sábado, 23 de junho de 2018

Lenda do Matadouro da Avenida Salgado Filho

Há alguns anos atrás eu tinha uma amiga que fazia doações para um abrigo de crianças carentes com necessidades especiais , localizado na Rua Salgado Filho , na cidade de Curitiba .
Um certo dia fomos juntas até este orfanato , assim doamos roupas e brinquedos . 
Então , num tom nostálgico , ela me disse :
 - Já que você gosta de lendas urbanas quero que você saiba que este lugar possui muitas destas histórias.
Deste jeito exclamei : 

- Conta para mim ! Desta maneira minha colega contou : 

Reza a lenda que no século dezenove este local era um matadouro de bois .Dentro dele havia um touro negro que ninguém conseguia matar . 
Na primeira vez que ele foi para a guilhotina , a lâmina caiu . 
Depois um funcionário tentou atacar o animal com uma faca , mas este homem teve um ataque cardíaco e faleceu. 
Porém o bicho nada sofreu Exaustos , os trabalhadores deixaram para matar o boi no dia seguinte. Quando a secretária abriu o matadouro , viu o touro negro flutuando entre uma fumaça muito branca, com os olhos vermelhos. 
Assim os funcionários chamaram um padre exorcista que após muita reza fez com que o touro desmaiasse . Porém ninguém teve coragem de matar o animal. 
Deste jeito um carroceiro ficou com a missão de levar o animal para uma fazenda na zona rural de São José dos Pinhais , região metropolitana de Curitiba.
Porém aconteceu um fatal acidente no meio do caminho , onde o condutor e o animal faleceram no local . Um século se passou e o antigo matadouro virou um orfanato para crianças carentes com necessidades especiais . 
Dentre elas havia uma menina cujo apelido era Trancinha , por causa do seu penteado . Uma vez esta garota estava cantando a seguinte música : 
- Boi , boi , boi ... - Boi da cara preta ... 
- Pegue esta criança que tem medo de careta ... 
Então , de repente , apareceu o fantasma de um touro para esta criança e ela começou a brincar com ele. 
Numa das brincadeiras Trancinha tirou seu casaco vermelho e passou a brincar de toureiro com o animal.
 Naquele instante uma das professoras abriu a porta da sala onde a garota estava e indagou:
 - Com quem você estava falando ? A menina respondeu:
 - Com o boi preto . A mestra perguntou novamente:
 - Onde ele está ? A pequena falou:
 - Ele sumiu , pois se assustou com o barulho da porta . 
Por se tratar de uma criança com necessidades especiais , a educadora não levou a história do boi a sério e afirmou para a aluna :
 - Me dê a mão e vamos brincar com o resto da turma . 
No dia seguinte , Trancinha estava cantando a música Boi da Cara Preta sozinha , sentada na areia do parquinho , e a professora perguntou : 
- Como vai ? A menina repondeu : 
- Vou bem porque estou brincando com o boi negro . 
- Quer brincar com a gente ? Naquele instante a educadora olhou para o lado esquerdo da garota , viu marcas de patas bovinas na areia e ficou assustada. 
Naquela mesma noite , esta mestra sonhou que montou num touro negro , que depois de alguns segundos transformou 
– se em uma montanha de dinheiro . 
Uma semana depois esta educadora ganhou muitos cruzeiros num sorteio e saiu do seu trabalho.
Alguns dias depois Trancinha faleceu de meningite e depois da sua morte , as crianças do orfanato afirmaram que viam o espírito da menina montado em cima de um boi preto , com olhos vermelhos. Este causo ficou conhecido com a Lenda do Matadouro da Avenida Salgado Filho. 
Muito tempo se passou após a minha amiga contar este causo. 
Ela desencarnou há dois anos atrás de falência múltipla dos órgãos, pois já tinha a idade avançada. Hoje não existe mais o educandário para crianças carentes naquele local. 
Pois o orfanato deixou de receber donativos gradativamente. 
Hoje em dia, quando eu passo em frente a este lugar sinto um misto de saudade com nostalgia. 
O problema é que muitos orfanatos desaparecem por falta de colaboradores e ,infelizmente , este fato não é uma lenda urbana . 

Luciana do Rocio Mallon


13087894_1211439588880729_4320503498815900103_nEssas e Outras historias você pode ver no livro, Lendas Curitibanas, adquirindo diretamente com a Luciana pelo telefone: 8428-3885
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