A foto de 1949 registra a inauguração da ampliação da sede da Sociedade "5 de Julho"
Na edição passada, conhecemos a história da Sociedade Operária e Beneficente "5 de Julho", fundada em 1933, as parcerias que resultaram na construção da sede e as rigorosas regras de boa conduta para os freqüentadores. Dando continuidade à esta memória da nossa região, lembramos que, em 1943, foi adquirida uma lanterna Petromax, a qual funcionava sob pressão e gasolina. Era um equipamento perigoso, já que por um pequeno descuido poderia pegar fogo causando pânico entre os presentes. Com algumas economias foram compradas três baterias (acumuladores) de automóveis, que vieram a possibilitar a instalação de duas lâmpadas, uma no salão e outra no bar. Algumas vezes as baterias eram mal carregadas e a luz acabava enfraquecendo muito rápido, o que causava protesto dos dançarinos, já que o baile era encerrado antes do horário normal.
Em 1948, com a inauguração do novo salão foi adquirido um gerador a gasolina de 1.000 wts. No início foi um sucesso e uma tranqüilidade, porém com o passar do tempo, o motor começou a pifar e muitas vezes os bailes foram suspensos. Felizmente, em 1958 chegou a rede de iluminação elétrica no bairro. Durante os bailes, além do bar funcionava a cozinha, com café, pastel e bife. Assava-se também, churrasco. Todos esses serviços eram feitos pelos diretores da sociedade e suas esposas.
A sociedade passou por fases difíceis, principalmente com os soldados do quartel do Boqueirão, que a todo custo tentavam entrar e participar dos bailes, mas eram impedidos, pois não eram sócios. Em grupos de 10 a 20 soldados, apedrejavam o imóvel, quebrando vidraças e gerando medo entre os presentes ao baile. A pedido da diretoria, o comandante do quartel, determinava a escala de uma patrulha militar para impedir a presença dos soldados nas proximidades da sociedade, em dias de baile e outras festividades.
Por estar situada num dos povoados mais distantes do centro da cidade, a "5 de Julho" era indicada como ponto de referência do Xaxim. A fundação da sociedade, pelos moradores do bairro, em sua maioria lavradores e trabalhadores braçais, causava admiração das autoridades. Muitos foram os políticos estaduais e do município, que visitaram a sociedade. O Interventor (governador) Manoel Ribas, mesmo enfrentando um grande lamaçal da velha estrada, compareceu a uma homenagem que lhe foi prestada. A recepção foi das mais calorosas e para a ocasião foram colocados nas paredes do salão de festas, sua foto e a do Presidente Getúlio Vargas. O Prefeito Ney Braga, posteriormente Governador do Estado, por diversas vezes visitou a sociedade, trazendo muitos benefícios à região, destacando-se em 1958, a rede de energia elétrica e em 1963 a construção da primeira escola pública. Dizia Ney Braga, que o Xaxim sempre lhe proporcionava muita sorte e assim sendo, sempre encerrava suas campanhas políticas em grandes encontros na sede da "5 de Julho".
Com o passar dos anos, os costumes foram mudando, os bailes já não eram tão freqüentados, pois os jovens preferiam os bailões públicos, onde a disciplina era menos rígida. Com a criação do INSS-SUS, os sócios não mais dependiam do auxílio oferecido pela sociedade. Por este motivo o quadro social, por falta de novos sócios diminuiu.
Com invejável patrimônio, sede e benfeitorias em terreno de 15.000 metros quadrados e tendo a Prefeitura Municipal construído ao lado da sociedade, a Escola Francisco Derosso, em homenagem ao morador que fez a doação de 70% do imóvel, para a construção da "5 de Julho", a diretoria convocou uma Assembléia Extraordinária, para o dia 15 de março de 2002, para decidir o destino da sociedade e evitar que o patrimônio construído pelos fundadores, sócios e benfeitores fosse destruído, ou fosse parar em mãos de pessoas estranhas.
Como responsável pela conservação do patrimônio social, não estava mais cumprindo com suas obrigações e a sede, as outras benfeitorias vinham sendo depredadas e a finalidade pela qual a sociedade foi fundada, não vinham sendo honradas, a diretoria propôs aos sócios, a doação das benfeitorias e do imóvel, ao município de Curitiba, com a finalidade de que fosse construído no local, um ginásio de esportes, um centro social e outros equipamentos esportivos, para o uso da comunidade. A assembléia, por unanimidade aprovou a sugestão do então presidente da sociedade João Claudio Derosso. Assinada a escritura, a Prefeitura Municipal assumiu o compromisso de executar tais obras, que terão início em 2010. Os atuais moradores do bairro irão receber tão importantes benefícios, graças ao trabalho e contribuição, dos fundadores e sócios contribuintes da " 5 de Julho".
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