O Caso Araceli: Uma Chama que Não Pode se Apagar
O Caso Araceli: Um Crime que Mudou o Brasil — e uma Luta que Não Pode Parar
Em 2 de julho de 1964 , nascia em São Paulo Araceli Cabrera Sánchez Crespo — uma menina cuja infância foi brutalmente interrompida e cujo nome se tornaria símbolo da luta contra a violência sexual infantil no Brasil.
Na sexta-feira, 18 de maio de 1973 , aos oito anos de idade, Araceli saiu mais cedo do Colégio São Pedro, em Vitória (ES), a pedido da mãe, para pegar o ônibus de volta para casa. Nunca cheguei.
Seis dias depois, seu corpo foi encontrado em um matagal próximo ao Hospital Infantil. Estava desfigurado por ácido, em estado avançado de confiança — mas ainda carregava as marcas inequívocas de abuso sexual e violência extrema, confirmadas pela perícia. O crime, traição em plena ditadura militar, chocou o país e abriu uma ferida profunda na sociedade brasileira.
As investigações foram marcadas por omissões, pressões políticas e uma rede de proteção em torno dos acusados — todos pertencentes a famílias tradicionais e influentes do Espírito Santo. Após anos de apurações conturbadas, o Ministério Público denunciou três homens: Paulo Constanteen Helal , Dante Brito Michelini (conhecido como Dantinho) e seu pai, Dante de Barros Michelini .
A denúncia afirmava que os dois jovens teriam “arquitetado um plano diabólico para possuí-la sexualmente, usando de todos os recursos, mesmo que fosse necessário sacrificá-la” — o que, tragicamente, aconteceu.
O caso ganhou repercussão nacional. Foi capa de jornais, tema de programas de rádio e TV — incluindo o Globo Repórter — e produziu peças teatrais e o livro-reportagem “Aracelli, meu amor” , do jornalista José Louzeiro (1932–2017). Lançado em 1976, o livro foi censurado pela ditadura militar após pressão dos advogados dos acusados, cujas famílias tinham ligações estreitas com o aparato de segurança do regime.
Mais grave ainda: ao longo das investigações, descobertas de pessoas ligadas ao caso morreram em situações misteriosas , alimentando suspeitas de que houve uma operação deliberada para eliminar testemunhas e encobrir a verdade.
Em 1980 , os três réus foram condenados . Mas, em 1991 , após novo julgamento repleto de controvérsias, foram absolvidos por “falta de provas” — decisão fundamentada em uma sentença de mais de 700 páginas, elaborada pelo juiz Paulo Copolilo após cinco anos de análise. Até hoje, muitos questionaram a autorização e a integridade desse desfecho.
Ninguém foi punido. A justiça não foi feita.
Mas a memória de Araceli resistiu.
Em sua homenagem, a Lei nº 9.970, de 17 de maio de 2000 , instituiu o 18 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes — não como uma data de celebração, mas como um ato de resistência , um grito por proteção e um compromisso coletivo .
Araceli Cabrera não é apenas uma vítima do passado. É um farol que nos lembra: enquanto houver impunidade, haverá novos Aracelis.
Por isso, nossa luta não pode parar . Por justiça. Por memória. Por todas as crianças.
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