Primeira escola estadual no Xaxim foi construída em 1963
Os primeiros moradores do bairro do Xaxim, onde estão situadas hoje as vilas Tapajós, Carolina Augusta, Pinheiros, Nair, Silmara, Aydil, Canet e Planta Januária Derosso, região conhecida como Campina ou Campo de Fora eram imigrantes italianos que em 1877 e 1878 desembarcaram em Paranaguá, para fundarem a Colônia Alexandra, em Morretes.
Como não se habituaram com o clima tropical e as terras eram impróprias para a produção de hortigrangeiros, estes italianos foram trabalhar durante quatro anos na construção da estrada de ferro Paranaguá " Curitiba, numa época em que não existiam tratores, caminhões, guindastes ou dinamite, e as obras eram todas feitas com ferramentas manuais e o transporte do material era feito por juntas de boi.
Terminada a obra, em 1884, a maioria destes imigrantes abandonaram as pequenas propriedades adquiridas do governo imperial e subiram a pé para o planalto curitibano a procura de terras e clima mais propícios para a agricultura. Boa parte escolheu se fixar em Santa Felicidade, Água Verde e Umbará, mas um pequeno grupo escolheu o bairro do Xaxim (antigamente escrevia-se Chachim), adquirindo com suas parcas economias e em troca de serviços, pequenas áreas do latifundiário Joaquim Ribeiro Batista, proprietário de uma fazenda com 700 alqueires. Esta gleba, mais tarde foi vendida para o senhor Roberto Hauer.
Quando chegaram nas terras compradas, nada encontraram a não ser a mata virgem, pequenos campos e uma única estrada que ligava Curitiba, com São José dos Pinhais, Santa Catarina e o litoral. Atualmente a estrada é conhecida como Rua Francisco Derosso e Avenida Brasília. Com a madeira retirada das matas, construíram suas modestas casas de chão batido e cobertas com ripas de pinho.
As primeiras famílias que se instalaram no local foram: Francesco Dal"Gobbo, Giacomo Derosso, Leôncio Cortiano, Pedro Môro, Antonio Lissa, Giuzzepe Brum, Carlos Lissa, Stefano Slaveiro, Giacomo Cortiano, Francesco Zanetti e Angelo Cortiano. Posteriormente vieram as famílias de: Antonio Parolin, José Rebelatto, Bôrtolo Gusso, Luiz Dallagassa e Pedro Gabardo. Dos grandes proprietários de áreas nesta região, apenas quatro residiam em suas glebas: Major Theolindo Ferreira Ribas, proprietário da Fazenda Boqueirão, com área de 960 alqueires; Ubaldina Ferreira de Sá Ribas, Jezuíno Martins, Mathias da Rocha Andrade e Eduardo Pinto da Rocha. Os demais proprietários: Roberto Hauer (700 alqueires), Joaquim Ribeiro Batista, Max Hauer, Herculano Rodrigues moravam no centro da cidade.
Como forma encontrada para trabalharem e assim sustentarem suas famílias, muitos homens empregaram-se nas fazendas vizinhas, como pedreiros, carpinteiros e outros ofícios que exerciam em sua terra natal. As mulheres, as crianças e os jovens se dedicavam à lavoura, criação de galinhas, porcos e gado leiteiro. Outros imigrantes foram trabalhar na olaria do Sr. Roberto Hauer localizada onde hoje passa a Av. Marechal Floriano, mais precisamente, onde está o Shopping Cidade. Roberto Hauer residia e mantinha um grande armazém e troles de aluguel ao lado da Praça Ozório, mas a sede da fazenda era na atual Vila Lindóia, local onde hoje está situado o reservatório da Sanepar. Na fazenda, ele possuía um enorme e variado pomar, destacando-se o plantio de centenas de marmeleiros, pois Roberto Hauer pretendia montar uma destilaria e fábrica de licores. O pomar estava sob os cuidados do italiano Giacomo Derosso, profundo conhecedor do ramo. Infelizmente, Roberto Hauer não conseguiu realizar seu sonho, pois ao ensinar um de seus empregados da olaria, como operar uma serra circular foi atingido em seu ventre pela lâmina afiada, vindo a falecer horas após o acidente. Morreu no ano de 1908, com 57 anos.
Em toda a região não havia uma escola pública e assim, a maioria dos filhos dos imigrantes e dos moradores nativos não se alfabetizavam e alguns jovens, com enorme sacrifício freqüentavam escolas no bairro da Água Verde e outros em São José dos Pinhais. Somente em 1931, o Governo Estadual designou a professora Lucília Conrado, para lecionar na Escola Isolada do Xaxim, que funcionava numa pequena sala de madeira, onde hoje está instalada a empresa TransIsaak. A professora, que residia no bairro do Portão, utilizava-se de uma charrete como meio de transporte e após as muitas dificuldades enfrentadas para cumprir com seu trabalho, Lucília desistiu de lecionar. A Secretaria de Educação prometeu designar outra professora, desde que a comunidade construísse uma casa escolar, onde a professora pudesse residir.
Francisco Derosso, que na sua infância não freqüentara escola e já tendo dois meninos em idade escolar, viu por bem construir a casa escolar, no local onde hoje ficam a antiga sede da Sociedade Beneficente 5 de Julho e a Escola Municipal Francisco Derosso. Diante das dificuldades enfrentadas com a falta de meio de transporte, rede de luz e água, ao final do ano letivo, as professoras pediam para serem removidas, deixando as crianças do Xaxim novamente sem aulas. Somente em 1963, no governo Ney Braga foi construía a primeira escola estadual no bairro.
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