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quinta-feira, 26 de maio de 2022

CURITIBA, AS COISAS MUDARAM "Começo a perceber que tudo o que existia, se foi.

 CURITIBA, AS COISAS MUDARAM


"Começo a perceber que tudo o que existia, se foi.


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"Começo a perceber que tudo o que existia, se foi.
A casa da Manteiga não mais existe, assim como a Roskamp.
Os avisos de falecimento do café da alvorada ainda estão lá, mas aqueles que liam, já apareceram nos avisos.
A loja do Dr. Scholl continua, mas com a fachada diferente.
Ainda na mesma quadra, vejo que a lanchonete Cegonha sumiu e deu lugar a outro estabelecimento comercial. A joalheria do Boiko não existe mais.

Na esquina e na quadra, centenas de coreanos dominam as lanchonetes, antes de japoneses. Atravesso a rua, o passeio continua. Olho calmamente para o lado esquerdo e vejo que a confeitaria cometa faz muita falta. Ouço os sons daquela casa cheia, mesas de mármore branco e a cerveja gelada, em meio a empadinhas e sanduíches de pernil com verde.
Do outro lado, a livraria Gighnone ostentava uma bela placa e uma área imensa.

E a joalheria Kopp fechou.
E o Magazin Avenida, fechou.
E a Confeitaria das Famílias continua lá, no mesmo lugar, com o numero de lojas populares na Rua XV, aquela que era refinada e dava gosto de caminhar lentamente.

A Massom, a Slopper, a Tecelagem Imperial (de ontem), o M.Rosenmann Joalheiros, a pizza do Savoia, a loja de tecidos do pai do Caio, enfim cadê tudo isso?

Fechou, mudou, evoluiu, cresceu.
Só aí reparo que já estou com 50 anos. Mas mesmo assim, procuro algo para reavivar a memória e poder abrir um sorriso. Nada!

Não existe mais o q vi crescer e o que me fez crescer.
Até as janelas do Camões estão diferentes.
A Lancaster ainda está lá, assim como o Triângulo.

O árabe do primeiro andar fechou.
A foto Brasil se foi.
A Minerva voltou.
A confeitaria Colombo fechou.

Tudo muda.
Inclusive eu.

O Cine Ópera deu lugar à Mesbla, que deu lugar à Pernambucanas.
O Cine Avenida fechou, saiu o teatro HSBC, que substituiu o Bamerindus, na esquina toda.

A pérgola da Oliveira Belo sumiu.
A mulher que vendia loterias gritando para todos, continua lá.
E vai dar cobra.

O prédio Garcez, após tantas coisas, continua lá, escondendo em suas escadas e janelas, anos de histórias.
O melhor alfaiate de Curitiba, o Fernandes.
A loja do Lucilo.

O Inter com suas saídas de mulheres bonitas.
O Cine Palácio fechou.
A confeitaria Iguaçu está lá, mas não deu coragem de subir.
A Stier, que vendia som, se foi.
A Menilmontant, esta lá.
Volto para casa, lentamente.
E vou olhando, observando.
É outra cidade.

Até os rostos são outros.
Talvez um conhecido e outro, mas muita gente nova.
Gente que veio com a propaganda da capital do primeiro mundo.
Estamos indo.

Gente que veio em busca de paz. E encontrou.
Gente que veio atrás de cidade sorriso.
E achou.

Só o meu vai se perdendo pela caminhada.
É uma cidade virada, mas carinhosa, gostosa, charmosa.
Como não gostar da sua cidade?

Esta é Curitiba.
A nossa Curitiba. Querida e acolhedora.
Deixe pra lá a capital social, a cidade da gente, a capital ecológica.
Curitiba é nossa. Minha, sua, de quem aqui nasceu e se criou e de quem viu tudo mudar.

Quem chegou aqui faz tempo, quem não perdeu tempo e acompanhou tudo o que aconteceu.
Quando o calçadão chegou, tudo mudou.
Quando a cidade cresceu, o ladrão apareceu e as casas, antes sem grades, hoje são fortalezas que escondem a alegria dos curitibanos.

Esta é Curitiba.
Que hoje esta de aniversário. Mais um ano. Mais esperanças.
Ao menos, eu e tantos outros ainda moramos e vivemos aqui.
Ta ruim?
Tem pior.
Fiquemos aqui.
Felicidades, Curitiba."

(Texto de Constantino Kotzias)

Paulo Grani