Denominação inicial: Projéto de Bungalow para o Snr. Alfredo Pfeiffer
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Pequeno Porte
Endereço: Rua João Manoel
Número de pavimentos: 2
Área do pavimento: 146,50 m²
Área Total: 146,50 m²
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico: 22/05/1935
Alvará de Construção: Nº 1228/1935
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de bangalô e muro e, Alvará de Construção.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
Referências:
1 – CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto de Bungalow. Planta dos pavimentos térreos e superior, implantação, corte, fachada frontal e muro apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
2 - Alvará n.º 1228
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.
Projeto de Bungalow para o Senhor Alfredo Pfeiffer: Um Retrato da Vida Burguesa em Curitiba nos Anos 1930
Introdução: Quando um Bungalow Era Símbolo de Distinção
Em maio de 1935, em pleno auge do desenvolvimento urbano de Curitiba, o arquiteto Eduardo Fernando Chaves entregava um projeto discreto, porém revelador de seu tempo: o Bungalow do Senhor Alfredo Pfeiffer, localizado na Rua João Manoel. Concebido como uma residência de pequeno porte, mas com dois pavimentos e um muro delimitador, o projeto refletia tanto o gosto arquitetônico cosmopolita da elite curitibana quanto as transformações sociais e urbanas que marcavam a capital paranaense na primeira metade do século XX.
Embora o edifício tenha sido demolido antes de 2012, sua existência permanece documentada em uma prancha arquitetônica e em seu alvará original — testemunhos silenciosos de um modo de viver que valorizava a privacidade, a elegância doméstica e a integração entre forma e função.
O Morador: Alfredo Pfeiffer e Seu Lugar na Cidade
Pouco se sabe sobre Alfredo Pfeiffer além do que os documentos oficiais revelam: um cidadão que, em 1935, dispunha de recursos suficientes para encomendar um projeto arquitetônico completo, incluindo não só a casa, mas também o muro que a circundaria — elemento-chave na afirmação de propriedade privada e distinção social.
Seu sobrenome sugere ascendência alemã, comum entre famílias que se estabeleceram em Curitiba desde o século XIX. Muitos desses imigrantes e seus descendentes tornaram-se comerciantes, industriais ou profissionais liberais, integrando-se à elite urbana e contribuindo para a formação de um tecido social marcado pela diversidade étnica e pelo empreendedorismo.
Ao escolher a Rua João Manoel — via localizada em área residencial consolidada, próxima ao centro da cidade —, Pfeiffer demonstrava preferência por um endereço que equilibrava conveniência, tranquilidade e status.
O Projeto Arquitetônico: Simplicidade com Refinamento
O Projeto de Bungalow para o Senhor Alfredo Pfeiffer foi assinado em 22 de maio de 1935 por Eduardo Fernando Chaves, arquiteto atuante em Curitiba durante as décadas de 1930 e 1940, conhecido por projetos residenciais que mesclavam elementos tradicionais com traços de modernidade incipiente.
As principais características técnicas do projeto eram:
- Categoria: Residência
- Subcategoria: Residência de pequeno porte
- Endereço: Rua João Manoel
- Número de pavimentos: 2
- Área do pavimento: 146,50 m²
- Área total construída: 146,50 m² (registro típico da época, em que a área total era frequentemente computada com base no térreo, mesmo em edificações de múltiplos andares)
- Material construtivo: Alvenaria de tijolos — padrão da construção civil curitibana, associado à durabilidade e ao prestígio
- Alvará de Construção: nº 1228/1935
A prancha arquitetônica original, hoje preservada em microfilme digitalizado, inclui:
- Planta do pavimento térreo
- Planta do pavimento superior
- Planta de implantação no terreno
- Corte transversal
- Fachada frontal
- Projeto do muro perimetral
O termo “bungalow”, de origem indiana e popularizado nos Estados Unidos e na Europa no início do século XX, designava uma residência térrea ou de dois pavimentos, de planta aberta, com varandas e telhado inclinado. No contexto curitibano, o bungalow era reinterpretado com materiais locais e proporções adaptadas ao clima e ao terreno, mantendo, porém, o espírito de intimidade e conforto doméstico.
A inclusão do muro no projeto era significativa: não apenas delimitava a propriedade, mas também simbolizava a transição entre o espaço público e o privado — um conceito cada vez mais valorizado nas cidades modernas.
Contexto Histórico: Curitiba em Transformação
O ano de 1935 situava-se em um período de intensa modernização urbana em Curitiba. A cidade, que havia se tornado capital do Paraná em 1853, vivia um crescimento populacional e econômico impulsionado pela cafeicultura, pela indústria incipiente e pela chegada de novas levas de imigrantes.
Nesse cenário, a arquitetura residencial refletia uma busca por identidade moderna sem romper com o gosto tradicional. Projetos como o de Pfeiffer combinavam estruturas sólidas (alvenaria de tijolos), planta funcional e detalhes estilizados — sem ostentação, mas com clara intenção estética.
A Rua João Manoel, embora não fosse uma das vias mais aristocráticas como a Batel ou a Marechal Deodoro, integrava o conjunto de ruas residenciais que formavam o “miolo” urbano da cidade — lugar ideal para famílias de classe média alta que desejavam proximidade com o centro sem abrir mão do sossego.
O Desaparecimento: Uma Perda Silenciosa
Assim como muitas residências históricas de pequeno e médio porte em Curitiba, o bungalow de Alfredo Pfeiffer não resistiu à renovação imobiliária do século XXI. Demolido antes de 2012, provavelmente para dar lugar a um edifício de apartamentos ou a um empreendimento comercial, seu fim ilustra o desafio contínuo entre desenvolvimento urbano e preservação do patrimônio edificado comum — aquele que, embora não monumental, conta a história cotidiana da cidade.
Felizmente, seu projeto sobrevive nos arquivos. A prancha assinada por Eduardo Fernando Chaves e o alvará nº 1228/1935 permitem reconstruir, ainda que virtualmente, sua forma, proporção e intenção.
Conclusão: O Valor do Cotidiano Arquitetônico
O bungalow de Alfredo Pfeiffer nunca foi um monumento. Não abrigou eventos históricos nem figuras públicas. Mas foi lar. Foi o lugar onde refeições foram servidas, crianças cresceram, e decisões familiares foram tomadas. Sua arquitetura, aparentemente modesta, era parte de um tecido urbano onde cada casa contribuía para a identidade coletiva da cidade.
Preservar a memória de edifícios como este não é nostalgia — é reconhecer que a história de uma cidade está também nas casas que já não existem, mas que, por meio de documentos, continuam a ensinar sobre quem fomos e como vivemos.
Em cada planta arquitetônica esquecida, há uma vida que merece ser lembrada.
Fontes:
- CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto de Bungalow para o Snr. Alfredo Pfeiffer. Planta dos pavimentos térreo e superior, implantação, corte, fachada frontal e muro. Microfilme digitalizado.
- Alvará de Construção nº 1228/1935. Arquivo Municipal de Curitiba.
- Estudos sobre a arquitetura residencial em Curitiba (1920–1950). IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba.




Nenhum comentário:
Postar um comentário