BECO, O LOBISOMEM DE ANTONINA
LENDA URBANA:
BECO, O LOBISOMEM DE ANTONINA
Havia no bairro Portinho, em Antonina, um homem chamado Belmiro, apelidado de Béco. Ele era um homem simples que vivia em um barraco com um cachorro mal encarado, chamado Tico. O velho bebia mais que alemão em uma piscina de cerveja no deserto.
Quase que diariamente, Béco se deslocava até o centro da cidade para comprar fumo e pinga no boteco do Mercado Municipal. Esse era o prazer do pobre velho, que era de pequena estatura, magricelo, falava muito pouco, tinha cabelos grisalhos, um olhar sinistríssimo e sempre assoviava a "Valsa Vianense".
Assim como Dom Quixote e Sancho Pança, Béco e Tico eram amissíssimos e inseparáveis. Onde estava Béco, estava Tico, e onde estava Tico, estava Béco. Era algo anormal.
Nas sextas-feiras de lua cheia, não se via eles de dia pela cidade, pois ambos não saiam de casa. Parecia que ficavam fazendo algum tipo de ritual dentro do barraco. Mas à noite, perto da meia-noite, Béco e seu amigo iam até o Mirante da Pedra (Pedra Santa) e segundo relata Paulinho Siri, que por algumas vezes os seguiu até o Mirante, Béco e Tico se abraçavam, e no momento do abraço, uma luz irradiava de ambos e ouvia-se um grito horripilante, e ali era realizada a fusão, nascendo aquilo que se tem por lobisomem.
Pontualmente, à meia-noite, o lobisomem uivava por 7 vezes seguidas, deixando toda a vizinhança muito assustada. Em uma dessas ocasiões, Zé Pelego, que morava no bairro Laranjeiras, assustou-se com os uivos do lobisomem e acabou tendo uma parada cardíaca e falecendo em seguida.
Ninguém saía de casa após ouvir os uivos. A situação era ainda mais assustadora e dramática quando, pela manhã, alguns animais eram encontrados mortos na vizinhança. O lobisomem chupava o sangue desses animais e depois jogava os corpos na rua ou no mato.
Hoje, quase 20 anos após a morte da dupla, ainda há quem diga que Béco e Tico visitam a Pedra Santa nas sextas-feiras de lua cheia.
— Jhonny Arconi