A CENTENÁRIA
LIVRARIA E PAPELARIA JOÃO HAUPT
Em dezembro de 1875, nascia João Haupt, na cidade de Sternberg, Moravia (hoje República Tcheca). Em 1893, a família chega ao Brasil, desembarcando em Porto Alegre, mas por pouco tempo permanece por lá, vindo morar em Curitiba.
Em 1911, João Haupt funda a Livraria e Tipografia João Haupt & Cia, juntamente com Francisco Juksch, seu cunhado, funcionando na Rua São Francisco n° 41, centro, em Curitiba.
O edifício foi construído com economias e pequeno empréstimo, tinha no pavimento térreo o espaço para uma loja comercial e no fundo, espaço para as futuras oficinas. No andar superior instalou um bom apartamento residencial, com todo conforto daquele tempo.
Em 22/03/1911, o jornal curitibano Der Kompass (A Bússola), publica comunicado de "abertura da firma João Haupt & Cia. com ramo de livraria, papelaria, materiais para escritórios, oficina de encadernações e etc."
Logo depois, instalou máquinas tipográficas
e passou a atender serviços de tipografia, officina de encadernação artistica, pautação, douração e fabrica de livros em branco e caixas de papelão”, conforme um anúncio publicado na primeira edição da “Gazeta do Povo”, que circulou em 03/02/1919.
Paulo Afonso Groetzner, primeiro neto de João, escreveu sobre ele e sobre a empresa:
"Eu tive o privilégio de ser o primeiro neto de João Haupt, portanto o que mais conviveu em sua companhia. Seus exemplos e ensinamentos marcaram muito a minha formação. Com ele aprendi a gostar dos livros, da literatura e da arte. Ensinou-me a apreciar a música séria, sem desprezar a música popular; conhecer a sua história, seus mestres e os seus instrumentos. Sua bondade e serenidade, foram marcantes, em todas as fases da sua vida."
"Desde muito jovem, João Haupt dedicou-se ao estudo de música. Com 16 anos já escrevia música com perfeição. Tudo o que ficou registrado de sua atividade musical na sociedade Curitibana comprova o seu imenso conhecimento profissional e artístico. Dominou com perfeição a teoria musical, escreveu músicas, estudou composição e harmonia.
Foi maestro, compositor, instrumentista e professor de música. Como instrumentista tocava violino, viola de orquestra, piano e cítara.
Para suplementar sua renda dava aulas particulares de música às jovens de famílias abastadas."
"A tipografia de João Haupt foi durante várias décadas a impressora preferida da comunidade acadêmica da Universidade do Paraná. Era comum ver professores, alunos e funcionários das diversas faculdades presentes nas oficinas, efetuando revisões e correções de textos. Nomes ilustres como Lysimaco Costa, Nilo Cairo, Sá Nunes, Mansur Guérios, Liguarú Espírito Santo e tantos outros foram clientes e amigos de João Haupt, contribuindo em muito para o desenvolvimento do ensino superior de Curitiba."
"A João Haupt & Cia. tinha um serviço de impressão de mensagens de condolências gravadas nas fitas de tecido que acompanhavam as coroas funerárias. A prensa era manual, os tipos de madeira, as fitas de tecido de cor roxa, a tinta a óleo preta e acabamento final com pó de ouro. A impressão a pedido podia ser executada em ambas as faces. Havia um formulário onde o freguês determinava por escrito a mensagem e as demais informações a serem impressas. O chefe do setor, um alemão velho chamado
Zimm, tinha um ajudante jovem, bem alfabetizado, mas que nada sabia de escritas germânicas. Certo dia, justamente quando Zimm ficara em casa acometido de forte gripe, entrou um pedido escrito em alemão:
RUHE SANFT (AUF BEIDEN SEITEN).
O jovem ajudante não encontrou na caixa de tipos o símbolo de parênteses e resolveu colocar uma vírgula. Ninguém conferiu, e a coroa foi enviada com a fita caprichosamente impresso em um só lado:
"RUHE SANFT, AUF BEIDEN SEITEN"
Tradução:
"DESCANSE EM PAZ, DOS DOIS LADOS"
Foi assunto para comentários indignados e um prato cheio para os gozadores de plantão."
João casou com Bertha Jucksch em 30/01/1904 e tiveram os filhos Affonso João, Mercedes e Elvira.
João Haupt faleceu em 1962, aos 87 anos.
Atualmente a empresa a que João Haupt deu início é conduzida pelo bisneto Joao César, de 60 anos.
O prédio da papelaria João Haupt é uma Unidade de Interesse de Preservação.
(Fotos: Acervo Paulo Afonso Groetzner)
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