Mulheres na Ciência: Lise Meitner
A incrível história da cientista que com grande coragem superou todos os preconceitos da época em que as mulheres não podiam nem cursar o ginásio, quanto menos a universidade.
Lise Meitner nasceu em Viena na Áustria em 1878 e sempre gostou de estudar. Sua irmã relata que ela dormia com um livro de matemática sob o seu travesseiro e gostava de ciências.
Mas no final do século XIX, as mulheres não podiam cursar a universidade. Elas deveriam aprender apenas o necessário, o útil para que se tornassem donas de casa, que servissem aos seus maridos e ser uma mãe exemplar. As meninas deveriam interromper os estudos quando da sua primeira menstruação.
Lise Meitner frequentou a escola até os 13 anos. Só em 1891 criaram o Gymnasium14 para garotas e Lise, em 20 meses, estudou o que os meninos estudaram em 8 anos, mesmo assim foi aprovada. Em 1901 ingressou na Universidade de Viena para estudar Física e em 906 ela tornou-se Dra. Meitner, a segunda mulher a ter um título de doutorado em Viena.
Ela teve aulas com o famoso físico Ludwig Boltzman, que viu muito potencial em Lise, a indicando para conhecer Max Planck. Mudou-se então para Berlim, mas na Alemanha ainda não permitiam mulheres na universidade e novamente Lise teve que enfrentar o preconceito contra as mulheres. Por indicação de Planck ela conheceu Otto Hahn, químico alemão, que a convidou para ser sua assistente no Instituto de Química da Universidade Friedrich Wilhelm.
Mas como era mulher, Lise só teve permissão para trabalhar num laboratório improvisado em uma oficina de marcenaria desativada no porão, que tinha sua própria entrada externa. Ela não podia colocar os pés no resto do instituto, incluindo o espaço do laboratório de Hahn no andar de cima. Se ela queria ir ao banheiro, ela tinha que usar um no restaurante da rua.
Ela não tinha salário e vivia de mesada de seu pai advogado, mas quando ele morreu ela teria que voltar para a Áustria. Foi ajudada por Planck que a nomeou sua assistente remunerada no Instituto de Física Teórica da Universidade Friedrich Wilhelm e Lise Meitner foi a primeira assistente científica feminina na Prússia.
As mulheres só receberam o direito de habilitação na Prússia em 1920 e, em 1922, Meitner recebeu sua habilitação. Ela foi a primeira mulher a receber sua habilitação em física na Prússia, e apenas a segunda na Alemanha.
Foram muitos anos de pesquisas, onde ela analisava os dados e resultados das experiências com elementos radioativos feitas por Otto Hahn em seu laboratório.
Sem entrar em detalhes técnicos, exista na época uma grande dúvida nos resultados de uma experiência feita por Fermi, um cientista italiano. Havia dúvida se teriam encontrado os elementos 93 e 94 da tabela periódica (que ainda eram desconhecidos). Vários cientistas do mundo se comunicavam e estudavam tentando confirmar aquele fato estranho.
Em 1938 os alemães invadiram a Austria e Lise Meitner teve que fugir para a Suécia, tornando-se cidadã sueca. Ela continuou trabalhando com Otto por correspondência e encontros secretos. Otto também não entendia a experiência de Fermi. No final de dezembro de 1938, Lise com seus cálculos desvendou o tal fenômeno inédito: O núcleo de Urânio havia se dividido em 2 núcleos mais leves: Bário e Criptônio.
Lise publicou o resultado na edição de fevereiro da Nature de 1939, dando o nome de "fissão nuclear". Em 15 de novembro de 1945, a Real Academia Sueca de Ciências anunciou que Hahn havia recebido o Prêmio Nobel de Química de 1944 por "sua descoberta da fissão de núcleos atômicos pesados". Ela não recebeu o Prêmio Nobel, mas sem as contribuições de Meitner, Hahn não teria descoberto que o núcleo de urânio pode se dividir ao meio.
Mais tarde Lise recebeu dezenas e dezenas de prêmios de ciências. Einstein a chamava de Marie Curie alemã. Lise teve seu nome dado ao elemento químico número 109 da Tabela Periódica, o Meitnério (homenagem imortalizada).
Leituras para estudantes: https://stringfixer.com/pt/L._Meitner e
https://repositorio.ufba.br/.../IsabelleLima_tese%20de...
Foto: Lise Meitner w Otto Hahn. Fonte: RIFE, (2017,I 1947)
Grupo: Divulgação de fatos e conhecimentos: ciências e afins.