Morávamos na Rua Joseph Pereira Quevedo, nas Mercês, eu tinha quatro anos de idade, era o ano de 1959, e lembro-me de minha mãe que, logo ao acordarmos, abria a porta da sala e pegava uma gradinha com algumas garrafas de vidro, cheias de leite fresquinho que ali estava, colocada no primeiro degrau.
ESTAVA A LEMBRAR DO LEITEIRO
Morávamos na Rua Joseph Pereira Quevedo, nas Mercês, eu tinha quatro anos de idade, era o ano de 1959, e lembro-me de minha mãe que, logo ao acordarmos, abria a porta da sala e pegava uma gradinha com algumas garrafas de vidro, cheias de leite fresquinho que ali estava, colocada no primeiro degrau.
Criança, não preocupava-me como aquele leite tinha chegado ali, logo cedinho, mas, no começo do mês, ouvia ela dizer ao nosso pai que, tal dia, precisava pagar o leiteiro.
Era um serviço que funcionava com absoluta pontualidade e assiduidade, como um relógio suíço. Fornecedor e consumidor, ambos satisfeitos com uma rotina que se cumpria sem contrato, sem assinatura, sem aval, sem cláusulas. Algo tão natural, cada um sabia seu papel. Era uma sociedade de outros tempos.
Quase não via o leiteiro chegar pois ele depositava o leite bem antes de acordarmos mas, de vez em quando, via ele passar conduzindo seu cavalo e charretinha, após ter feito suas entregas na redondeza. Sempre feliz, sorridente, mostrava no rosto a satisfação de um dever cumprido.
Desta maneira, tínhamos em nossas mesas o leite fresco diáriamente, entregue de porta em porta, por um profissional conhecido simplesmente como “o leiteiro”.
Assim, nós curitibanos recebíamos o leite, sem sequer termos ouvido falar em pasteurização, distribuído por cerca de quatrocentos "leiteiros", segundo disse Rubens de Mello Braga, presidente do Sindicato dos Leiteiros de Curitiba, naquela época.
Paulo Grani
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