quarta-feira, 15 de junho de 2022

O INÍCIO DA IMIGRAÇÃO POLONESA EM CURITIBA Por volta de 1840, as Américas começavam a investir em políticas de imigração.

 O INÍCIO DA IMIGRAÇÃO POLONESA EM CURITIBA
Por volta de 1840, as Américas começavam a investir em políticas de imigração.

O INÍCIO DA IMIGRAÇÃO POLONESA EM CURITIBA
Por volta de 1840, as Américas começavam a investir em políticas de imigração. O Governo Imperial do Brasil tinha interesse em povoar os vazios demográficos do país e ainda suprir as lavouras de trabalhadores, visando substituir a mão de obra que rareava com a abolição do tráfico de pessoas negras escravizadas. A Lei Orçamentária brasileira de 1842 concedia terras devolutas para a criação de núcleos coloniais.
Em 1884, era publicado o “Guia do Emigrante para o Imperio do Brazil”, com o intuito de vertê-lo para o francês, o alemão e o italiano, a fim de fazer propaganda do Brasil nos países europeus.
Para um jovem de 20 e poucos anos, sem poder vislumbrar qualquer perspectiva em sua terra natal sufocada por estrangeiros, só restava tentar a vida em outras paragens. Assim, em junho de 1867, Sebastião Edmundo Wós Saporski alcançou terras brasileiras. O veleiro “Emma” atracou no porto de Paranaguá, no litoral do Estado do Paraná. Mas ele não desceu aí num primeiro momento. Decidiu continuar no navio, que seguiria para o Uruguai.
Em Montevidéu conheceu o Sr. Frederico, um alemão que estava indo para o Brasil. Saporski acabou aceitando seu convite para voltar e se fixar na Colônia Blumenau, no Estado de Santa Catarina. Numa localidade próxima à Colônia Blumenau chamada Gaspar, conheceu o Padre Antônio Zielinsli, que viria a ser um grande aliado no processo de imigração dos poloneses. O padre havia sido apresentado ao Imperador do Brasil, Dom Pedro II, e gozava da amizade do seu genro, o Conde d’Eu, conseguida graças ao Bispo do Rio de Janeiro. Diante desse fato, Saporski convenceu o amigo a tentar junto à corte uma concessão para a colonização de terrenos brasileiros por imigrantes poloneses. Recebendo resposta afirmativa do Imperador, Saporski e o padre Zielinski descobriram que as terras e o clima do Paraná seriam mais adequados aos colonos poloneses do que aquelas do litoral de Santa Catarina.
Portanto, em 1869, quando Saporski soube que dezesseis famílias polonesas da Alta Silésia haviam chegado à Colônia Brusque, vindas do porto de Itajaí, decidiu ir ao encontro delas. Ficou profundamente compadecido com as difíceis condições em que se achavam, pois se alojavam numa região montanhosa e árida. Inconformado com a situação de seus conterrâneos decidiu fazer o possível para levá-los às novas terras paranaenses cedidas pelo imperador do Brasil.
Em 1870, Saporski chegou a Curitiba, capital do Estado do Paraná. Lá teve contato com o Padre Agostinho Lima, vigário da cidade, que levou suas intenções a Ermelino de Leão, Vice-Presidente do Estado. Em seguida, o próprio Presidente da Província do Paraná, Venâncio de Lisboa, mostrou interesse na proposta e garantiu a disponibilização de verbas públicas para o transporte e a acomodação dos imigrantes no Estado. Sendo assim, os colonos foram avisados e iniciaram a sua partida de Brusque em direção a Curitiba. A esse grupo se uniram mais outras 16 famílias de poloneses vindas do porto de Itajaí, em Santa Catarina.
Em setembro de 1871, os colonos poloneses chegaram a Curitiba e se instalaram nos arredores da cidade, nos terrenos oferecidos pela Câmara Municipal de Curitiba, nos bairros Pilarzinho e Mercês.
As 32 famílias, formadas por 164 pessoas, fundaram a Colônia Pilarzinho e são consideradas as pioneiras na história da imigração polonesa para o Paraná.
Em 1873, mais 64 famílias de imigrantes poloneses vindos da Prússia Ocidental, contando 258 pessoas, chegaram ao Brasil via Porto de São Francisco, em Santa Catarina. Sabendo das colônias dos conterrâneos no Paraná, pediram autorização para também se instalarem nesse Estado. Dessa vez foram cedidos terrenos no bairro do Ahú, em Curitiba, e a colônia recebeu o nome de Abranches, em homenagem ao Presidente do Paraná na época, Frederico Abranches, grande incentivador da imigração polonesa para o Estado.
Nos primeiros anos no Brasil e antes de se formar engenheiro agrimensor, Saporski foi professor na Colônia Blumenau e em Curitiba. Lecionava matemática, geometria e “as línguas de alcance mundial”.
Em 1874, Saporski prestou exames no Ministério da Agricultura, no Rio de Janeiro, e recebeu o título de engenheiro agrimensor. A partir daí essa foi sua profissão. Por intermédio dela abriu dezenas de estradas, mediu lotes de terras e preparou o lar paranaense de centenas de colonos poloneses e europeus. Trabalhou na construção de ferrovias, com destaque para a Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, na qual foi responsável pelos vinte quilômetros de mais difícil execução. Tanto que uma das inflexões da ferrovia foi denominada “Volta Saporski", em sua homenagem.
Em 15 de junho de 1890, foi fundada a Sociedade Polonesa Tadeusz Kościuszko, e Saporski estava lá como sócio fundador. Anos mais tarde, com mais seis poloneses, também fundou a Sociedade Editora Gazeta Polskaw Brazylii, cujo objetivo era administrar e redigir o primeiro jornal em língua polonesa no Brasil, com tiragem de 500 exemplares. A Gazeta Polska e a Sociedade Tadeusz Kościuszko colaboravam entre si na meta de apoiar e unir o povo polonês no novo país.
Em 1912, Saporski foi eleito deputado estadual pelo Partido Republicano Paranaense, tendo sido o primeiro deputado de origem polonesa no parlamento do Paraná.
Em 1920, Sebastião Edmundo Woś Saporski recebeu o título de “Pai da Imigração Polonesa no Brasil” do primeiro cônsul polonês em Curitiba, Kazimierz Głuchowski.
Saporski recebeu, no dia 05/10/1924, nos salões do Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba, a Cruz da “Polonia Restituta”. Tal condecoração é uma distinção outorgada pelo governo polonês em reconhecimento a grandes realizações em prol do país.
Em 1953, foi inaugurado um obelisco em pedra na Praça Irmã Teresa, em frente à Igreja de Sant’Ana, no bairro Abranches, região da antiga colônia. Em 1971, o obelisco recebeu um respeitoso busto em bronze de Saporski, de autoria do escultor Adolph David.
Em 2012, por ocasião do 78° aniversário do falecimento de Saporski, seu túmulo no Cemitério Municipal de Curitiba foi restaurado por sua família, com apoio do Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba.
No bairro Mercês, onde construiu a residência de sua família e viveu até o fim de seus dias, encontra-se a Rua Edmundo Saporski. Há também uma escola em sua homenagem, o Colégio Estadual Sebastião Saporski, no bairro Taboão.
Saporski era um homem honesto, altruísta, sempre pronto a ajudar os conterrâneos e um. grande patriota polonês. Era um senhor fransino e tímido, usava um amplo bigode e sua principal característica era a humildade."
(Extraído de: poloniabrasil.org.br)
Paulo Grani

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Grupo de alunos do Instituto São José, familiares e professoras (Irmãs da Caridade). Ao fundo, a igreja de Sant’Ana do Abranches. Fonte: Acervo Casa da Memória/Fundação Cultural de Curitiba.

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Vista da Praça João Cândido e Sociedade Polono-Brasileira Tadeusz Kościuszko, Curitiba/PR. Fonte: Acervo Casa da Memória/Fundação Cultural de Curitiba.

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Residência de Estanislau Mickosz, por volta de 1920. No local atualmente está o Colégio Sebastião Saporski. Bairro Abranches/Taboão, Curitiba/PR. Fonte: Acervo Casa da Memória/Fundação Cultural de Curitiba.

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Família de Sebastião Saporski, reunida no quintal da casa dele.

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Sebastião Edmundo Woś Saporski e seus familiares na última residência no bairro Mercês, em Curitiba. Fonte: Acervo Denise Saporski/Sebastian Edmund Woś Saporski.

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Em 1884, era publicado o “Guia do Emigrante para o Imperio do Brazil”, com o intuito de vertê-lo para o francês, o alemão e o italiano, a fim de fazer propaganda do Brasil nos países europeus.

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Poloneses realizam ato litúrgico à bordo de navio, durante viagem de travessia ao Brasil

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Escola Polonesa. Bairro Abranches, 1904, Curitiba/PR. Fonte: Acervo Casa da Memória/Fundação Cultural de Curitiba.

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Igreja Polonesa. Bairro Abranches, 1906, Curitiba/PR. Fonte: Acervo Casa da Memória/ Fundação Cultural de Curitiba.

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