Francisco de Siqueira Cortes Nascido (Ent 1680 e 1705) - Curitiba, Sô Paulo, Brasil Falecido a 27 de abril de 1773 (terça-feira) - Curitiba, Paraná, Brasil
Francisco de Siqueira Cortes: Um Patriarca entre Família, Fé e as Complexidades da Colônia
Nascido entre 1680 e 1705 em Curitiba — então parte da capitania de São Paulo, ainda distante do status de província —, Francisco de Siqueira Cortes viveu quase todo o século XVIII, testemunhando a lenta transformação de uma vila fronteiriça em um núcleo de resistência, fé e identidade no sul do Brasil colonial. Faleceu em 27 de abril de 1773, uma terça-feira, na mesma terra que o viu nascer, deixando para trás uma história entrelaçada com os fios da família, da escravidão e da sobrevivência em uma região marcada pela rusticidade e pela devoção.
Filho de Luís de Góis (cuja data de morte não foi registrada) e de Maria de Siqueira Cortes (nascida em 1654), Francisco pertencia a uma linhagem de pioneiros. Sua avó materna, também chamada Maria de Siqueira, falecera em 1679 em São Paulo, e seu avô materno, Inocêncio Fernandes Preto, morrera ainda antes, em 1679, em Atibaia — indícios de que a família já circulava entre os núcleos paulistas antes de se fixar nos Campos Gerais.
Na infância, Francisco cresceu ao lado de irmãos cujas vidas também se entrelaçaram com a história local:
- Miguel de Góis de Siqueira, nascido em 1686 em Curitiba, que viria a casar-se em 1713 com Isabel Fernandes da Silva;
- Maria da Graça Siqueira, batizada em 12 de agosto de 1687;
- Antônio de Siqueira Cortes, que se uniu em matrimônio por volta de 1707 a Maria das Neves;
- Maria Nunes de Siqueira, cuja trajetória permanece envolta em silêncio documental;
- e Catarina de Siqueira Cortes, que viveria até 1795, ultrapassando em mais de duas décadas a morte do irmão Francisco.
A vida de Francisco foi marcada por dois laços conjugais distintos — um visível nos registros eclesiásticos, outro quase apagado pela história oficial, mas essencial para compreender a realidade social da época.
Por volta de 1731, em Curitiba, desposou Catharina Mendes Barbuda, nascida em 1699, mulher de origem respeitável na vila. Com ela, construiu um lar que durou quase quatro décadas, até a morte dela em 2 de março de 1769. Seu enterro ocorreu em março daquele ano, provavelmente na mesma igreja que abençoara seu matrimônio — a antiga Matriz de Nossa Senhora da Luz, centro espiritual e social da comunidade.
Mas antes ou paralelamente a esse matrimônio, Francisco também teve uma relação com Jozefa, uma mulher escravizada, cujo nome não foi preservado com sobrenome, apenas com o rótulo de sua condição: “Jozefa Escravizada”. Embora os detalhes sejam escassos — como quase sempre ocorre com as vidas das pessoas escravizadas nos arquivos coloniais —, sua menção nos registros genealógicos é um testemunho silencioso da complexidade das relações de poder, afeto e violência que marcaram a sociedade brasileira. A presença de Jozefa na história de Francisco não deve ser apagada, mas reconhecida como parte da verdadeira tessitura do passado: feita de contradições, hierarquias e humanidades cruzadas.
Francisco viveu até os seus 80 ou 90 anos — uma longevidade notável para a época — e faleceu em 27 de abril de 1773, em Curitiba, já então parte da recém-criada Capitania do Paraná (desmembrada de São Paulo em 1748). Seu testamento, se existiu, não foi localizado; seu túmulo, talvez anônimo, repousa sob o solo de uma cidade que ele ajudou a consolidar, ainda que em silêncio.
Sua vida não foi marcada por feitos heroicos ou títulos nobiliárquicos. Mas foi profundamente humana: feita de casamentos, lutos, filhos (registrados ou não), trabalho nos campos, missas dominicais e decisões cotidianas que, somadas, construíram a base da sociedade paranaense.
Hoje, ao lembrar Francisco de Siqueira Cortes, lembramos também Catharina, sua esposa de quatro décadas, e Jozefa, cuja voz foi calada, mas cuja existência insiste em retornar. Lembramos seus irmãos, seus sobrinhos, os sinos da igreja tocando ao longe, e o vento soprando sobre os pinheirais — testemunhas silenciosas de uma era que ainda vive em nossos nomes, ruas e memórias.
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- Nascido (Ent 1680 e 1705) - Curitiba, Sô Paulo, Brasil
- Falecido a 27 de abril de 1773 (terça-feira) - Curitiba, Paraná, Brasil
Pais
Casamento(s)
- Casado (Circa 1731), Curitiba, PR, Brasil, com Catharina Mendes Barbuda 1699-1769
- Casado com Jozefa Escravizada ? †
Irmãos
Maria Nunes de Siqueira †
Miguel de Góis de Siqueira 1686-
Maria Da Graca Siqueira 1687-
Antônio de Siqueira Cortes †
Francisco de Siqueira Cortes †1773
Catarina de Siqueira Cortes †1795
(esconder) |
Acontecimentos
(Ent 1680 e 1705) : | Nascimento - Curitiba, Sô Paulo, Brasil Fontes: FamilySearch Family Tree (https://www.familysearch.org) - "FamilySearch Family Tree," database, FamilySearch - The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints - accessed 15 Mar 2025), entry for Francisco de Siqueira Cortes, person ID MTJG-D74. |
--- : | FamilySearch ID MTJG-D74 |
(Circa 1731) : | Casamento (com Catharina Mendes Barbuda) - Curitiba, PR, Brasil |
--- : | Casamento (com Jozefa Escravizada ?) |
27 de abril de 1773 : | Morte - Curitiba, Paraná, Brasil Fontes: FamilySearch Family Tree (https://www.familysearch.org) - "FamilySearch Family Tree," database, FamilySearch - The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints - accessed 15 Mar 2025), entry for Francisco de Siqueira Cortes, person ID MTJG-D74. |
Notas
Notas individuais
Name Prefix: Capitô
Fontes
- Pessoa: FamilySearch Family Tree (https://www.familysearch.org) - "FamilySearch Family Tree," database, FamilySearch - The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints - accessed 15 Mar 2025), entry for Francisco de Siqueira Cort - es, person ID MTJG-D74. - 3
- Nascimento, morte: FamilySearch Family Tree (https://www.familysearch.org) - "FamilySearch Family Tree," database, FamilySearch - The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints - accessed 15 Mar 2025), entry for Francisco de Siqueira Cortes, person ID MTJG-D74.
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