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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Entre 1870 e 1930, época do auge da atividade madeireira no estado, se destacaram em Araucária as serraria de Pedro Hey, Emílio Voss, Albino Suckow, João Sperandio, Teolindo Ferreira, Pedro Pizzatto, Emílio Vargas e Ernesto Buchmann.

 Entre 1870 e 1930, época do auge da atividade madeireira no estado, se destacaram em Araucária as serraria de Pedro Hey, Emílio Voss, Albino Suckow, João Sperandio, Teolindo Ferreira, Pedro Pizzatto, Emílio Vargas e Ernesto Buchmann.

Araucária e sua estrutura em madeira
As habitações com estruturas de madeira já eram utilizadas desde a pré-história e em muitas partes do mundo foram substituídas pelas pedras e peças de olaria já no início da idade antiga. Na Mesopotâmia e na Roma Antiga se utilizavam tijolos, enquanto egípcios, maias e chineses utilizavam em construções as pedras. Nas regiões mais ao norte, porém, onde as florestas de coníferas eram mais abundantes, as construções com madeira tornaram-se culturais. No Japão os mais antigos templos budistas eram construídos em madeira maciça, na Polônia ainda existem as milenares casas de pesados troncos encaixados sem a utilização de pregos, no Canadá ainda utiliza-se madeira para a estrutura de casas, e nos Estados Unidos a maioria das casas ainda são feitas em
madeira e paredes de compensado.
No Brasil colonial as primeiras casas eram feitas de taipa – mistura de madeira e barro, substituídas com o tempo pelas de alvenaria. Embora tenham nomes de árvores, o Brasil e Araucária colonizados por portugueses só viriam a mudar a concepção sobre casas de madeira com a vinda de imigrantes europeus de diversas origens e asiáticos, a partir da segunda metade do século XIX. Foi então que nas colônias do cinturão verde de Curitiba muita madeira precisou ser derrubada para dar lugar a estradas carroçáveis e lavouras, o que aqueceu o desenvolvimento de serrarias em Araucária. Quando os imigrantes poloneses chegaram, por exemplo, trouxeram a técnica da construção de casas com troncos encaixados – algumas ainda existentes - aproveitando a abundância do pinheiro araucária, mas a adaptação ao clima brasileiro possibilitou que adotassem as construções utilizando madeira serrada em tábuas e sarrafos. Os pinheiros eram de tal tamanho que com apenas um rendia madeira para construir quase que uma casa inteira.
Entre 1870 e 1930, época do auge da atividade madeireira no estado, se destacaram em Araucária as serraria de Pedro Hey, Emílio Voss, Albino Suckow, João Sperandio, Teolindo Ferreira, Pedro Pizzatto, Emílio Vargas e Ernesto Buchmann. Além de possibilitarem a primeira produção de energia elétrica do município com suas máquinas a vapor, as serrarias também viabilizaram a chegada do telefone, pois já na década de 1910 as maiores delas contavam com esse tipo de comunicação. Com a queda da produção madeireira pela diminuição de matéria prima, a partir da década de 1930, Araucária só voltaria a contar com linha telefônica na década de 1950.
Fato é que as casas construídas com madeira serrada se tornaram muito populares no Paraná, nos mais diversos estilos, mas, massivamente substituídas pelas de alvenaria, atualmente estão ficando cada vez mais difíceis de serem encontradas, configurando o estilo de uma época que ficou marcado na história de Araucária.
(Texto escrito por Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadoras)
(Legendas das fotografias:
1 - Serraria de Emilio Voss, localizava-se ao final da rua Cel. João Antônio Xavier, final do séc XIX. Coleção de Cecília Voss
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Serraria de Emilio Voss, que contava com um barco a vapor para fazer o transporte das toras. Coleção de Cecilia Voss
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Serraria de Ernesto Buchmann, década de 1920
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
4 - Serraria de João Sperandio, no Campo Redondo. Construída em 1896, funcionou até a década de 1960. Coleção da família Valentini
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
5 - Última casa feita em madeira remanescente na Avenida Victor Do Amaral, 2018
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)

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Serraria de Emilio Voss, localizava-se ao final da rua Cel. João Antônio Xavier, final do séc XIX. Coleção de Cecília Voss
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Serraria de Emilio Voss, que contava com um barco a vapor para fazer o transporte das toras. Coleção de Cecilia Voss
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Serraria de Ernesto Buchmann, década de 1920
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Serraria de João Sperandio, no Campo Redondo. Construída em 1896, funcionou até a década de 1960. Coleção da família Valentini
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Última casa feita em madeira remanescente na Avenida Victor Do Amaral, 2018
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

domingo, 15 de janeiro de 2023

Por falar em poluição, havia um tempo em que os rios de Araucária eram límpidos e muito procurados para as mais diversas finalidades: a pesca – às vezes silenciosa e solitária, às vezes em grupos animados

 Por falar em poluição, havia um tempo em que os rios de Araucária eram límpidos e muito procurados para as mais diversas finalidades: a pesca – às vezes silenciosa e solitária, às vezes em grupos animados

“E se eu disser que os rios cantam...”
...Já dizia o poeta Fernando Pessoa. Quem já parou pra ouvir o som que os rios fazem pode dizer que são sim música para nossos ouvidos, ainda mais em tempos de tanta poluição sonora nas cidades. No dia 24 de novembro se comemora o Dia do Rio, e nós, como seres compostos 70% por líquidos, jamais deveríamos nos esquecer da importância da água em nossas vidas. Água é vida, é essencial para qualquer ser vivo, e os rios são a representação mais sublime da sua importância no meio em que vivemos. Os rios são tão importantes que as cidades, de forma geral, iniciam sua formação em suas margens, e Araucária não foi diferente, já que os primeiros núcleos de povoação se deram nas proximidades dos rios Barigui, Iguaçu e Passaúna – transformado em represa para abastecimento de Araucária, parte de Curitiba e da região metropolitana.
Por falar em poluição, havia um tempo em que os rios de Araucária eram límpidos e muito procurados para as mais diversas finalidades: a pesca – às vezes silenciosa e solitária, às vezes em grupos animados, praticada entre amigos e ensinada de pais para filhos -, os passeios na margem ou em barcos, as brincadeiras, a natação, os encontros, as festas e piqueniques, que ainda povoam as lembranças de muitos araucarienses e a imaginação dos mais jovens, enchendo-os de vontade de também ter vivido essas experiências.
O senhor Henrique Czaikowski, que mora em Guajuvira, às margens do rio Iguaçu, contou em entrevista ao Arquivo Histórico em 2011, que: “Uns 40 anos atrás, 40, 45 anos, esse rio era limpo, muito saudável, quando eu pescava, a gente podia pegar peixe, (...) tomava água do Iguaçu quando dava sede, hoje não dá pra molhar o dedo. A poluição aí. (...) Ih, nós juntava de monte assim no coador, carpa, jundiá, canoa assim subia daqui pra cima, enchia o bote (...) às vezes cedo, fazia cedo, não tinha ainda fogão a gás, só a lenha, como tem aí... fazer foguinho, puxar gradeado pra esquentar, ia pegar uns peixinhos aí perto, pegava pintado assim, mandi, pra café já tinha um frito. Peixe limpo, água limpa, pensando bem é uma pena esse rio ficar como está hoje, muito, a gente sente”.
O ferroviário aposentado Benjamin Sobota contou em entrevista ao Arquivo Histórico em 2017, que quando ainda existiam os trens de passageiros (que deixaram de funcionar em 1977) aos finais de semana e feriados ficavam cheios de pescadores que seguiam para o rio Iguaçu em Guajuvira e General Lúcio: “Daqui, de Curitiba, de todo lugar, iam de trem pescar. Iam de manhã e voltavam de tarde (…) Cheio de vara no trem.”
O rio Iguaçu também era o cenário ideal para passeios e piqueniques entre familiares e amigos, que chegavam a reunir dezenas de pessoas. A senhora Cecília Grabowski Voss, em entrevista concedida em 1990 em pesquisa para escrita do livro “Os espaços de lazer em Araucária”, da Coleção História de Araucária, contou que os membros da família Voss eram muito animados, gostavam de fazer piqueniques, para os quais levavam banda e muita cerveja, até mantinham uma fábrica de cerveja em Guajuvira só para consumo da família.
Nos dias quentes a diversão ficava por conta dos passeios de barco e banhos de rio. Em 1913 o médico Dr. Julio Szymanski até fundou um sanatório às margens do rio Iguaçu, que também servia como ponto de repouso nos dias de verão, onde passeios de barco e banhos de rio faziam parte da busca pela cura. Em Guajuvira de Cima existia um tanque chamado de Tanque do Machado, que era procurado por muitas pessoas aos finais de semana. Assim como o tanque dos Pianowski, nas proximidades da igreja de São Miguel, na colônia Tomás Coelho, antes do rio Passaúna se tornar represa.
No rio Iguaçu os bancos de areia eram convidativos, e alguns corajosos saltavam do alto das Pontes Metálicas. Mas não só os rios maiores atraíam a atenção, também os menores que cortam Araucária, hoje quase esquecidos, faziam a diversão da moçada, como o Ribeirão Cachoeira, que dá nome ao bairro onde se localiza, e que possui uma cachoeirinha muito simpática, conhecida como "cascatinha do Bini", que mesmo pertencente a propriedade particular já foi ponto de encontro da diversão da garotada há anos atrás.
Outro rio quase esquecido é o Ribeirão São Patrício, que passa próximo do terminal rodoviário, e que até a década de 1970 era um riozinho muito simpático e piscoso, mas que se tornou muito poluído por esgoto doméstico lançado nas galerias de água pluvial. No final da década de 1990, a poluição desse rio incomodava tanto as pessoas que frequentavam a rodoviária de Araucária, que muitas começaram a pedir para canalizar o rio, a fim de esconder o que diziam ser um “valetão” de esgoto a céu aberto. Foi então que os funcionários da Secretaria Municipal de Meio Ambiente decidiram resgatar a identidade do rio, promovendo uma enquete para que pudesse ser batizado aquele riozinho sem nome. O nome escolhido foi São Patrício, em alusão à fábrica de tecido de linho com o mesmo nome que havia sido tão importante para o município e cujo terreno era percorrido pelo rio. E o riozinho foi literalmente batizado no dia 24 de novembro de 1997, com bênção do padre e presença do prefeito, autoridades, funcionários da prefeitura e população do município, que se comprometeram a zelar por esse e todos os rios da cidade.
Um rio límpido representa para a cidade, além da manutenção da vida, um refresco para os dias quentes, um local para acalmar a alma, a casa da fauna e da flora aquáticas - e alimento para os pescadores, um meio para locomoção, e uma boa opção de lazer para os dias de folga, além de um ponto de referência e de identidade. Infelizmente, os dias em que os rios eram parte das melhores lembranças das vidas dos habitantes de Araucária ficaram para trás. É preciso, portanto, que se tenha conscientização ambiental para salvar e preservar nossos rios, que se tornaram abandonados por conta da poluição, mas que deveriam ser respeitados como parte inseparável de nosso ser. Você já parou pra ouvir o som que os rios da nossa cidade fazem? Eles ainda cantam, mas uma melodia triste, pedindo por socorro.
(Texto escrito por Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadora)
(Legendas das fotografias:
1 - Foto aérea com as duas pontes metálicas sobre o rio Iguaçu, 2004
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Pescaria de barco no rio Iguaçu, década de 1950
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Pescaria no rio Iguaçu, década de 1940
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
4 - Pescaria no rio Iguaçu, década de 1960
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
5 - Meninos brincando no rio Iguaçu com cachorro, sem data
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
6 - Banho no rio Iguaçu, década de 1970. Coleção família Ferreira
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
7 - Membros da família Voss em pescaria no rio Iguaçu, sem data. Coleção família Voss.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
8 - Piquenique realizado pelos funcionários da Serraria do Voss às margens do Rio Iguaçu, década de 1920. Coleção família Voss
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
9 - Mapa com localização do Sanatório de Araucária, 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
10 - Represa do Passaúna, em São Miguel, 2015
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
11 - Crianças na "cascatinha do Bini", década de 1970. Coleção família Nepomuceno
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
12 - "Cascatinha do Bini" atualmente, 2015, foto de Carlos Poly
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
13 - Rapazes na cachoeirinha onde atualmente é o Parque Cachoeira, década de 1970. Coleção família Fruet
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
14 - Cachoeirinha dentro do Parque Cachoeira, 2004
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
15 - Ribeirão São Patrício, 2016
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
16 - Elvira Joslim de França e outras pessoas passeando de barco no Tanque do Machado, em Guajuvira de Cima, 1911. Acervo família Trauczynski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)

Pode ser uma imagem de natureza
Foto aérea com as duas pontes metálicas sobre o rio Iguaçu, 2004. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres

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Pescaria de barco no rio Iguaçu, década de 1950. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de em pé, vara de pesca e corpo d'água
Pescaria no rio Iguaçu, década de 1940
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas e ao ar livre
Pescaria no rio Iguaçu, década de 1960
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem em preto e branco de uma ou mais pessoas e ao ar livre
Meninos brincando no rio Iguaçu com cachorro, sem data
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem em preto e branco de corpo d'água e natureza
Banho no rio Iguaçu, década de 1970. Coleção família Ferreira
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Membros da família Voss em pescaria no rio Iguaçu, sem data. Coleção família Voss.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Piquenique realizado pelos funcionários da Serraria do Voss às margens do Rio Iguaçu, década de 1920. Coleção família Voss
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de mapa
Mapa com localização do Sanatório de Araucária, 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de castelo e ao ar livre
Represa do Passaúna, em São Miguel, 2015
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de ao ar livre
Crianças na "cascatinha do Bini", década de 1970. Coleção família Nepomuceno
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de natureza, cachoeira e árvore
"Cascatinha do Bini" atualmente, 2015, foto de Carlos Poly
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de cachoeira
Cachoeirinha dentro do Parque Cachoeira, 2004
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Elvira Joslim de França e outras pessoas passeando de barco no Tanque do Machado, em Guajuvira de Cima, 1911. Acervo família Trauczynski. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

sábado, 14 de janeiro de 2023

Casa do Cavalo Baio. Trata-se do mais antigo imóvel em alvenaria preservado do município. Uma casa que transcende gerações e liga etnias – refletindo a forma como Araucária foi diversamente povoada. Ela foi construída em 1870 (sendo, portanto, vinte anos mais antiga do que o próprio município de Araucária)

 Casa do Cavalo Baio.
Trata-se do mais antigo imóvel em alvenaria preservado do município. Uma casa que transcende gerações e liga etnias – refletindo a forma como Araucária foi diversamente povoada. Ela foi construída em 1870 (sendo, portanto, vinte anos mais antiga do que o próprio município de Araucária)

“Sabe onde fica? Lá no Cavalo Baio!”
Todos os moradores de Araucária (nascidos aqui ou não) já ouviram em algum momento esse tipo de referência, que bastou para se situar. Não é preciso ser um grande conhecedor da geografia do município para saber de que local se trata. Não é um cavalo em si (hoje), nem um bairro, mas um ponto de referência de toda uma região urbana residencial e comercial, cortada por uma das principais avenidas de Araucária (a Avenida Dr. Victor do Amaral) e assim conhecida popularmente por conta de uma construção marcante – a Casa do Cavalo Baio.
Trata-se do mais antigo imóvel em alvenaria preservado do município. Uma casa que transcende gerações e liga etnias – refletindo a forma como Araucária foi diversamente povoada. Ela foi construída em 1870 (sendo, portanto, vinte anos mais antiga do que o próprio município de Araucária) para a família de alemães de sobrenome Suckow, e teve como construtor responsável o inglês Walter Joslin – responsável por outras obras importantes na história do município. Por muito tempo foi um estabelecimento comercial, onde se trocavam mercadorias que vinham em carroças e tropas, em uma época em que ainda se encontravam por ali colonos, tropeiros e comerciantes locais, abastecendo o comércio e movimentando a região. Em 1943, a propriedade foi adquirida pela família de origem francesa Charvet, que a detém até os dias de hoje, zelando por sua preservação.
Foi então que a casa, que já chamava a atenção por sua belíssima construção em alvenaria com arquitetura em estilo centro-europeu, ganhou o apelido carinhoso. A família Charvet possuía belos cavalos, que ficavam ao lado da casa, mas um em especial – o baio (que na verdade se chamava Rex) - chamava a atenção por seu porte e beleza. Foi por causa dele que a construção ficou conhecida como “a casa do cavalo baio”, tornando-se uma referência local até os dias de hoje.
A casa do Cavalo Baio foi edificada a partir de influências arquitetônicas de diversos povos que ajudaram a estruturar a cidade de Araucária no séc. XIX. Nesse sentido, pode-se observar especialmente a presença de traços típicos das edificações alemãs, a exemplo do telhado com águas bastante pronunciadas e telhas alemãs; também há alguma influência de elementos da arquitetura polonesa e italiana. Destaca-se a presença de janelas com vergas em arco pleno, com venezianas que acompanham este formato. A casa possui como tipologia construtiva a alvenaria de tijolos assentada sobre alvenaria de pedra. Internamente, os assoalhos de madeira são estruturados com matajuntas. As grandes aberturas em sua fachada frontal (voltadas para a rua Dr. Vitor do Amaral) denotam a antiga função de armazém, que possuía o porão como estrutura de apoio. O sótão, onde podem ser vistas as estruturas de madeira que sustentam o telhado, é um ambiente comum às edificações do período.
Ao longo do tempo, a casa passou por modificações na pintura (cor) e também na relação com a via em frente, visto que a geometria da via e seu nível foram se alterando com o passar do tempo. Nenhuma dessas transformações de entorno, no entanto, alterou as características formais da edificação, que permanece com a mesma linguagem da época de sua construção.
Por conta de sua importância para o município, ela foi tombada em 26 de dezembro de 1978, a pedido da proprietária Maria Luiza Charvet, junto à Secretaria de Estado da Cultura (inscrição n° 67 na Lei Estadual 1211, de 16/09/1953). Atualmente o imóvel pertence a Fabienne Charvet, e segue sendo um marco histórico e referencial, como ponto turístico para os visitantes e como parte da identidade do município de Araucária e seus habitantes.
(Texto escrito por Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadora, e) Lauri Anderson Lenz – arquiteto)
(Legendas das imagens:
1 - Residência e comércio da família Suckow, atual Casa do Cavalo Baio, final do séc XIX. Coleção Ruy Wachowicz. Acervo Arquivo Público do Paraná.
2 - Casamento de Carlos Gustavo Bengtsson e Emma Emília Helena Suckow em frente à casa, 21 de abril de 1907. Coleção de Olga Jess. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Armazém Cavalo Baio, 1950. Coleção família Charvet. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
4 - Rex - o cavalo baio da família Charvet, sd. Coleção família Charvet. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
5 - Família Charvet, 1958. Coleção família Charvet. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
6 - Casa Cavalo Baio, março de 1975. Foto de José Bueno Filho. Acervo Família Charvet. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
7 - Casa do Cavalo Baio, esquina da Av. Victor do Amaral com Alfred Charvet, 2002. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
8 - Fabienne Charvet em ação educativa no interior da Casa do Cavalo Baio. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
9 - Casa do Cavalo Baio, 2021. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)

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Residência e comércio da família Suckow, atual Casa do Cavalo Baio, final do séc XIX. Coleção Ruy Wachowicz. Acervo Arquivo Público do Paraná.

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Casamento de Carlos Gustavo Bengtsson e Emma Emília Helena Suckow em frente à casa, 21 de abril de 1907. Coleção de Olga Jess. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Armazém Cavalo Baio, 1950. Coleção família Charvet. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Rex - o cavalo baio da família Charvet, sd. Coleção família Charvet. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Família Charvet, 1958. Coleção família Charvet. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Casa Cavalo Baio, março de 1975. Foto de José Bueno Filho. Acervo Família Charvet. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

A VELHA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE ARAUCÁRIA A Estação Ferrovia de Araucária foi inaugurada em 1891 conectando o trecho ferroviário entre Curitiba e Serrinha, cujo itinerário final era Ponta Grossa.

 A VELHA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE ARAUCÁRIA
A Estação Ferrovia de Araucária foi inaugurada em 1891 conectando o trecho ferroviário entre Curitiba e Serrinha, cujo itinerário final era Ponta Grossa.


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A VELHA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE ARAUCÁRIA
A Estação Ferrovia de Araucária foi inaugurada em 1891 conectando o trecho ferroviário entre Curitiba e Serrinha, cujo itinerário final era Ponta Grossa.
Nesta foto de 1926, vemos a singela estaçãozinha construída em madeira que incendiou-se em 1962. Uma nova foi construída em alvenaria que foi desativada com o fim do trem de passageiros para Curitiba, em 1977.
Nesses trilhos passavam comboios de vagões carregando gado e também tanques militares do batalhão do Exército vindos de Ponta Grossa e do norte do Paraná, além dos trens de subúrbio, que eram composições mistas de carga e passageiros.
Chegou a atender trens de subúrbio no trecho Curitiba-Passaúna dos anos 1950 até o ano de 1977. A estação de Araucária ficava junto a um trevo da avenida que tem em seu centro hoje em dia um monumento apelidado de "Parafuso". Uma praça ao lado desse monumento era onde estava a estação. Nada restou. No leito da antiga linha, uma avenida.
Nesse ano de 1977, a linha foi substituída pela variante Pinhais-Engenheiro Bley, passando bem mais ao sul de Curitiba, e teve os trilhos retirados no início dos anos 1990. Nessa variante, uma estação com o mesmo nome foi aberta, Araucária-nova.
(Fonte: nostrilhos.com.br)
Paulo Grani

sábado, 23 de abril de 2022

Serraria Labor, em Araucária, em 1902. De Junqueira, Netto & Cia., integrante da Cooperativa Florestal Paranaense. (Foto: novomilenio.inf.br). Paulo Grani.

 Serraria Labor, em Araucária, em 1902. De Junqueira, Netto & Cia., integrante da Cooperativa Florestal Paranaense.
(Foto: novomilenio.inf.br).
Paulo Grani.


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segunda-feira, 21 de março de 2022

Vista Panorâmica de Araucária, com destaque para a Praça Vicente Machado. Sem data. Fonte: Foto extraída do IBGE.

 Vista Panorâmica de Araucária, com destaque para a Praça Vicente Machado.

Sem data.
Fonte:
Foto extraída do IBGE.


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terça-feira, 15 de março de 2022

1920 - ARAUCÁRIA VISTA DE ALGUM LUGAR ALÉM DA ATUAL RODOVIA DO XISTO. Acervo de Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres

 1920 - ARAUCÁRIA VISTA DE ALGUM LUGAR ALÉM DA ATUAL RODOVIA DO XISTO.
Acervo de Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres


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quinta-feira, 3 de março de 2022

Sociedade Dom Ludowy, em Araucária, Paraná, em 1918.

 Sociedade Dom Ludowy, em Araucária, Paraná, em 1918.


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Data - 1918
Localização - Rua Dr. Julio Szymanski (atual)
Foto - acervo do ARQUIVO HISTÓRICO ARCHELAU DE ALMEIDA TORRES
Quando os imigrantes vindos da Polônia chegavam em Araucária, obrigatoriamente se apresentavam na Colonia São Miguel, de lá eles eram encaminhados às diversas localidades que formam as áreas rurais de nossa cidade.
Os tempos difíceis de muito trabalho tinham uma pausa nos finais de semana, quando as famílias se reuniam e se dirigiam ao centro de Araucária onde podiam participar do Ofício das Missas, encontrar os conterrâneos e participar de diversas atividades sociais, e para que esses encontros se dessem da maneira mais cordial possível, uma comissão construiu na Rua Dr. Julio Szymanski uma Sociedade chamada Don Ludowy (o endereço é o atual pois em 1918 o Dr. Julio Szymanski foi um dos fundadores da Sociedade portanto, não temos o antigo nome da rua).
A Sociedade Don Ludowy, tinha diversas atividades sócio culturais e educativas. As crianças podiam ficar no local onde recebiam aulas em polonês para continuar os estudos, o salão era utilizado para casamentos e bailes, os diretores e imigrantes se reuniam para esclarecimentos e e decisões que iria guiar suas vidas no novo país. Essa sociedade estabeleceu-se no Centro da Cidade de Araucária, sua localização é ao lado da Casa Paroquial (atual), no seu pátio foi plantado um Carvalho, e, essa árvore foi tombada pelo Patrimônio Municipal pelo ex Prefeito Rizio Wachowicz durante os festejos de 90º Anos de Emancipação Política de Araucária. O prédio passou por diversas reformas, e, foi utilizada pelo Sindicato Rural de Araucária, pelo Unicop escola de cursos mantida pela Secretaria de Ação Social na década de 80, e depois de outra grande reforma o local passou a ser a sede da Secretaria Municipal de Agricultura e foi totalmente modificada e atualmente está sem atividade, o que é lamentável para um lugar que faz parte de grande parte de nossa história.
Há muito o que se dizer e mostrar sobre este lugar, esperamos que ele não seja apenas um lugar que ficará para sempre apenas nas lembranças de fotografias.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

lotação Araucária,década de 1930

 lotação Araucária,década de 1930


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quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

CINE LÍDER (1980) (ARAUCÁRIA) ***Foto: Arquivo Archelau de Almeida Torres ***

 

CINE LÍDER (1980) (ARAUCÁRIA)
***Foto: Arquivo Archelau de Almeida Torres ***


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