ENTRANDO NA "WENCESLAU GLASER, SECOS E MOLHADOS"
Seu neto Mario Fernando Glaser, conta “Meu avô partiu da Áustria com seus pais, com destino a São Francisco, na Califórnia. Por um acaso do destino, o navio à vapor que embarcaram trouxe-os a São Francisco do Sul, em Santa Catarina”.
Após o desembarque, seus pais tomaram conhecimento da existência de uma comunidade de imigrantes alemães em Curitiba e resolveram seguir adiante e se instalarem serra acima, na Capital do Paraná.
Logo cedo, começou a trabalhar como operário e, depois, como empregado no comércio. Com muito esforço e dedicação, aos 27 anos de idade, fundou a loja "Wenceslau Glaser - Secos e Molhados”.
A loja foi construída na então Rua Mato Grosso (atual Comendador Araujo), que era a principal saída/entrada de Curitiba com o interior do Estado. Com grande intuição, percebeu que a rua tinha um ótimo trânsito de pessoas que, logo paravam naquela confluência para trazer insumos e também se abastecer com outros produtos.
Perspicaz, o sr. Glaser criou um sistema inteligente de vendas, semelhante ao delivery de hoje, segundo seu neto Mario Fernando, “Pela manhã, um funcionário visitava a casa dos clientes para saber do que cada um precisava naquele dia. Os pacotes, então, eram preparados e entregues durante a tarde. As contas eram anotadas em uma caderneta e os pagamentos eram mensais."
Em uma edição do jornal 'A República ', encontramos esta propaganda: "Ferragens, louças, porcellanas, lampeões, óleo, querosene, verniz, tintas, vidros para vidraças, mobílias austríacas. Com depósito de sal, assucar, café, farinha de trigo, bebidas finas, milho, alfafa, feno, farello, aveia, kerozene, etc, etc, etc." Também constavam na lista de produtos comercializados na loja, que no início do século 20 passou a oferecer também os cristais importados da Áustria, pelo senhor Wenceslau.
Com a prosperidade do negócio, em 1914 o sr Wenceslau pôs abaixo a antiga construção que abrigava a loja e ergueu o atual edifício de dois pavimentos com ares neoclássicos. O andar superior passou a ser a casa da família e a loja foi mantida na parte de baixo.
O falecimento do senhor Wenceslau, em 1936, e a inclusão de seus filhos e netos no negócio fizeram com que o nome da loja fosse modificado por diversas vezes ao longo dos anos, mas sem que o comércio perdesse sua essência, caracterizada especialmente pela venda de peças de cristal.
Com o passar dos anos também houve a cisão da antiga Glaser Ferragens e Cristais Ltda., então administrada pelos irmãos Mario Fernando e José Haroldo Glaser, netos do senhor Wenceslau. O comércio de ferragens, então, foi fechado, sendo mantida somente a loja de presentes e utilidades para o lar.
Em 2001, no imóvel da empresa, teve início a construção do Centro Empresarial Glaser, obra com 15 mil m2 destinada a escritórios comerciais. O Centro Comercial Glaser e a Galeria Glaser são interligados, com estacionamento coberto, oferecendo aos visitantes e profissionais que trabalham na estrutura o máximo em conforto e segurança.
Mesmo com todas as recentes mudanças, a Glaser Presentes não deixou de lado a tradição na oferta de produtos e utensílios finos para a casa. Nas prateleiras, é possível encontrar de porta-retratos e panelas a aparelhos de jantar, além dos delicados cristais. A loja ainda trabalha com listas de casamento, chá de panela e chá bar, e atende clientes corporativos.
(Compilado do livro História, Tradição & Trabalho, de Niroá Zuleika Glaser e Bianca Emanuelle Glaser Vidal Pinto)
Paulo Grani
A loja instalada na rua Mato Grosso nº 29 (atual Comendador Araujo nº 241, em foto da primeira década de 1900.
Foto: Acervo família Glaser.
Foto: Acervo família Glaser.
A loja instalada na rua Mato Grosso nº 29 (atual Comendador Araujo nº 241), em foto da primeira década de 1900.
Foto: Acervo família Glaser.
Foto: Acervo família Glaser.
Nesta foto da primeira década de 1900, vemos o grande sortimento de ferramentas, máquinas, utensílios, cristais, porcelanas, loucas, etc., expostos no requintado interior da loja.
Foto: Acervo família Glaser.Colono preparando-se para descarregar suas mercadorias no depósito da loja Wenceslau Glaser - Secos e Molhados.
Foto: Dado Lupion via Pinterest
Foto: Dado Lupion via Pinterest
Família Glaser reunida na casa do sr. Wenceslau, em 1928.
Foto: Acervo família Glaser.
Foto: Acervo família Glaser.
Fachada do predinho após após a reforma havida em 1914.
Foto: Arquivo Público do Paraná
Foto: Arquivo Público do Paraná
Casa da família Glaser na rua Comendador Araújo esquina com Coronel Dulcidio.
Foto: Acervo família Glaser.
Foto: Acervo família Glaser.
Casa da família Glaser na rua Comendador Araújo esquina com Coronel Dulcidio.
Foto: Acervo família Glaser.
Foto: Acervo família Glaser.
Publicidade feita em períódico da época.
Sr. Wenceslau Glaser, em foto da década de 1940.
Alvará concedido a Wenceslau Glaser pela municipalidade, em 27/12/1893, para o funcionamento de sua loja para o "comércio de ferragens, secos e molhados por atacado e varejo".
Publicado na revista Paraná Mercantil, nota de "preito de saudades" após a morte do sr. Wenceslau Glaser.
Foto: Acervo família Glaser.
Foto: Acervo família Glaser.
Fachada do edifício nos anos 2000.
Foto: Pinterest.
Foto: Pinterest.
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