segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

A MORTE DE GUMERCINDO SARAIVA

 A MORTE DE GUMERCINDO SARAIVA


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Texto retirado, do jornal "O Mirandez" de Miranda do Ouro-Portugal, datado de 10 de novembro de 1894, relatando os últimos momentos de Gumercindo Saraiva.
" Nova lenda- Ultimo momento de Gumercindo
Escreve, La Razon de Buenos Aires:
- A 10 de agosto a tarde no logar denominado Capão do Carovy, as avançadas inimigas vinham em guerrilhas com a rectaguarda de Saraiva. Saraiva mandou suspender a marcha, e começou a tomar posições para ferir uma batalha sangrenta, no dia seguinte, visto como a noite cahia.
Antes de escurecer, sahiu a examinar a posição do inimigo, porém aproximou-se tanto das guerrilhas, que uma bala atravessou-lhe o peito e outra feriu mortalmente o cavalo que montava.
Acto continuo, foi conduzido Saraiva a sua barraca, onde foram lhe prestados os auxilios que com urgencia reclamava seu estado grave, mas foram inuteis porque as 3 horas fallecia, conservando até o ultimo momento seu valor ingenito, dando ordens a seus officiais e principalmente a seu irmão Apáricio.
Quando Gumercindo Saraiva comprehendeu que se approximava o termo de sua vida. chamou todos os chefes ás suas ordens para junto de seu leito, e disse lhe: " Sei que vou morrer já; peço-vos que nomeies meu irmão Apáricio vosso general em chefe. Merece esse posto por seu valor e por ser o mais antigo."
Com Lagrimas nos olhos juraram todos cumprir sua ultima vontade; e assim o fizeram em presença do mesmo moribundo, que lhes agradeçeu esta ultima prova de respeito que lhe davam.
Immediatamente tomou a mão de seu irmão, e em presença de todos que acabavam de aclamal-o seu chefe com voz já entrecortada, ordenou-lhe que conduzisse, as forças, avaliadas em 4.500 homens, até a fronteira oriental, evitando todo o derramamento de sangue.
Fazendo um esforço e endireitando-se, acrescentou: "ali pois operar sem perigo e esperar que o Peixoto passe o poder a seu sucessor. Se a 15 de novembro, Prudente de Moraes, assumir a presidência, deponde as armas e cada qual a suas casas; porém se assim não for se Peixoto se enthronisar na ditadura, então continue com mais ardor a luta, e não o abandonemos, emquanto houver um de nós em pé.
Depois dessa exhortação, que todos ouviram emocionados e que se espalhou, palavras por palavras, entre as tropas contristadas, Saraiva guardou silencio.
Já se suppunha que era o silencio da morte, quando agitado seu espirito ergueu-se de novo ao impulso de uma idéa e não com voz débil, mas com entonação forte, expressou-se n'estes termos:
- Se ouvirdes dizer que fui ou que sou separatista, desmenti a quem affirmar e fazei saber a toda parte que a unica causa da nossa revolução, é justamente sermos muito brazileiros, muito partidários do engrandecimento da nossa pátria, razão pela qual não quizemos consentir que a imposição de um governo bárbaro e deposta, a degradasse, burlando a liberdade do sufragio no Rio Grande.....Adeus! companheiros! valor e não esqueçaes....Adeus.....
Taes foram as palavras do esforçado e incansável caudilho, que todos que o acompauharam em sua campanha admiravam com carinho e que ajuda depois de morte respeitaram, como se vivo fosse.
Apáricio nomeou uma comissão composta de seu chefe de estado e seus ajudantes de ordens, para que tratassem da inhumação, e a 11 de agosto foi sepultado o cadaver do heroe no cemintério da Entrada, no caminho de Carovy a São Borja e entre os rios Camacuá e Itacoroby."
No dia 17 de agosto de 1894, o seu túmulo foi localizado, sendo seu cadáver profanado e mutilado, sendo a cabeça entregue pelo coronel Ramiro de Oliveira a Júlio de Castilhos.
Fonte: Paulo Mena Pesquisador
📷 Ruchele Freitas Peres
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