sexta-feira, 3 de junho de 2022

"A família Madalosso veio para Curitiba em 1949, para o cultivo da uva e a produção de vinhos. Na realidade, onde hoje se encontram os restaurantes Madalosso, era tudo plantação de uvas. Até 1963, embora sofrendo as variações do clima, a família se dedicou à vinícola.

 "A família Madalosso veio para Curitiba em 1949, para o cultivo da uva e a produção de vinhos. Na realidade, onde hoje se encontram os restaurantes Madalosso, era tudo plantação de uvas. Até 1963, embora sofrendo as variações do clima, a família se dedicou à vinícola.

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ENTRANDO NO RESTAURANTE MADALOSSO
"A família Madalosso veio para Curitiba em 1949, para o cultivo da uva e a produção de vinhos. Na realidade, onde hoje se encontram os restaurantes Madalosso, era tudo plantação de uvas. Até 1963, embora sofrendo as variações do clima, a família se dedicou à vinícola.
Nesse ano, porém, às vesperas de Natal, uma chuva de pedra muito violenta acabou com todos os seus parreirais, foi a gota d'água para o abandono da lavoura e ingresso da família no ramo de restaurantes. Na sala da casa onde moravam, com capacidade para vinte e dois lugares, começava o Restaurante Madalosso.
O Madalosso nasceu em 1963, com apenas três mesas. O sr. Antonio Domingos Madalosso e a sra. Rosa Fadanelli Madalosso começaram servindo quatro pratos: risoto, frango à passarinho, polenta frita e salada de radite (radiche em italiano) com bacon. Iniciaram com o frango e a polenta frita, porque os dois restaurantes que já existiam, o Iguaçu e o Cascatinha, já estavam trabalhando com esses pratos mais do agrado do brasileiro, de maneira geral.
O casal Madalosso oferecia, também, pratos especiais, feitos sob encomenda, para os funcionários de empresas do centro da cidade, principalmente os do Banco do Brasil, primeiros fregueses do restaurante. Dona Rosa na cozinha preparava então pacas recheadas, pombos e sempre o tradicional risoto e o frango à passarinho. Depois, na continuidade, acrescentaram: frango prensado, lasanha na manteiga e ao sugo, espaguete à bolonhesa, espaguete na manteiga, espaguete ao alho e óleo, canelone de frango, ravioli, nhoque e ainda miúdos de frango como aperitivo.
Segundo o sr. Carlos Roberto Madalosso: "Todos esses pratos que vieram se incorporando ao cardápio, ao longo dos anos, foram mais por uma exigência dos clientes que vinham pedindo uma massa. Não foi realmente criatividade nossa, foi uma solicitação do cliente.
A clientela do Madalosso, desde o início, era proveniente do centro de Curitiba. Essas pessoas é que sempre movimentaram o restaurante, repetindo a freqüência, diversas vezes dentro do mês. Nos fins de semana a incidência maior foi sempre das famílias e durante a semana, apenas dos homens, principalmente de negócios. Os turistas também sempre se fizeram presentes, chegando em vários ônibus, principalmente nos feriados e nos meses de férias."
Para o sr. Carlos Roberto Madalosso, "o sucesso do Restaurante Madalosso, tanto do Velho Madalosso, inaugurado em 1964, quanto do Novo Madalosso, inaugurado cinco anos depois, com 340 lugares, deve-se à preocupação exagerada no bom atendimento e na qualidade do alimento.
Minha mãe Rosa e minha irmã Flora, viveram dia e noite dentro da cozinha, junto com os cozinheiros, em cima dos fogões, preparando os molhos, toda a principal parte. E fizeram isso como se fizessem na nossa casa, com amor! [...] Nós, os irmãos Madalosso, sempre demos atendimento no salão de forma muito especial. Cada mesa tinha realmente um atendimento personalizado. A gente fazia coisas extremas para poder agradar o cliente. Nunca fomos ambiciosos, no sentido de querer saber quanto ganhávamos no final do mês, em dinheiro. Nós sempre queríamos saber quantas pessoas tínhamos atendido e se nós tínhamos atendido bem essas pessoas."
Nesse atendimento personalizado destaca-se um funcionário, Ernâni Ribas do Valle, que trabalha no restaurante desde o início. Uma reportagem publicada no jornal O Estado do Paraná (26/11/1995) retrata bem a importância dessa pessoa que, hoje, é personagem inseparável da história do Madalosso: "Ernâni Ribas do Valle continua hoje um 'faz tudo'. Treina garçons, fiscaliza a qualidade dos alimentos, atua como maître, ajuda na escolha dos fornecedores ... O seu forte, porém, é atender os novos e velhos clientes, principalmente estes últimos. Tem muita gente que vai ao Madalosso só por causa do 'Gordo', como é conhecido. Sempre sorridente e atencioso, circula entre os freqüentadores com seus 120 quilos, como se estivesse em sua sala de estar. Dos clientes mais antigos sabe a mesa que preferem, a hora que chegam e a conversa que gostam. A sua dedicação é reconhecida."
Freqüentador decano, o desembargador de justiça aposentado. Guilherme de Albuquerque Maranhão, resume o sentimento dos fregueses mais antigos: 'O Ernâni é o símbolo da casa, sem ele não é mais o MADALOSSO' ".
Em seus trinta anos de trabalho com restaurantes, a Família Madalosso investiu bastante, inclusive em marketing. No início dos anos 1970, fez propaganda maciça em rádio, TV e jornais e espalhou vários out-doors pela cidade, principalmente nas rodovias. Depois de atraído, o importante é a fixação do cliente. Aí entra o atendimento, diz Ernâni (O Estado do Paraná, 26/11/1995).
As dependências onde estão instalados os restaurantes Novo e Velho Madalosso foram ampliadas e novas casas foram criadas: Restaurante Don Antonio e Família Fadanelli. todas com intenso movimento.
O Restaurante Novo Madalosso entrou para o livro dos recordes, o Guiness Book 1995, como o maior restaurante do Brasil e o segundo maior do mundo, com capacidade para 4.645 pessoas."
(Extraído e adaptado do livro: Gosto, prazer e sociabilidade : bares e restaurantes de Curitiba, 1950-60, de Maria do Carmo Marcondes Brandão Rolim / Fotos: Internet)
Paulo Grani

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