Denominação inicial: Projecto para duas casas para o Snr. José Palaniza
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica
Endereço: Rua Lamenha Lins
Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 44,00 m²
Área Total: 44,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Madeira
Data do Projeto Arquitetônico: 21/09/1928
Alvará de Construção: Nº 5631/1928
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de duas casas.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
Referências:
1 - GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para duas casas do Snr. José Palaniza. Planta do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
1 - Projeto Arquitetônico.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.
As Casas de José Palaniza: Um Sonho Duplo em Madeira na Curitiba dos Anos 1920
Em setembro de 1928, enquanto Curitiba começava a se expandir além dos limites do centro histórico, José Palaniza encomendou um projeto arquitetônico que traduzia, com simplicidade e pragmatismo, as aspirações de muitos moradores da época: duas casas econômicas, lado a lado, em um único terreno. Embora modestas em dimensão e material, essas residências revelam muito sobre a dinâmica urbana, familiar e econômica da capital paranaense no final da década de 1920 — um período marcado pela imigração, pelo crescimento dos bairros operários e pela emergência de uma classe média urbana.
O Projeto: Eficiência e Economia em 44 m²
Assinado pelo escritório Gastão Chaves & Cia. em 21 de setembro de 1928, o “Projecto para duas casas para o Snr. José Palaniza” foi concebido como uma solução habitacional acessível e funcional. Localizado na Rua Lamenha Lins — via que corta o bairro do São Francisco, historicamente ocupado por trabalhadores, artesãos e pequenos comerciantes —, o terreno abrigaria duas unidades idênticas, cada uma com 44,00 m² de área construída em um único pavimento.
Construídas em madeira, técnica dominante nas edificações populares da época, as casas seguiam o modelo do bangalô simplificado: planta compacta, telhado de duas águas, varanda frontal e distribuição interna voltada à essencialidade — provavelmente com sala, um ou dois quartos, cozinha e área de serviço.
O projeto, registrado em uma única prancha, incluía:
- Planta do pavimento térreo (com as duas unidades representadas lado a lado);
- Planta de implantação, indicando a posição das construções no lote;
- Corte arquitetônico, revelando a estrutura do telhado e a altura das paredes;
- Fachada frontal, desenhada com sobriedade, mas com elementos decorativos típicos da estética residencial da Primeira República, como ripados, beirais salientes e molduras simples.
O Alvará de Construção nº 5631/1928 foi emitido ainda naquele ano, atestando a autorização e a provável execução da obra.
José Palaniza: Proprietário, Talvez Locador
O nome José Palaniza sugere origem hispânica — possivelmente espanhola, basca ou de descendência judaica sefardita — o que se alinha com a presença de imigrantes ibéricos em Curitiba naquele período, embora em número menor que os alemães, italianos e poloneses.
O fato de ter encomendado duas casas em vez de uma levanta possibilidades interessantes:
- Talvez pretendesse morar em uma e alugar a outra, gerando renda contínua — prática comum entre pequenos proprietários urbanos;
- Ou destinava as unidades a filhos recém-casados, mantendo a família próxima;
- Poderia também ser um investimento imobiliário inicial, fruto de economias ou de atividade comercial local.
Independentemente da motivação, o projeto reflete uma lógica de uso inteligente do solo urbano, maximizando o valor de um único lote sem comprometer a habitabilidade.
O Destino das Casas: Efêmeras, Mas Documentadas
Embora tenham sido construídas — como indica o alvará e a existência do projeto —, as casas de José Palaniza não resistiram ao tempo. Em 2012, já estavam demolidas, provavelmente substituídas por edificações mais densas ou simplesmente abandonadas à deterioração.
Contudo, sua existência não foi apagada. O projeto original, preservado em microfilme digitalizado, encontra-se no Arquivo Público Municipal de Curitiba, integrando o vasto acervo do escritório Gastão Chaves — uma das principais fontes para o estudo da arquitetura residencial popular em Curitiba.
Significado Histórico: A Cidade que se Fazia em Pequenos Lotes
As duas casas de José Palaniza representam um modelo de urbanização horizontal e acessível que moldou bairros inteiros de Curitiba nas primeiras décadas do século XX. Enquanto os sobrados ecléticos marcavam o centro, nas ruas secundárias proliferavam moradias de madeira, erguidas por famílias que buscavam, acima de tudo, ter onde morar com dignidade.
Esse tipo de construção, embora raramente tombado ou celebrado, é essencial para entender:
- A expansão urbana desigual, com áreas de elite e zonas operárias coexistindo;
- A economia doméstica, baseada no aluguel de cômodos ou casas anexas;
- A transitoriedade do patrimônio popular, frequentemente sacrificado em nome do “progresso”.
Ficha Técnica Resumida
- Proprietário: José Palaniza
- Denominação inicial: Projecto para duas casas para o Snr. José Palaniza
- Denominação atual: Não registrada
- Categoria: Residência
- Subcategoria: Residência Econômica
- Endereço: Rua Lamenha Lins – Curitiba, Paraná
- Data do projeto: 21 de setembro de 11928
- Alvará de construção: Nº 5631/1928
- Material construtivo: Madeira
- Número de pavimentos: 1
- Área total por unidade: 44,00 m²
- Número de unidades: 2
- Situação em 2012: Demolido
- Documentação: Projeto arquitetônico (planta, implantação, corte, fachada) – Acervo do Arquivo Público Municipal de Curitiba
As casas de José Palaniza talvez tenham desaparecido do mapa físico de Curitiba, mas permanecem vivas nos arquivos — não como monumentos, mas como testemunhos sensíveis de uma cidade que se construiu também com sonhos modestos, paredes de madeira e o desejo comum de um lar próprio.
