A COLÔNIA NOVA ITÁLIA EM MORRETES
"A Colônia Nova Itália foi fundada em 22 de abril de 1877, iniciada por imigrantes vênetos retirantes da Colônia Alexandra. Era formada por 12 núcleos, num total de 610 lotes demarcados, mas com poucas casas construídas. O município de Morretes contava com sete núcleos: América (de Cima e de Baixo), Sítio Grande, Sesmaria, Rio do Pinto, Anhaia, Rio Sagrado e Nossa Senhora do Porto. O município de Porto de Cima com cinco núcleos: Marques, Ipiranga, Bananal, Cari e Esperança.
Em janeiro de 1878, época em que o Governo da Província designou o engenheiro André Braz Chalréo para dirigir a Colônia, a situação dos imigrantes era deplorável.
Mais de oitocentas famílias viviam em barracas ou casas alugadas, alimentando-se do que lhes fornecia o Governo (Romário Martins). Numa de suas visitas, o Presidente da Província Dr. Rodrigo Otávio, a fim de examinar as colônias do litoral e, em particular, a Colônia Nova Itália, que mais chamava a atenção pelas queixas, encontrou-a em estado lastimável: os colonos quase na miséria, sem roupas, habitação apenas suportável, sem sementes para o plantio.
Estavam em completo desânimo; seus terrenos eram alagadiços e ruins.
As más condições da colonização fizeram com que muitos italianos solicitassem sua volta à terra de origem, ou transferência para outros países sul americanos, visto que todos os pedidos às autoridades provinciais eram negados, em virtude da falta de verbas.
Os mais velhos contavam a história de um italiano já de certa idade, que blasfemava contra este estado de coisas e desejava voltar a todo custo para sua terra natal, onde queria morrer. Dizia ele: "Questa sporca terra dei Brasile nom mi mangiara". E não comeu mesmo, diziam os antigos, pois, ao ser exumado o seu corpo, ao final do período regulamentar, estava mumificado. Fez-se o desejo do italiano e a terra brasileira, também, o rejeitou!
AS REIVINDICAÇÕES
Quando da visita de S.M.I. D.Pedro II à Província do Paraná, no ano de 1880, os italianos residentes nas diversas colônias de Morretes aproveitaram a ocasião para bombardearem-lhe com requerimentos de diversos pedidos:
- "Giacomo Arboit e outros, abaixo assinados, colonos moradores no núcleo Rio Sagrado, Colônia Nova Itália, solicitando ao Imperador que lhes mande fornecer a ferragem e mola para estabelecerem um moinho para preparar o milho preciso à sua alimentação". Morretes, junho de 1880.
- "Alexandre Bridarolli e outros, abaixo assinados, de colonos do núcleo Sesmaria, solicitando cobertura de telhas para as suas pequenas casas que são precariamente cobertas de palha". Morretes, 3 de junho de 1880.
- "Os mesmos solicitando que lhes seja concedida passagem gratuita na balsa que comunica o caminho de Barreiros com a cidade ou melhor, que se arrecade o produto dessas assinaturas para favorecer a construção de uma ponte, sem o que procurarão estabelecer-se em outros núcleos assim favorecidos". Morretes, 3 de junho de 1880.
- "Giovani Tassi e outros, abaixo assinados, ao Imperador, residentes no núcleo Rio do Pinto, solicitando que se cumpra a promessa de serem cobertas de telhas as suas casas". Morretes, 3 de junho de 1880.
- "Joseph Comei, sendo um dos primeiros colonos que se estabeleceram na colônia N.S.do Porto, solicita a V.M.I. que se digne manda abonar ao suplicante a alimentação a que tem direito, e cobrir de telhas sua casinha". Morretes, 3 de junho de 1880.
- "Caterina Vollodel, colona moradora na colônia N. S. do Porto, lote número 27, suplicando a S.M.I., a graça de mandar para a sua companhia seu filho Pietro, a mulher e os três filhos que o Governo mandou para Santa Catarina, ficando assim inconsolável a suplicante sem saber o destino que tiveram". Morretes, 2 de junho de 1889.
Muitos dos requerimentos não tiveram o devido encaminhamento, e, se tiveram, alguns não foram agraciados com o respectivo despacho."
(Extraído de
triaquimmalucelli.blogspot.com)
Paulo Grani.
Sobrados dos Malucelli em Morretes, em 1914.
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