Denominação inicial: Projecto de Bungalow para Snra. Vera Maria Munhoz da Rocha
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Médio Porte
Endereço: Rua Visconde do Rio Branco
Número de pavimentos: 2
Área do pavimento: 280,00 m²
Área Total: 280,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico: 19/03/1930
Alvará de Construção: N° 0103/1930
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de um bangalô.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
Referências:
1 - GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Bungalow para Snra. Vera Maria Munhoz da Rocha. Planta, corte e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
1 - Projeto Arquitetônico.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.
Projeto de Bungalow para a Senhora Vera Maria Munhoz da Rocha: Elegância Residencial na Curitiba dos Anos 1930
Introdução: Uma Casa para uma Senhora de Distinção
Em 19 de março de 1930, em plena efervescência do desenvolvimento urbano de Curitiba, era registrado um projeto arquitetônico que revelava tanto o gosto estético da época quanto a crescente presença feminina como proprietária de imóveis: o Bungalow da Senhora Vera Maria Munhoz da Rocha. Localizado na Rua Visconde do Rio Branco, um dos endereços mais prestigiados da cidade na primeira metade do século XX, o edifício foi concebido como uma residência de médio porte, de dois pavimentos e sólida construção em alvenaria de tijolos.
Embora demolido antes de 2012, o bungalow sobrevive nos traços precisos de uma prancha arquitetônica elaborada pelo escritório Gastão Chaves & Cia., um dos mais atuantes na Curitiba daquele período. Sua história é um testemunho silencioso de uma era em que residências particulares eram pensadas como expressões de identidade, status e conforto familiar.
A Proprietária: Vera Maria Munhoz da Rocha
O fato de o projeto ter sido encomendado em nome de uma mulher — Vera Maria Munhoz da Rocha — é significativo para a época. Em um contexto social ainda fortemente patriarcal, a posse de imóveis por mulheres, especialmente sob seu nome próprio, indicava autonomia econômica, herança familiar ou papel ativo em negócios. Seu sobrenome sugere raízes em famílias tradicionais do Paraná, possivelmente ligadas à cafeicultura, ao comércio ou à administração pública.
Ao escolher a Rua Visconde do Rio Branco, Vera posicionava-se em um corredor residencial de elite. A via, que ligava o centro à região dos Campos Gerais, era habitada por magistrados, médicos, engenheiros e comerciantes de destaque — um verdadeiro retrato da burguesia curitibana em formação.
O Projeto Arquitetônico: Sofisticação em Alvenaria
Desenvolvido pelo renomado escritório Gastão Chaves & Cia., o projeto foi protocolado em 19 de março de 1930 e aprovado sob o Alvará de Construção nº 0103/1930. Suas características técnicas revelam um equilíbrio entre funcionalidade e refinamento:
- Categoria: Residência
- Subcategoria: Residência de médio porte
- Endereço: Rua Visconde do Rio Branco
- Número de pavimentos: 2
- Área do pavimento: 280,00 m²
- Área total construída: 280,00 m² (registro comum na época, em que a área total era frequentemente computada com base na planta do pavimento principal, mesmo em edificações de múltiplos andares)
- Técnica construtiva: Alvenaria de tijolos — material símbolo de solidez, durabilidade e prestígio nas construções urbanas de Curitiba
A prancha original, hoje preservada em microfilme digitalizado, inclui:
- Planta arquitetônica (provavelmente do térreo, com possibilidade de sobreposição de informações do pavimento superior)
- Corte construtivo
- Fachadas frontal e lateral
O termo “bungalow”, embora de origem colonial britânica e inicialmente associado a moradias térreas, foi adaptado no Brasil para designar residências de um ou dois pavimentos, com telhado inclinado, varandas e planta distribuída de forma a garantir privacidade e ventilação cruzada. No caso de Vera Maria, o projeto de dois andares elevava a tipologia a um patamar de maior sofisticação, sem perder o espírito acolhedor que definia o bungalow.
Contexto Urbano: A Rua Visconde do Rio Branco como Símbolo de Prestígio
Na década de 1930, a Rua Visconde do Rio Branco era um dos endereços mais cobiçados de Curitiba. Localizada próxima ao centro, mas com características residenciais marcantes, a via abrigava mansões, sobrados e cottages de famílias que compunham a elite intelectual, política e econômica da capital.
Construir ali era afirmar pertencimento a um círculo social restrito. A presença de muros, jardins e fachadas cuidadosamente desenhadas — como a do bungalow de Vera — reforçava a distinção entre o espaço público e o doméstico, conceito central na urbanidade moderna.
O Desaparecimento: Entre a Memória e a Modernização
Apesar de seu porte e localização privilegiada, o bungalow não resistiu às pressões do desenvolvimento imobiliário do século XXI. Demolido antes de 2012, provavelmente para dar lugar a um edifício de apartamentos ou a um empreendimento comercial, o edifício seguiu o destino de inúmeras residências históricas de Curitiba — apagadas do mapa físico, mas não do arquivo.
Felizmente, o projeto arquitetônico permanece acessível graças ao trabalho de preservação documental. A prancha da Gastão Chaves & Cia., com seus traços limpos e proporções equilibradas, permite imaginar não apenas a forma da casa, mas também o modo de vida que abrigou.
Conclusão: O Legado Silencioso das Residências Particulares
O bungalow de Vera Maria Munhoz da Rocha não foi um marco arquitetônico declarado, mas faz parte do patrimônio invisível da cidade — aquele composto por edifícios comuns que, em conjunto, definiram o caráter urbano de Curitiba. Sua demolição é uma perda, mas sua documentação é um ganho: prova de que a história urbana não está apenas nos grandes palacetes, mas também nas casas que, com discrição e elegância, abrigaram gerações.
Preservar a memória dessas construções é reconhecer que cada planta arquitetônica é um retrato de uma época, de um desejo e de uma pessoa — neste caso, de uma mulher que, em 1930, fez da arquitetura um ato de afirmação.
Fontes:
- GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Bungalow para Snra. Vera Maria Munhoz da Rocha. Planta, corte e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
- Alvará de Construção nº 0103/1930. Arquivo Municipal de Curitiba.
- Estudos sobre a arquitetura residencial em Curitiba (1920–1940). IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba.

Nenhum comentário:
Postar um comentário