quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Almirante Tamandaré – Oratório de São Carlos Borromeo

 

Almirante Tamandaré – Oratório de São Carlos Borromeo


O Oratório de São Carlos Borromeo, em Almirante Tamandaré – PR, foi construído em 1939 próxima à Igreja de São Francisco Xavério, na Colônia Gabriela.

CPC – Coordenação do Patrimônio Cultural
Nome Atribuído: Oratório de São Carlos Borromeo
Localização: Rua das Laranjeiras, nº 60 – Colônia Gabriela – Taboão – Almirante Tamandaré-PR
Outros Nomes: Oratório da Estrada da Cachoeira
Número do Processo: 71/79
Livro do Tombo: Inscr. Nº 70-II, de 13/03/1979

Descrição: Se nos reportarmos à Baixa Idade Média européia, temos que pensar num mundo agrícola regido pelo ritmo das estações, pelos dias santos, pelas badaladas das Igrejas que informavam com seus dobres os acontecimentos importantes e pelas seguidas procissões que pediam desde chuva até a saúde do soberano ou agradeciam por um milagre. Os passos das procissões eram pequenos oratórios, cruzes e uma vasta iconografia religiosa edificada em cada local de parada para descanso e orações. Pequenos oratórios e capelas dedicadas a este ou àquele santo também faziam parte desta iconografia e se tornavam locais de romarias ligadas a um determinado santo e milagre. Mesmo com o advento do mundo capitalista as milenares tradições de um mundo rural cíclico e religioso perduraram como arrasto histórico para os camponeses.
Os imigrantes que vieram para as colônias em volta de Curitiba trouxeram consigo uma forte religiosidade que tornava a igreja o centro social de cada comunidade. As pequenas capelas, os oratórios e “passos” de procissões distribuídos ao longo dos caminhos marcavam os pontos altos de devoção onde as procissões paravam para cultuar um santo ou uma estação da Via Sacra de Cristo.
O Oratório de São Carlos Borromeo foi construído em 1939 numa encruzilhada próxima à Igreja de São Francisco Xavério, na Colônia Gabriela. Quem sugeriu a construção do Oratório aos colonos foi o Padre Natal para que desta maneira agradecessem o fim de uma praga de gafanhotos que nos dois anos anteriores tinham dizimado as lavouras.
Segundo o testemunho do Sr. David Gasparim, o padre fez uma procissão da igreja até a encruzilhada, garantindo que se o povo rezasse com fé os gafanhotos iriam embora. A plantação estava tão carregada de gafanhotos que os galhos pendiam. Ao fim da cerimônia, a nuvem de gafanhotos se foi de uma vez só. O padre, então, pediu ao irmão de David, Primo Gasparim e a Angelo Girardello que fizessem um oratório consagrado a São Carlos, Bom Jesus e à Virgem Maria. Quem deu a ideia ao padre foi um pedreiro de nome Martin Rolenski que também forneceu o projeto.
Fonte: CPC.

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Antonina – Igreja Nossa Senhora do Pilar

 

Antonina – Igreja Nossa Senhora do Pilar


Desde o início do século XVIII, a Vila de Antonina-PR está intimamente ligada com a Capela de Nossa Senhora do Pilar.

CPC – Coordenação do Patrimônio Cultural
Nome Atribuído: Igreja Nossa Senhora do Pilar
Localização: Praça Coronel Macedo – Centro – Antonina/PR
Número do Processo: 01/95
Livro do Tombo: Inscr. Nº 122-II, de 08/11/1999

Descrição: Desde o início do século XVIII, a Vila de Antonina está intimamente ligada com a Capela de Nossa Senhora do Pilar. O culto a esta deve-se, segundo a tradição, pela devoção de três irmãs as quais celebravam terços e rezas à Nossa Senhora do Pilar, festejada todos os anos no dia 15 de agosto, reunindo mineiros, faiscadores e lavradores das regiões vizinhas ao sítio da Graciosa.
“O sargento tomou parte neste culto, alistando-se entre os devotos; e projectou, desde logo, erigir uma capela, onde fosse venerada, com maior decencia, a padroeira do bairro, concertando o templo. Eram 60 os moradores das vizinhanças, inclusive os dos cubatões dos Treis Morretes; e todos, de boa vontade, prometiam ajudar ao senhor do sitio da Graciosa em seu empenho.” (1)
Assim o empreendimento, pela edificação da Capela, como também os resultados que traria para uma futura vila, foi por Valle Porto.
“(…) a tenacidade do Sargento-mor (…) ia removendo todos os obstáculos e contribuições para perpetuar a sua meritoria obra na fundação de uma nova Freguesia.” (2)
Manoel Valle Porto obteve a provisão de licença para a construção da capela com o bispo do Rio de Janeiro, D. Francisco de São Jeronymo, a 12 de setembro de 1714. Com a Capela-mor pronta, inaugurada em 11 de junho de 1715, seriam necessárias outras providências como a criação do Curato. São feitas as solicitações pelo Sargento-mor e pelos moradores para o vigário de Paranaguá, Pe. Pedro da Silva Pereira, e também para o bispo que atende a solicitação do cura, e ao mesmo tempo, baixa a provisão que cria a Freguesia de Nossa Senhora do Pilar, em 2 de maio de 1719. (3)
A conclusão do corpo da matriz se deu com a celebração da benção da igreja a 14 de agosto de 1722. (4) Para efetivar a construção da Capela, foi utilizada mão-de-obra escrava, já que neste período, o Brasil caracterizava-se pelo sistema escravocrata, e especificamente, Valle Porto, era o responsável da construção, como também, era:
“(…) senhor de numerosa escravatura” (5)
Ainda é necessário ressaltar, de acordo com Ermelino de Leão, o fato de que o Sargento-mor doou parte de sua sesmaria ao patrimônio da Igreja. (6) Atualmente, o registro cartorário da propriedade está em posse da Mitra Diocesana de Paranaguá, constando uma área de 4.808,20 m2 e, devido a sua secularidade, o título de transmissão apresentou-se por usucapião.
O padre Francisco de Borja, que atuou no período de 1751 a 1760, ficou conhecido como um dos mais zelosos curas da Igreja. Este padre foi quem organizou a documentação da Matriz, resultando no que se conhece hoje por “Folhas Avulsas de Antigos Livros da Matriz de Nossa Senhora do Pilar de Antonina”. Ele também relatou sobre a Vila de Antonina, nesta época, e como estava a Igreja:
“Em 1748 a igreja somente tinha o altar-mor onde além de venerada imagem da padroeira, estavam as de Sant’Ana, São Benedicto e do Senhor Crucificado. Somente a capella-mór era forrada por cima de taboado o por baixo ladrilhada de tijolos.” (7)
O padre Borja ainda realizou todo o levantamento de utensílios pertencentes à Igreja, ornamentos das imagens e, pelas descrições, não havia torre, pois o sino encontrava-se na sacristia.
Já no século XX, no ano de 1923, a matriz é literalmente fechada devido ao seu estado de precariedade. As imagens dos santos e seus respectivos altares foram transferidos para a Matriz provisória: a Igreja de São Benedito. Com a nomeação do padre Bernardo Peirick para a paróquia (29/04/1926), a Igreja passou pela primeira grande reforma que se tem conhecimento. No jornal O Antoninense (15/08/73), foi publicado o relato do padre Peirick sobre a penúria da Igreja:
“Ao chegar, encontrei a Matriz fechada, completamente abandonada. O interior da mesma apresentava uma verdadeira ruína, sem assoalho e forro, privada de altares, montões de pedra, táboas e vigotes podres.
Uma parte da parede achava-se aberta, por onde entrava chuva. Na sacristia encontrava-se um armário com gavetas demolidas e um montão de tijolos, telhas e cal, cujo peso tinha afundado o soalho. O páteo da Matriz assemelhava-se um verdadeiro matagal, abrigo de muitas cobras venenosas.”
Ainda de acordo com este artigo, o construtor responsável pela reformas da Igreja foi Hermínio S. Commanduli, que executou o trabalho pela quantia de CR$ 17.500,00. A obra iniciou em agosto de 1926 e o seu término se deu em 26 de fevereiro de 1927, com muitas solenidades e com a transferência da imagem da padroeira para a Matriz restaurada.
A segunda grande reforma que se tem referência foi em 1952. Na placa comemorativa é agradecida a Alcides Estevão de Carvalho por sua “valiosa contribuição” (15/08/52). Nesta restauração, de acordo com fontes orais, as esquadrias de madeira foram substituídas por vitrôs, o telhado ficou mais alto, o piso passou a ser cerâmico, as paredes perderam seus afrescos, entre outras mudanças. A casa ao lado da Igreja, construída pela Congregação Redentorista, já é mais recente, da década de setenta. Teve por objetivo abrigar a Casa Paroquial e a Secretaria. Por outro lado acabou interferindo na paisagem do morro com a própria Igreja, composição esta que serviu de inspiração e beleza para muitas pinturas, fotografias e, mesmo até hoje, como cartão postal de Antonina.
(1) – LEÃO, Ermelino Agostinho de . Diccionario histórico e geografico do Paraná. 1929. v. 3. pg.1245.
(2) – Antonina: factos e homens. 1918. pg. 38
(3) – MATRIZ DE N.S. DO PILAR DE ANTONINA (Graciosa). Folhas avulsas de antigos livros da Matriz. pg.06. Em anexo.
(4) – MATRIZ DE N.S. DO PILAR DE ANTONINA (Graciosa). Folhas avulsas de antigos livros da Matriz. pg.06. Em anexo.
(5) – LEÃO, Ermelino Agostinho de . Diccionario historico e geografico do Paraná. 1929.v.3. pg.1245.
(6) – ARQUIDIOCESE de Curitiba. A Arquidiocese de Curitiba na sua história. 1956. pg.56.
(7) – LEÃO, Agostinho Ermelino de. Antonina: factos e homens.1918. pg.104.
Fonte: CPC.

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Antonio Olinto – Igreja da Imaculada Conceição de Nossa Senhora

 

Antonio Olinto – Igreja da Imaculada Conceição de Nossa Senhora


A construção da Igreja da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, em Antonio Olinto-PR, foi iniciada em 1902 no local onde se encontra até hoje.

CPC – Coordenação do Patrimônio Cultural
Nome Atribuído: Igreja da Imaculada Conceição de Nossa Senhora
Localização: Linha Munhoz – Antonio Olinto-PR
Número do Processo: 01/96
Livro do Tombo: Inscr. Nº 124-II, de 08/11/1999

Descrição: “Uma das características do povo ucraniano é a religiosidade. Setenta e oito por cento (78%) dos imigrantes são católicos do rito oriental, quatro por cento (4%) são ortodoxos, sendo que doze por cento (12%) restantes encontrasse entre várias igrejas protestantes, sobretudo a Batista.
Nos primeiros tempos da imigração viram-se os imigrantes provados de toda a assistência religiosa, por falta de sacerdotes, mesmo brasileiros, com os quais não podiam entender-se, por não conheceram a língua. Apesar das solicitações dos primeiros imigrantes às autoridades religiosas brasileiras, havia muita dificuldade para a vinda de sacerdotes do rito ucraniano…” (1)
Em 1898, os núcleos coloniais receberam a primeira visita pastoral de D. José de Camargo Barros, primeiro Bispo de Curitiba. O relatório dessa visita, apresentado ao Núcleo Apostólico, no Rio de Janeiro, contribuiu para a vinda de novos missionários, pois percebera “in loco” a necessidade de uma assistência espiritual intensificada.
A partir dessa constatação, surgem várias paróquias nos assentamentos coloniais e, mesmo na capital, Curitiba. Entre as localidades que receberam tal assistência, encontram-se Prudentópolis, Mallet, Dorizon, Iracema e, consequentemente, Antônio Olinto.
Conforme consta em documentação oficial, em Antônio Olinto os imigrantes ucranianos partilhavam com os poloneses da mesma capela. No início da colonização as duas comunidades faziam suas reuniões religiosas “simultaneamente, na capella que o governo mandou levantar pelo constructor (?). – As intermináveis questões e brigas porém chegaram a tal ponto que os ucranianos abandonaram a capella até então comum, transferindo-se para o prédio adquirido para este fim, adaptando a casa ali existente para uma capella provisória…”. (2
Deste momento em diante, os imigrantes ucranianos dispuseram-se a construir um templo só para eles. A paróquia ucraniana já havia sido fundada em 1890, mas é em 1902 que se inicia a construção da igreja no local onde se encontra até hoje. “Em (?), deram princípio a construção de uma igrejinha de madeira imbuia, tendo a mesma 15 metros de cumprimento e 8 de largura. Deus abençoou-a (?) a obra, pois, após um trabalho (?) terminaram o edifício. – Junto da capella construíram um campanário para o qual adquiriram seis sinos de medianas dimensões. Terminada que foi a igreja veio o R. Pr. (?), o qual durante este tempo estava na Argentina. Agora, parecia ter começado uma nova éra para a colônia”. (3)
A igreja, situada na localidade denominada de Linha Munhoz, próxima ao centro da cidade, foi construída no mais puro estilo bizantino, caracterizado pelas suas cúpulas prateadas. “O Revmo. Pe. Clemente Bzuchouki, OSBM, iniciou a construção da atual igreja ucraniana de Antônio Olinto em 1902. Em 1904 somente a parte central e a cúpula estavam prontas. Daí por diante a construção ficou estacionada até três anos após a vinda do Remo. Padre João Michalczuk, em 1911. O projeto da igreja foi feito em Jovkwa, Ucrânia.
No ano de 1977, o padre responsável pela paróquia, Pr. Pedro Blachauchem, descrevia a situação da igreja desta forma: “… a situação atual do lugar, aqui em Antônio Olinto, é a seguinte: a igreja está pintada de uma côr gêlo e as cúpulas, de alumínio. Suas paredes duplas abrigam vários enxames de abelhas. A parte interna, de um azul claro, em cima verde claro, em baixo, está toda decorada. Na parte inferior das 5 cúpulas, várias pinturas representam os 4 evangelistas e os momentos mais significativos da vida de Jesus e de Maria. Entretanto pela porta da frente deparamos em primeiro plano numa meia parede em cima com uma grande pintura representando Nossa Senhora com o seu manto protegendo a igreja e o povo. O número de quadros e pinturas da Virgem Santíssima chega a 11. A igreja possui instalação elétrica e dois refletores voltados para o belíssimo quadro central de Nossa Senhora dos Corais, o qual, dado seu inestimável valor, corre sério perigo, devido à total falta de segurança. O altar é grande, bonito e bem cuidado. As paredes ao seu redor necessitam de reparos quanto à decoração… . O assoalho é de taboas de imbuia. Os bancos de imbuia são muito estreitos. Os paramentos e demais objetos para funções litúrgicas estão em ordem. Em volta da igreja há uma cerca de ripas. O campanário com 3 sinos, localizado no páteo da igreja necessita de pintura e de uma bengala, pois com os fundamentos apodrecidos enclina-se perigosamente… . Quarenta alqueires de mato perfazem o patrimônio da igreja. O lugar é muito lindo, calmo, excelente para exercícios espirituais, para descanso e higiene mental. As aves mansinhas, pois ninguém as persegue. Canarinhos, tico-ticos, sabiás, joão-de-barro, azulões, cabeças-de-velho, tesoureiros, curuiras, saracuras, gralhas-azuis, jacutingas, nambus, codornas, bentevis, coleirinhas, pintassilgos, e outros mais enchem a floresta vizinha com seus belos cantos. A uns 150 metros da igreja encontra-se um tanque com carpas e lambarís. Estes freqüentemente recebem a visita das lontras. Nas matas pertencentes à igreja e nas redondezas, ainda é possível encontrar veados, graxains, tatus , pacas, ouriços, serelepes, gambás, lagartos e cobras”. (4)
A igreja de Antonio Olinto também é muito conhecida – nacional e internacionalmente – por abrigar um quadro, bordado com ouro e pedras preciosas, com a imagem de Nossa Senhora dos Corais. A história do quadro está intimamente ligada à da igreja e seus congregados. Segundo relatos de moradores do local “Anastásia Hladczuk teve um sonho e revelou ao Padre João Michalezuk; este aproveitou o sonho e se propôs a por em prática o mesmo. Em 1913 começou a coleta dos corais e pedras preciosas. Em 1921 veio o desenho da imagem da santa da Galícia. Em 1923 foi dado início a obra pelas irmãs Vanda e Lidia, da Congregação a Santa Família de Curitiba. Em 1931 foi concluída a obra e, veio para Antonio Olinto, mas como não havia um lugar apropriado para colocá-lo, então ficou guardada até 1933. Durante este tempo, a imagem era apresentada ao povo para venerá-la, no último dia do mês de maio. Em 1º de maio de 1933 foi definitivamente colocada em seu lugar para ser venerada na igreja onde está até hoje. Pessoas mais velhas dizem que naquele tempo a imagem era mais brilhante, mesmo com refletores e luzes a imagem de Nossa Senhora dos Corais está ficando cada vez mais escura.”
Administrativamente a igreja está ligada à Eparquia Ucraniana de São João Batista, com sede na cidade de Curitiba. Ao lado da igreja está instalada a congregação das Irmãs Servas de Maria Imaculada, a qual tem a incumbência de cuidar da igreja e casa paroquial.
(1) – Boruszenko. Os ucranianos.
(2) – LIVRO do Tombo.
(3) – Ibid.
(4) – Livro do Tombo.
Fonte: CPC.

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A Monsenhor Celso em 1910.

 A Monsenhor Celso em 1910.


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***Rua Barão do Rio Branco e Praça Eufrásio Correia. *** Final da década de 40.

 ***Rua Barão do Rio Branco e Praça Eufrásio Correia. ***
Final da década de 40.


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O PADEIRO, SUA CARROCINHA E SEU CAVALO

 O PADEIRO, SUA CARROCINHA E SEU CAVALO

Morava nas Mercês, começo dos anos 1960, e lembro-me do padeiro que vinha com sua carrocinha, sempre passava duas vezes por dia, cedinho pela manhã e lá pelas três da tarde, hora tradicional do café, vinha ele com sol ou com chuva. O som do cincerro do cavalo e da sua buzina manual anunciavam de longe a sua chegada.
O cavalo parava instintivamente em frente à casa de cada freguês. O padeiro entregava pão bengala, pão d’água, pão sovado, broas, tranças, pão doce e outros.
Não tinha cartucho, os pães eram pegos com as mãos mesmo. Cada cliente tinha sua sacola que ficava num cantinho certo na casa, para que o pão fosse lá depositado pela manhã, pois, quase sempre, ele era entregue antes do cliente levantar. Alguns fregueses tinham uma caixa ao lado do portão, com uma tampa frontal e outra traseira, para a retirada dos pães.
À tarde, quando a carrocinha chegava, os fregueses iam pegar os pães diretamente nela para escolher os mais assadinhos ou pegar algo diferente, além, também, de interagir com o padeiro. Enquanto entregava o pao-de-cada-dia, ia ouvindo e desfiando histórias que passavam de um bairro para outro, num piscar de olhos.
O padeiro era conhecido de todos e fazia mais do que entregar os pães, ele era também o sistema de comunicação mais eficiente que existia na época. Filho com sarampo, criança com caxumba, mulher brigada com marido, sogra doente ou gente com dor de dente, as notícias eram com ele mesmo, dava conta até de dizer sobre as gestantes. Também pudera, todo santo dia fazia o mesmo trajeto e era amigo de todos.
Tudo que ele fornecia era anotado numa caderneta com o nome do freguês e pago no começo do mês, quando este recebia o salário.
Paulo Grani.

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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Balsa Nova – Capela da Nossa Senhora da Conceição

 

Balsa Nova – Capela da Nossa Senhora da Conceição


A Capela da Nossa Senhora da Conceição, em Balsa Nova-PR, é constituída em dois corpos: nave e sacristia lateral.

CPC – Coordenação do Patrimônio Cultural
Nome Atribuído: Capela da Nossa Senhora da Conceição
Localização: Tamanduá – Balsa Nova-PR
Outros Nomes:Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Pilar de Tamanduá
Número do Processo: 26/70
Livro do Tombo: Inscr. Nº 26-II, de 04/09/197

Descrição: É uma construção singela com cobertura em duas águas, telhas capa-e-canal, arrematada por beiral encachorrado. É constituída em dois corpos: nave e sacristia lateral. Na fachada, encimada por tosca cruz de ferro, portada central emoldurada por requadros em cantaria, verga reta. Todas as demais aberturas – o acesso à sacristia e a janela lateral – possuem também requadros em cantaria de verga reta.
Em 1820, já bastante arruinada, a capela de Tamanduá passou por obras de conservação e restauração, o mesmo ocorrendo em 1906. Novamente restaurada em 1978 pela Curadoria do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria da Cultura e Esporte do Estado do Paraná. | Em meados do século XVIII, de acordo com o historiador David Carneiro, “quatro locais, nos Campos Gerais, depois de Curitiba, se equivaliam em importância: Lapa, São José dos Pinhais, Castro e Tamanduá”, da qual derivou o atual município de Palmeira. Naquela época, Tamanduá era povoado em formação.
Na primeira metade do século XVIII já se constituíra em freguesia, possuía sua capela e eram inúmeras as famílias abastadas que lá moravam. Os carmelitas haviam construído um convento, a povoação contava com uma força de milícia e de vez em quando “assistia à partida de um grupo de aventureiros armados com o objetivo de conquistar e reconhecer o oeste misterioso”.
Tamanduá foi desmembrada de Curitiba e elevada à condição de freguesia em 20 de março de 1813, por alvará do príncipe regente, e em 9 de maio daquele mesmo ano foram fixados os limites entre as duas paróquias. Em 1820, como os bens de freguesia já haviam sido entregues aos carmelitas (1818), foi concedida licença para a transferência da sede paroquial para Palmeira. Segundo documentação existente, em fins do século XVII (1697) D. Rodrigo de Castel Blanco chegou aos Campos Gerais de Curitiba à procura de outro, e acampando nas proximidades do atual Campo Largo, mandou convocar todos os habitantes influentes das redondezas. Um dos mais poderosos que se apresentou foi Antônio Luiz Lamin, conhecido por Antônio Tigre, senhor de grandes extensões de terra que iam do segundo planalto, onde Tamanduá se situa, até Curitiba. Os relevantes serviços por ele prestados a D. Rodrigo e sua influência entre os habitantes locais valeram-lhe os cargos de juiz, vereador, procurador do Conselho dos Homens Bons e capitão de ordenanças em Curitiba, de 1700 a 1718.
A primeira capela de Tamanduá foi construída em madeira pelos padres carmelitas por volta de 1709, conforme vontade expressa pelo já então capitão Antônio Tigre, que não só doara meia légua de suas terras para aquele fim, como também mandara buscar em Portugal a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Um neto de D. Antônia Góes, esposa de Matheus Leme – o capitão João de Carvalho Pinto -, legou a Antônio Tigre a imagem que pertencera à sua avó e por ela fora deixada em testamento a seu filho Matheus Leme, o moço, para que erguesse uma capela. Antônio Tigre, em 1727, já bem avançado em anos, mandou erigir a atual capela, em alvenaria de pedra argamassada, cujas obras terminaram em 1730, ocasião em que foi feito o translado da imagem, que se encontrava em Curitiba. Pouco antes de sua morte. Antônio Tigre, em testamento feito, legou à capela por ele construída ”grandes datas de terra, muito gado e outros bens”. Em 1837, em 8 de dezembro, dia em que se celebrou o término das obras da igreja, em Palmeira, a imagem foi para lá transladada.
Fonte: CPC.

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