Aparecida Vaz da Silva Bahls*
Campos ermos, pantanosos e desnivelados. Tal era a paisagem desoladora das áreas hoje ocupadas pelas praças de Curitiba, na segunda metade dos Oitocentos. Entremeados com o casario que gradualmente se estendia pelos limites urbanos, esses campos serviam de passagem para os transeuntes e de pasto para os animais. Ocasionalmente, abrigavam companhias circenses e de touradas, que visitavam a cidade.
Esse quadro começou a se modificar no final do século XIX e início do XX, quando intervenções de nivelamento e aterramento e plantio de árvores deram novo aspecto a alguns desses largos, como as melhorias realizadas pelo prefeito Luís Antonio Xavier, nas praças General Osório e Carlos Gomes, a partir de 1903.
Ações como essas refletiam as mudanças estruturais que começavam a ser implantadas em Curitiba, semelhantes às que ocorriam nas principais capitais brasileiras. Pretendia-se atribuir à urbe uma aparência de progresso e civilidade, segundo o modelo francês de urbanização, o qual priorizava espaços amplos, arejados e arborizados.
Contribuíram para pôr em prática esse projeto o crescimento da economia paranaense, com a exportação de erva-mate, fortalecendo os cofres públicos, e as inovações nas técnicas de construção civil trazidas pelos imigrantes alemães. No lugar onde antes existiam charcos e áreas insalubres, surgiram palacetes, templos e casas de comércio, de apurado estilo eclético. Também foi criado o primeiro parque público da cidade: o Passeio Público, inaugurado em 1886. Sanear e embelezar tornou-se o mote das gestões públicas. Uma das mais eficazes foi a do engenheiro Cândido de Abreu, de 1913 a 1916.
Com o apoio do presidente do Estado, Carlos Cavalcanti, Cândido formou uma Comissão de Melhoramentos, semelhante à que havia em São Paulo, com a prioridade de remodelar a capital paranaense. Destacam-se nesse plano as obras de ajardinamento e de embelezamento executadas nas praças, com a introdução de peças decorativas, e cujo traçado é respeitado até hoje.
*Doutoranda em História/UFPR.
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