinhas. Nesse jogo, era comum a habilidade manual receber uma pequena ajuda de uma cuspida na palma da mão, escondida do adversário, é claro.
Já ‘‘figurinha difícil’’, como explica o escritor e jornalista Valêncio Xavier, autor de ‘‘Desembrulhando as Balas Zequinha’’, primeiro livro de memórias editado pela Casa Romário Martins, era como se chamavam as figuras de menor tiragem. A criança que encontrasse uma dessas figurinhas podia trocá-la por cinco, 10, 20 ou até mais figurinhas fáceis. E, assim, aumentar seu monte para mais jogo de bafo.
‘‘'Tinha uma mesa grande na fábrica, onde os operários faziam vários montes com as balas. Daí meus avôs chegavam com as difíceis e as premiadas e distribuíam nos montes’’', diz Wilson Sobânia, contando uma das muitas histórias repassadas em sua família, fundadora da fábrica que fazia as balas Zequinha. Os prêmios, aliás, eram outro atrativo importante. Bolas de futebol, bonecas, lanternas elétricas, porta-níqueis e o prêmio máximo, a bicicleta, eram entregues a quem completasse os 200 números ou descobrisse as figuras carimbadas no verso.
Outro jogo comum era o ‘‘Tique’’, que consistia em ‘‘casar’’ as figuras perto de um muro. Cada menino jogava uma moeda na parede, e aquele cuja moeda repicasse mais perto das figurinhas do adversário, ganhava as figuras. ‘‘Era uma época em que a gente criava os brinquedos. Tinha várias épocas na infância: Da bola de búrico, de empinar pipa, jogar pião e das figurinhas’’, diz Divanzir, que hoje é dono de uma invejável coleção de Zequinha.
O interessante é que em 40 anos nunca se pensou em um álbum para colocar as figurinhas. Nem foi necessário. A criançada curitibana tratou de inventar sua própria versão. Era uma carteirinha, feita de dois pedaços de papelão ou cartolina, um pouco maiores do que as figuras, que tinham o formato de 5x7, presos entre si por três tiras de pano ou três elásticos. Além de servirem para guardar as figurinhas sem amassar, essas caretirinhas faziam um ‘‘truque’’ de passá-las de um lado para o outro."
Paulo Grani

A CASA ONDE NASCERAM AS "BALAS ZEQUINHA" "Em meio aos prédios do Centro de Curitiba, um imóvel dividido em dois chama a atenção pela arquitetura residencial. Como um espelho, a casa no número 304 da Rua Nunes Machado

 A CASA ONDE NASCERAM AS "BALAS ZEQUINHA"
"Em meio aos prédios do Centro de Curitiba, um imóvel dividido em dois chama a atenção pela arquitetura residencial. Como um espelho, a casa no número 304 da Rua Nunes Machado


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Tudo começou aqui, na Rua Nunes Machado nº 304 onde os Irmãos Sobania fabricavam balas e chocolates; depois, as Balas Zequinha.

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Lata em que as balas eram condicionadas em até 100 kg. O formato teve por influência as barricas usadas para acondicionamento da erva-mate, quando Curitiba era o maior produtor da América Latina, nos anos 1920.

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Zequinha Grande Gala, personagem retratou o estilo de vestir-se da elite curitibana, nos anos 1920.

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Zequinha Gol-kiper, termo inglês fielmente usado pelos curitibanos na época, para "goleiro ".

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"Zequinha Distribuindo", segundo depoimento de familiares dos Sobania, era colocada uma a cada tonelada de balas para poder custear os prêmios.

A CASA ONDE NASCERAM AS "BALAS ZEQUINHA"
"Em meio aos prédios do Centro de Curitiba, um imóvel dividido em dois chama a atenção pela arquitetura residencial. Como um espelho, a casa no número 304 da Rua Nunes Machado se reflete nos mínimos detalhes, da ornamentação da fachada às bow-windows – janelas projetadas para frente, quase como sacadas. [...].
Nos anos 1920, a casa abrigava a fábrica de doces A Brandina, responsável pelas balas Zequinha, o versátil palhaço protagonista das figurinhas que embalavam os quitutes. O local pode não dar pistas de sua antiga vocação, mas as pessoas que fazem parte de seu cotidiano, sim. Funcionários e frequentadores sabem por alto que ali era a morada das famosas balas. [...]
As figurinhas eram desenhadas e impressas na Impressora Paranaense, com a criação do personagem e dos desenhos por Alberto Thiele e Paulo Carlos Rohrbach. As balas eram embaladas manualmente na própria figurinha, guardadas e vendidas aos comerciantes em latas com formato de barrica, provavelmente em referência ao transporte de erva mate, de acordo com Sobania.
Não demorou para que se tornasse febre entre os pequenos curitibanos, que podiam até dispensar a bala em si, mas jamais a figurinha. Se criou uma cultura sadia, de luta para conseguir as figurinhas consideradas difíceis e dos jogos de bafo em frente às casas.
Com os anos, outras famílias assumiram a produção e os direitos das balas. Até 1967, ano em que parou de ser produzida, a patente passou pelos irmãos Franceschi, Gabardo e Massocheto e por fim para Zigmundo Zavadski. Apesar das reimpressões por quase 40 anos, as atividades que Zequinha fazia nas 200 ilustrações e as características dos desenhos continuaram as mesmas. Apenas mais tarde, em 1979, o personagem foi retomado pelo Governo do Estado sem as balas, criando um álbum com novos desenhos para uma campanha de arrecadação, em que as notas fiscais eram trocadas por figurinhas. [...]".
(Compilado da Gazeta do Povo)
Paulo Grani.

OS TEMAS DAS BALAS ZEQUINHA Quase todos sabem que as figurinhas das Balas Zequinha eram desenhadas e impressas na Impressora Paranaense, com a criação do personagem e dos desenhos feitos por Alberto Thiele até o nº 50 e, por Paulo Carlos Rohrbach do nº 51 ao 200.

 OS TEMAS DAS BALAS ZEQUINHA
Quase todos sabem que as figurinhas das Balas Zequinha eram desenhadas e impressas na Impressora Paranaense, com a criação do personagem e dos desenhos feitos por Alberto Thiele até o nº 50 e, por Paulo Carlos Rohrbach do nº 51 ao 200.


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Indiscutíveis semelhanças do carrinho e, até, o gorro do sorveteiro, em foto de 1908.
Foto: Acervo Cid Destefani.

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Zequinha Sorveteiro.

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O Amolador da Praça Tiradentes, em 1912. Nota-se até a semelança do chapéu dele no desenho do Zequinha.
Foto: João Groff

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Zequinha Amolador.

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Era costume do "Chaufeur" Curitibano usar um quepe que identificava o profissional do volante, além do terno impecável. (Foto de 1930).
Foto: Acervo Dado Lupion.

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Na Curitiba das quatro estações em um dia, até Zequinha para passe(i)ar tinha que sair com um guarda-chuva.
Foto: Synval Stocchero.

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Zequinha "Passeiando" (passeando), na chuva. Só podia ser em Curitiba.

OS TEMAS DAS BALAS ZEQUINHA
Quase todos sabem que as figurinhas das Balas Zequinha eram desenhadas e impressas na Impressora Paranaense, com a criação do personagem e dos desenhos feitos por Alberto Thiele até o nº 50 e, por Paulo Carlos Rohrbach do nº 51 ao 200.
Também sabem que a criação do personagem Zequinha teve por base as figurinhas do Palhaço Piolin, lançadas em São Paulo pouco tempo antes.
Quando Francisco Sobania decidiu lançar algo semelhante, encomendou à Thiele a criação do Zequinha que, também, deveria ter alguma indumentária que o identificasse como um palhaço, um personagem amado pelas crianças, cujas figuras representassem profissões e comportamentos das pessoas.
Foi que, tanto Thiele quanto Rohrbach, cada um a seu tempo, puseram-se a buscar Idéias tomando por base o cotidiano de Curitiba, naquela momento, e, também,algumas referências de literaturas.
Ao comparar as cenas criadas em cada situação percebe-se a indiscutível semelhança do cotidiano dos trabalhadores e aspectos da Curitiba daquela época. Vejamos, alguns exemplos, dentre tantos outros: Zequinha Sorveteiro, Zequinha Amolador, Zequinha Chaufeur, Zequinha Passe(i)ando (na chuva).
Paulo Grani.

AS FESTAS ALEMÃS DE CURITIBA ANTIGAMENTE Texto publicado no Jornal curitibano Diário da Tarde, de 28/01/1904:

 AS FESTAS ALEMÃS DE CURITIBA ANTIGAMENTE
Texto publicado no Jornal curitibano Diário da Tarde, de 28/01/1904:


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Trajados rigorosamente com os costumes alemães, a família de Gotlieb Mueller dirige-se à uma festa da comunidade, década de 1920.
Foto: Acervo Paulo José Costa)

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Descendentes dos primeiros imigrantes alemães de Curitiba, comemoram a Ocktober Fest pelas ruas do centro histórico da cidade.
Foto: Curitiba.pr.gov.br

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"[...] O louro, o invencivel louro, dominando afinal por toda parte, parece que há, no alto, um novo Jove a despenhar-se outra vez transformado em chuva de ouro em pó...", já não é tão brilhante dada a miscigenação natural ocorrida com poloneses, italianos, portugueses e outras etnias do caldeirão curitibano.
Foto: Curitiba.pr.gov.br

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"[...] Não há, então, povo mais expansivo, mais risonhamente gentil e franco. Eis porque são encantadoras as suas festas, infallivelmente regadas com amazonas de cerveja de espumas claras ..."
Foto: curitiba.pr.gov.br

AS FESTAS ALEMÃS DE CURITIBA ANTIGAMENTE
Texto publicado no Jornal curitibano Diário da Tarde, de 28/01/1904:
"As festas allemans, alem de outros, tem este encanto: são barulhentas como seiscentos. Cinco germanicos, rubios e ruivos, reunidos em palestra, fazem uma algazarra só comparavel a de um grupo papagueante de moças, discreteando sobre a serigaitice das amigas ausentes.
Ora contrariando muitas opiniões - inclusive a de Gautier que pelos modos era avesso ao ruido á vista de sua sentença sobre musica, - julgamos uma delicia o movimento, a vozeria, o phrenesi, a confusão, a alacridade, a balburdia, emfim. Ao menos isto tudo quer dizer febre, quer dizer vida, felicidade. Os allemães, sob esta face, são incomparaveis: quando se resolvem a regabofes, atiram, no que fazem muito bem, para as costas todos os pezares e toda a tradicional sisudez.
Não há, então, povo mais expansivo, mais risonhamente gentil e franco. Eis porque são encantadoras as suas festas, infallivelmente regadas com amazonas de cerveja de espumas claras e adubadas com sandwiches e todas a casta de comezainas frias, saborosas a valer.
De resto ha nesses esplendidos festivaes, uma nota loura cantando, victoriosa: as cabelleiras flavas despedem extranhas fulgurações, apotheosando os perfis femininos.
O louro, o invencivel louro, dominando afinal por toda parte, parece que há, no alto, um novo Jove a despenhar-se outra vez transformado em chuva de ouro em pó..."
Paulo Grani

Morávamos na Rua Joseph Pereira Quevedo, nas Mercês, eu tinha quatro anos de idade, era o ano de 1959, e lembro-me de minha mãe que, logo ao acordarmos, abria a porta da sala e pegava uma gradinha com algumas garrafas de vidro, cheias de leite fresquinho que ali estava, colocada no primeiro degrau.

Morávamos na Rua Joseph Pereira Quevedo, nas Mercês, eu tinha quatro anos de idade, era o ano de 1959, e lembro-me de minha mãe que, logo ao acordarmos, abria a porta da sala e pegava uma gradinha com algumas garrafas de vidro, cheias de leite fresquinho que ali estava, colocada no primeiro degrau.


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ESTAVA A LEMBRAR DO LEITEIRO
Morávamos na Rua Joseph Pereira Quevedo, nas Mercês, eu tinha quatro anos de idade, era o ano de 1959, e lembro-me de minha mãe que, logo ao acordarmos, abria a porta da sala e pegava uma gradinha com algumas garrafas de vidro, cheias de leite fresquinho que ali estava, colocada no primeiro degrau.
Criança, não preocupava-me como aquele leite tinha chegado ali, logo cedinho, mas, no começo do mês, ouvia ela dizer ao nosso pai que, tal dia, precisava pagar o leiteiro.
Era um serviço que funcionava com absoluta pontualidade e assiduidade, como um relógio suíço. Fornecedor e consumidor, ambos satisfeitos com uma rotina que se cumpria sem contrato, sem assinatura, sem aval, sem cláusulas. Algo tão natural, cada um sabia seu papel. Era uma sociedade de outros tempos.
Quase não via o leiteiro chegar pois ele depositava o leite bem antes de acordarmos mas, de vez em quando, via ele passar conduzindo seu cavalo e charretinha, após ter feito suas entregas na redondeza. Sempre feliz, sorridente, mostrava no rosto a satisfação de um dever cumprido.
Desta maneira, tínhamos em nossas mesas o leite fresco diáriamente, entregue de porta em porta, por um profissional conhecido simplesmente como “o leiteiro”.
Assim, nós curitibanos recebíamos o leite, sem sequer termos ouvido falar em pasteurização, distribuído por cerca de quatrocentos "leiteiros", segundo disse Rubens de Mello Braga, presidente do Sindicato dos Leiteiros de Curitiba, naquela época.
Paulo Grani

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Nos anos 1980, trabalhava no Colégio Camões da André de Barros e, volta-e-meia, diretoria e professores costumávamos terminar a noite comendo um suculento churrasco ou outro prato clássico no "Bar Palácio", quando ainda era na Barão, um point da Curitiba Antiga que ainda persiste servindo seus tradicionais pratos.

 Nos anos 1980, trabalhava no Colégio Camões da André de Barros e, volta-e-meia, diretoria e professores costumávamos terminar a noite comendo um suculento churrasco ou outro prato clássico no "Bar Palácio", quando ainda era na Barão, um point da Curitiba Antiga que ainda persiste servindo seus tradicionais pratos.


Pode ser uma imagem de texto que diz "GOUPRASCO PALAGO Só AQUI É QUE SE SABOREIA OVERDADEIRO CHURRASCO NA GRELHA E 0 FRANGO CABRITOELEITÃO ASSADO NO ESPECTO GIRATORIO"
Quase centenária placa "Ao Churrasco Palácio ...", e seus lendários assadores e garçons.

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Neon indicativo, hoje instalado na Rua Andre de Barros, 500.

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A grelha com altura regulável somada à granulação do carvão, propiciam um churrasco assado em tempo recorde.mm

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O "Mineiro com botas", o arremate imperdível.

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RELEMBRANDO O INESQUECÍVEL BAR PALÁCIO
Nos anos 1980, trabalhava no Colégio Camões da André de Barros e, volta-e-meia, diretoria e professores costumávamos terminar a noite comendo um suculento churrasco ou outro prato clássico no "Bar Palácio", quando ainda era na Barão, um point da Curitiba Antiga que ainda persiste servindo seus tradicionais pratos.
Pesquisei, pesquisei e gostaria de compartilhar com todos esta pérola:
"O Bar Palácio, inaugurado em 1930, é considerado um dos restaurantes mais antigos e tradicionais de Curitiba. Prova disso é que existem livros e até dissertação de mestrado sobre o lugar. Impressionante, não? Durante muitos anos ele funcionou até às 7h30 da manhã, por isso era comum encontrar senhoras e senhores muito bem arrumados vindos de teatros e outras festividades, sentados ao lado de pessoas comuns que trabalhavam à noite.
Falou-se que, durante muito tempo, só entravam mulheres acompanhadas por homens; para evitar que o restaurante fosse frequentado por moças de "vida fácil", que queriam entrar no bar por motivos não-gastronômicos. Em 1984 um grupo de feministas baixou lá com imprensa e polícia motivadas por esse folclore. Resultado: um processo que foi ganho pelo Bar e ampla divulgação nos meios de comunicação, o que fez que todas as mulheres da cidade tivessem curiosidade em conhecer o local.
Até pareceu jogada de marketing, mas não foi. Confesso, que eu mesma, fui a primeira vez em 1989, muito curiosa por essa história. Desde essa época sou frequentadora assídua e entusiasmada.
O local é bem simples e boêmio, com um estreito salão, com mesas de fórmica e sem toalhas. Como decoração, muitas fotos, recortes de jornal e prêmios. É acolhedor e despretensioso como a casa de um familiar querido e idoso.
As atividades são iniciadas com uma salada de cebolas, farofa, cerveja bem gelada e uma latinha de azeite. As opções de vinhos, infelizmente, são poucas e caras.
Enquanto isso, o churrasco paranaense fica assando na churrasqueira, bem a altura dos nossos olhos. Sim, você vai sair de lá cheirando carne, mas sairá feliz! Churrasco temperado com sal, vinagre, água e muito alho. Veja que poético o texto que descreve a iguaria no livro O folclórico Bar Palácio: "O churrasco paranaense, que dificilmente alguém faz igual, entra e desce com tranquilidade, redondinho, não se sabe até hoje se por causa do gosto do prato ou da fome de quem o come naquele momento. De qualquer forma era digerido a ponto de ser lembrado igual em todo o momento parecido ou congênere, ao luar ou ao sereno das madrugadas mais sutis.".
E aqui o resultado desse suculento T-bone. Também pedimos um frango ensopado. Mas o cardápio é extenso, umas 100 opções, em 23 anos ainda não cheguei nem na metade...
E a melhor farofa com ovo que existe na Via Láctea. Juro que não é exagero... Embora tudo que tenha ovo já dispara no meu conceito.
E encerrando os trabalhos da noite não é necessário pensar muito a respeito, basta pedir a sobremesa que vem pegando fogo: o Mineiro com Botas.
Explicações necessárias: panqueca feita com 2 ovos, 2 bananas, 50g de queijo e 50g de goiabada. Serve 3 pessoas com folga. É coberto com açúcar e flambado ao rum. Afinal comemos com os olhos também! Lindo! E não comer o Mineiro, ops, é como ir a Roma e não ver o Papa.
E depois de toda a comilança, a sensação de aconchego e segurança, afinal são 83 anos de história."
Endereço atual: Rua André de Barros, 500, quase esquina com Barão do Rio Branco.
(Texto de Fernanda Garcia, em: destemperados.clicrbs.com.br)
Paulo Grani

domingo, 22 de maio de 2022

Dias atrás, alguém perguntou-me por quê aquele movelzinho que fica ao lado da cabeceira da cama chama-se "criado-mudo". Surpreendi-me com a profundidade do questionamento pois, desde criança, ouvia meus pais e os mais velhos usando o termo "criado-mudo" para falar de tal móvel e, nunca tinha ouvido qualquer professor ou outros eruditos falarem sobre a palavra.

 Dias atrás, alguém perguntou-me por quê aquele movelzinho que fica ao lado da cabeceira da cama chama-se "criado-mudo". Surpreendi-me com a profundidade do questionamento pois, desde criança, ouvia meus pais e os mais velhos usando o termo "criado-mudo" para falar de tal móvel e, nunca tinha ouvido qualquer professor ou outros eruditos falarem sobre a palavra.


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O VERDADEIRO SUGNIFICADO DA PALAVRA "CRIADO-MUDO"
Dias atrás, alguém perguntou-me por quê aquele movelzinho que fica ao lado da cabeceira da cama chama-se "criado-mudo". Surpreendi-me com a profundidade do questionamento pois, desde criança, ouvia meus pais e os mais velhos usando o termo "criado-mudo" para falar de tal móvel e, nunca tinha ouvido qualquer professor ou outros eruditos falarem sobre a palavra.
É claro que as enciclopédias e dicionários, costumeiramente, citam com detalhes a historicidade das origens dos termos, de modo que, tais compêndios trazem ao presente narrativas que explicam o uso de determinada palavra, nos mostrando sua melhor aplicação, significância e origem.
No Diccionario Brazileiro da Língua Portugueza, de Antônio Joaquim de Macedo Soares, publicado em 1889, o termo surge como sinónimo de "bidé" e "velador", descrito como "móvel de quarto de dormir, colocado ao pé da cama, e sobre o qual se coloca o castiçal com a vela, a caixa de fósforos, o copo de água, etc.; tem (tinha) tampo de mármore , gavetinha, e duas prateleiras com porta onde se guardam urinóis".
Explicação perfeita da utilidade do móvel, dado que na época não havia energia elétrica e, a maioria das casas, não tinha banheiro em seu interior: A vela, os fósforos e o urinol eram ítens que deviam ficar bem próximos da cama, caso o sono fosse interrompido por sentimento de "fazer as necessidades".
Complementando, a Encyclopaedia Britânica (edição 1911), cita que na Inglaterra os móveis criados-mudos eram chamados "dumbwaiter", tiveram origem no final do século 18 e que, na língua inglesa, essa palavra aparece desde 1749. Portanto, tal enciclopédia nos ajuda a descobrir sua história e utilidade e que, tais móveis existem há, pelo menos, 270 anos. Portanto, não é um móvel cujo nome possa ser associado com a escravidão brasileira, muito menos com pessoas da cor negra.
Antes de traduzir uma palavra estanquemente, é preciso conhecer suas aplicações. A palavra "criado", naquela época, era usada para indicar a existência de crianças que eram adotadas para serem "criadas" por famílias mais abastadas e, portanto, eram chamadas criados; cresciam e eram criadas naquele lar, executando serviços domésticos de limpeza e ajuda na cozinha, muitas recebiam estudos e eram até registradas com o sobrenome da família. Era muito comum, também, uma família adotar uma ou mais crianças de parentes, devido ao estado de pobreza da outra família, as quais também eram chamadas de "criadas, criados". Também, havia casos em que pessoas adultas, desprovidas de recursos, buscavam ajuda dos mais abastados e também eram recebidos como "criados", esses trabalhavam em serviços mais pesados, cortando lenhas, plantando, tirando leite de vacas, etc.
No dicionário Oxford, encontramos a tradução do termo inglês "dumbwaiter": "nome dado a uma mesa auxiliar de serviço; pequena mesa portátil", etc. No inglês americano, a palavra dumbwaiter, derivada pela junção de “dumb” (mudo), e "waiter" (mordomo). Ou seja, mordomo mudo, criado mudo.
Não precisa muito esforço mental para entender que o móvel recebeu esse nome por ser comparado a um "criado", pois estava ali aparando todos aqueles itens, sem se cansar. O móvel, por sua vez, trouxe um segundo grande benefício: era "mudo", não reclamava, não replicava, não saía quebrando o silêncio daqueles momentos íntimos da noite. Imaginem um criado boca-aberta, relatando a terceiros: "fulano acordou-me noite passada para levar vela e penico para ele".
(Fotos: pinterest e internet)
Paulo Grani