Dona Domitila de Castro Canto e Melo (1797-1867), a Marquesa de Santos, amante do Imperador Dom Pedro I com quem teve 4 filhos, teve grande influência na corte do Primeiro Reinado do Brasil

A Marquesa de Santos

Dona Domitila de Castro Canto e Melo (1797-1867), a Marquesa de Santos, amante do Imperador Dom Pedro I com quem teve 4 filhos, teve grande influência na corte do Primeiro Reinado do Brasil Império, se envolvendo na queda dos Andradas, no fechamento da Assembleia Constituinte e nas negociações diplomáticas pelo reconhecimento da Independência.

Filha de João de Castro Canto e Melo, o primeiro visconde de Castro e de Escolástica Bonifácia de Oliveira e Toledo Ribas, pertencia a uma tradicional família "quatrocentona" paulista, sendo neta do coronel Carlos José Ribas, e tetraneta de Simão de Toledo Piza, patriarca da família em São Paulo.

Domitila não foi a única amante de D. Pedro, mas foi a mais importante e a que mais tempo se relacionou com ele.

O ápice da influência de Domitila como dama da corte pode ser verificado nos acontecimentos de julho de 1825, quando a marquesa intermediou as negociações de Sir Charles Stuart, diplomata britânico e plenipotenciário de d. João VI, encarregado de acertar os detalhes do tratado para o reconhecimento da independência do Brasil. “Stuart visitou Domitila primeiro, antes de se avistar com a imperatriz” (Idem), e, segundo o inglês, Domitila teria sido a responsável por convencer o imperador a aceitar determinados termos do tratado.

Do relacionamento com d. Pedro I, Domitila teve cinco filhos, sobrevivendo apenas duas meninas: Isabel Maria (1824-1898), reconhecida pelo imperador e feita Duquesa de Goiás, e Maria Isabel (1830-1896), condessa de Iguaçu por casamento.

Em 1829 ao confirmar-se o casamento com a princesa alemã, Dona Amélia de Leuchtenberg, Dom Pedro I rompeu definitivamente sua ligação com a Marquesa de Santos, que anos depois se casou com o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar (1794–1857)

Após à prisão de Rafael, um dos líderes da fracassada Revolta Liberal de 1842, em São Paulo. Sua esposa Domitila partiu para a corte onde, por meio de um procurador, rogou ao Imperador Dom Pedro II que pudesse viver com o marido onde estava preso, na Fortaleza de Laje para cuidar de sua saúde, comovido, o jovem Imperador concedeu o pedido da marquesa. Em 1844 Tobias de Aguiar foi anistiado pelo Imperador e o casal retornou para São Paulo, onde foram recebidos como heróis

Quando Domitila era a primeira-dama de São Paulo, ela aproveitou a posição que ocupava enquanto seu segundo marido Rafael Tobias de Aguiar era presidente para ajudar mulheres abandonadas e crianças carentes.

Nesse período a Marquesa de Santos, fundou uma organização que tinha como objetivo retirar prostitutas das ruas e casá-las com homens honestos e trabalhadores. Além disso, ela criou uma enfermaria no Palácio do Governo durante a gestão de seu marido para ajudar famílias carentes.

Após o casamento de Domitila com Rafael, ela tornou-se mais influente na corte ainda.

No ano de 1856, a Marquesa doou 50 mil-réis destinados a criação de uma enfermaria para pessoas pobres e humildes.

A verdade é que Domitila sempre fazia obras de caridades durante sua juventude, mas depois que ficou viúva em 1857, ela passou a fazer caridades com mais frequência.

Domitila também ajudou os soldados do Brasil financeiramente na Guerra do Paraguai, ocorrida entre 1864 e 1870. A Marquesa de Santos distribuiu publicamente dinheiro aos soldados que seguiam para a guerra, como citou o Jornal Correio Paulistano:

“Correio Paulistano de 26 de fevereiro de 1865.”

“Exma. senhora marquesa de Santos praticou ontem um ato que atraiu a admiração e o louvor geral, mandando distribuir, no Ipiranga, por todos os praças das forças que marcharam, um quantia avultada de dinheiro que dividiu, veio a caber 5$000rs. a cada homem.

(…) Adornada com a faixa da ordem de Santa Isabel de Portugal, apresentou-se a sra. marquesa a distribuir em pessoa (a princípio) a sua dádiva e a abraçar chorando a oficialidade."

O valor do donativo de s. ex. calculado pelos números de praças, deve andar em 3.600$000, senão mais.”

Além de apoiar financeiramente o Brasil na Guerra contra o Paraguai, a Marquesa de Santos cedeu a Fazenda do Anastácio, localizada próxima do Rio Tietê, para abrigar o 7º Batalhão dos Voluntários da Pátria.

O major comandante Bento Machado Gomes, ficou tão grato pelo ato da Marquesa que em carta escreveu ao vice-presidente de São Paulo:

“Agosto de 1865”

“É dever meu comunicar a v. ex. que o tratamento a mim, aos oficiais e praças sob o meu comando proporcionado pela Exma. sra. marquesa de Santos enquanto hospedados na sua fazenda foi além de todo o elogio e digno da mais sincera gratidão”

No ano de 1866, a senhora Marquesa cedeu uma casa localizada no largo da Consolação para a criação de uma instituição beneficente voltada para o atendimento de pacientes pobres, oferecendo-lhes consultas médicas, medicamentos, vacinas e alimentos.

A idosa Marquesa tornou-se no fim da vida irmã leiga da Ordem Terceira do Carmo, seguindo o ideal carmelita. Dessa forma, Domitila passou a dedicar sua vida a ajudar pessoas humildes sem entrar para o sacerdócio. Era comum ver Domitila sair bem cedinho de casa, acompanhada de sua escravizada, rumo aos orfanatos e dispensários onde ia amparar mulheres e crianças carentes."

Domitila de Castro do Canto e Melo faleceu em 1867 aos 69 anos de idade sendo enterrada no cemitério da Consolação, em São Paulo. A amante de Dom Pedro I foi doadora de 'quatro contos de réis' para construir a primeira capela do cemitério onde acabou por se transformar em "santa" popular vista como protetora das prostitutas e após reestruturar sua vida após romper com o Imperador, Domitila virou inspiração para moças que queriam um bom parceiro

Em seu túmulo também estão os corpos de seu irmão mais novo, Francisco; de sua filha com o Imperador, Maria Isabel; e de Felício, filho de seu primeiro casamento. As reformas de sua lápide foram curiosamente bancadas por Mario Zan, sanfoneiro e devoto da Marquesa.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Dona Domitila de Castro Canto e Melo (1797-1867), a Marquesa de Santos, amante do Imperador Dom Pedro I com quem teve 4 filhos, teve grande influência na corte do Primeiro Reinado do Brasil

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