O Dia da Caridade: Quando Curitiba Parou para Celebrar a Solidariedade — Um Jornal Especial de 1925
O Dia da Caridade: Quando Curitiba Parou para Celebrar a Solidariedade — Um Jornal Especial de 1925
“Em meio aos anúncios de pílulas e cerâmicas, uma página inteira foi dedicada à bondade humana. E nela, o Brasil de 1925 mostrou seu lado mais nobre.”
Em outubro de 1925, enquanto o mundo se preparava para entrar na era do jazz, do cinema falado e das primeiras viagens aéreas, a cidade de Curitiba viveu um momento raro: um dia inteiro dedicado à caridade, à solidariedade e ao amor ao próximo.
O jornal O Dia — publicação diária da capital paranaense — lançou uma edição especial intitulada “O Dia da Caridade”, com páginas repletas de textos emocionantes, fotos de crianças carentes, poemas inspiradores e até anúncios de empresas que se comprometiam a doar parte dos lucros.
Hoje, revisitamos essa edição histórica — entre retratos de poetas, crônicas sociais e propagandas de medicamentos — para entender como era celebrar a bondade no Brasil dos anos 1920.
🕊️ “O Dia da Caridade”: Um Evento que Mobilizou a Cidade
Na primeira página, o título principal — “O Dia da Caridade” — é exibido em letras grandes, acompanhado de um coração estilizado e uma foto de crianças sorrindo. O texto explica que o evento foi organizado pela Sociedade de Beneficência de Curitiba, com o apoio de autoridades civis e religiosas.
O objetivo era simples, mas profundo:
“Reunir a comunidade para ajudar os necessitados — especialmente crianças, idosos e famílias desamparadas.”
Entre as atividades programadas:
- Coleta de alimentos e roupas nas ruas da cidade;
- Apresentações culturais em praças públicas;
- Leilão de objetos doados por comerciantes locais;
- Missas especiais em todas as igrejas.
O jornal destaca que, mesmo em uma época de poucos recursos, a população respondeu com entusiasmo:
“Mais de mil pessoas compareceram ao evento principal, realizado na Praça Tiradentes. E todos saíram com o coração cheio de esperança.”
Essa celebração revela um aspecto pouco lembrado da história brasileira: a força da solidariedade comunitária. Em tempos de crise, as pessoas não esperavam pelo Estado — elas se uniam, organizavam e agiam.
📜 As Hermanas dos Poetas — Uma Homenagem Literária à Caridade
Na mesma página, uma seção intitulada “As Hermanas dos Poetas” apresenta retratos e biografias de escritores curitibanos que dedicaram seus versos à caridade e à justiça social.
Entre os homenageados:
- Dr. João Batista de Almeida, poeta e médico, que escreveu:
“A caridade não é esmola — é justiça. E quem dá, não perde — ganha alma.”
- Maria Lacerda de Moura, educadora e feminista, que defendia:
“A verdadeira caridade começa em casa — com respeito, amor e compreensão.”
- José Carlos de Oliveira, jornalista e cronista, que afirmava:
“O homem que ajuda o próximo, constrói um futuro melhor — para todos.”
Esses textos são um retrato perfeito da intelectualidade engajada da época — quando os poetas não eram apenas artistas, mas também profetas sociais, que usavam a palavra para transformar o mundo.
🎭 Uma Comemoração Histórica na Vida de Curitiba — Teatro, Música e Emoção
Na segunda página, o jornal dedica espaço a uma comemoração histórica na vida de Curitiba: a realização de um festival de teatro e música em homenagem ao Dia da Caridade.
O evento, realizado no Teatro Guairacá, contou com apresentações de peças clássicas, concertos de música sacra e até um número de dança folclórica. O público — composto por autoridades, comerciantes e famílias comuns — lotou o teatro, emocionando-se com as performances.
Um trecho do programa diz:
“Cada nota, cada gesto, cada palavra foi dedicada àqueles que sofrem — e à esperança de um mundo melhor.”
Detalhe curioso: o festival foi transmitido ao vivo pelo Rádio Guairacá, permitindo que pessoas de outras regiões acompanhassem o evento. Era a primeira vez que um ato filantrópico era levado ao rádio — antecipando, em décadas, o modelo de campanhas solidárias que hoje vemos em TV e redes sociais.
💬 Estertora, Canalha! — A Crônica Social que Faz Rir (e Pensa)
Na terceira página, uma coluna intitulada “Estertora, canalha!” oferece um contraponto divertido à solenidade do Dia da Caridade.
Escrita por um tal “Finados”, o texto é uma crítica irônica às pessoas que “fingem ser caridosas, mas só querem aparecer”. O autor descreve personagens como:
- O “canalha da esquina”, que doa um quilo de arroz, mas depois cobra dívidas com juros altos;
- A “senhora do chapéu”, que vai à missa com vestido novo, mas ignora os pobres na porta da igreja;
- O “político do discurso”, que fala de caridade, mas nunca doa um centavo.
A coluna termina com uma frase que ainda soa atual:
“Caridade não é teatro. É silêncio, entrega e amor sem expectativa.”
Essa crônica é um tesouro histórico — mostra que, mesmo em 1925, as pessoas já se questionavam sobre a autenticidade dos gestos humanitários. E que o humor, usado com inteligência, pode ser uma ferramenta poderosa para criticar o poder e promover a reflexão.
🛍️ Anúncios, Propagandas e o Espírito Empresarial da Época
Na quarta página, uma série de anúncios mostra como o comércio local se envolveu com o Dia da Caridade.
Entre os destaques:
- “Industrial Cerâmica Brasil”: oferecia descontos em produtos para quem doasse alimentos;
- “Afiliataria Universal”: anunciava que parte dos lucros seria destinada à Sociedade de Beneficência;
- “Casa Bichara”: promovia uma liquidação final, com 50% de desconto, e doaria 10% das vendas para o evento.
Também chamam atenção os anúncios de medicamentos — como o “VANADIOL”, descrito como “o mais poderoso analgésico do mundo”, e o “Pellotin”, indicado para “dores de cabeça e nervosismo”.
Esses anúncios revelam um aspecto fascinante da época: a união entre negócios e filantropia. As empresas entendiam que ajudar os necessitados não era apenas um dever moral — era também um investimento em reputação e lealdade dos consumidores.
Por Que Isso Importa Hoje?
Porque o Dia da Caridade de 1925 não é apenas um evento histórico — é um espelho da alma humana. Mostra que, mesmo em tempos de crise, as pessoas podem se unir, organizar e agir com generosidade.
Revisitar essas páginas não é nostalgia. É reafirmar que, por trás de cada anúncio, cada foto, cada poema, havia pessoas sonhando, trabalhando e construindo um futuro que, de certa forma, nós herdamos.
E se você acha que o mundo mudou demais... olhe novamente para esses documentos. Você verá que, no fundo, as motivações humanas permanecem as mesmas: buscar segurança, reconhecimento, progresso — e, claro, um bom negócio.
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