sexta-feira, 14 de novembro de 2025

O Palacete Antônio de Souza Mello: Elegância Residencial e o Toque de Eduardo Fernando Chaves na Curitiba dos Anos 1920

 O Palacete Antônio de Souza Mello: Elegância Residencial e o Toque de Eduardo Fernando Chaves na Curitiba dos Anos 1920

Na Curitiba da década de 1920—uma cidade que crescia entre bondes elétricos, cafés elegantes e a ascensão de uma elite urbana consciente de seu papel social—erguia-se, na Rua Ébano Pereira, nº 26, uma residência que encarnava o ideal de distinção burguesa: o Palacete Antônio de Souza Mello. Mais do que um lar, era uma declaração de status, cultura e pertencimento. E por trás de sua fachada sóbria e refinada, estava a mão hábil de um dos nomes menos celebrados, mas essenciais, da engenharia civil paranaense: Eduardo Fernando Chaves, o projetista responsável pela reforma e ampliação daquela residência de grande porte.

Um Projeto de Prestígio Arquitetônico

Em 7 de junho de 1921, com alvará de construção registrado sob o Talão nº 400, nº 1453/1921, dava-se início à transformação da residência de Antônio de Souza Mello, figura proeminente da sociedade curitibana—possivelmente ligado ao comércio, à indústria ou à administração pública, como sugere o porte e localização privilegiada do imóvel. O projeto, assinado por Chaves, previa dois pavimentos e uma área total de 540 m², construídos com alvenaria de tijolos, técnica dominante na época para edificações de qualidade duradoura e acabamento nobre.

As pranchas preservadas—com fachada frontal, plantas do térreo e superior e corte transversal—revelam um senso apurado de proporção, funcionalidade e estética. A residência combinava elementos clássicos, como janelas em arco, molduras ornamentadas e simetria rigorosa, com soluções práticas voltadas ao conforto da vida doméstica moderna: espaços bem distribuídos, salões generosos, áreas de serviço discretas e escadaria central que conectava os andares com fluidez. Era, sem dúvida, uma casa pensada para acolher não apenas uma família, mas também a sociabilidade da elite urbana—jantares, reuniões políticas, encontros culturais.

Eduardo Fernando Chaves: O Engenheiro da Cidade que se Modernizava

Mais uma vez, o nome de Eduardo Fernando Chaves surge como peça-chave na tessitura arquitetônica de Curitiba. Conhecido por sua atuação no Palacete do Banco do Brasil—igualmente demolido—Chaves demonstrava, nesse projeto residencial, versatilidade e sensibilidade às diferentes escalas do urbanismo: do edifício institucional ao lar particular. Seu trabalho para Antônio de Souza Mello não era apenas técnico; era uma intervenção cultural, moldando o espaço privado de acordo com os ideais de civilidade e progresso que definiam a Primeira República.

Formado pela Faculdade de Engenharia do Paraná, Chaves dominava os princípios da arquitetura civil e da higiene dos edifícios—disciplinas centrais em sua formação e que orientavam suas decisões construtivas. A escolha da alvenaria de tijolos, por exemplo, não era apenas estética: garantia isolamento térmico, durabilidade e resistência ao clima úmido da região. Já a distribuição interna dos cômodos buscava ventilação cruzada e luminosidade natural—detalhes que, hoje, soam como práticas sustentáveis, mas que, à época, eram sinônimos de modernidade higiênica.

Um Legado Fotografado, Mas Não Preservado

Embora o Palacete Antônio de Souza Mello tenha sido demolido até 2012, sua memória sobrevive em preciosos registros visuais. Fotografias das coleções de Antônio Souza Mello e de Ernani Straub—este último um dos maiores cronistas visuais da Curitiba antiga—mostram a imponente fachada do imóvel, com suas janelas altas, varandas discretas e telhado de quatro águas, típico das grandes residências urbanas da época. Essas imagens, aliadas aos desenhos técnicos arquivados em microfilme no Arquivo Público Municipal de Curitiba e no Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, são testemunhos silenciosos de uma era em que a arquitetura residencial refletia a alma de uma cidade em formação.

Lembrar Para Não Apagar

A demolição do palacete é mais do que a perda de tijolos e madeira—é o apagamento de um capítulo da identidade urbana de Curitiba. Mas enquanto houver arquivos, fotografias e nomes como o de Eduardo Fernando Chaves sendo recuperados da sombra do esquecimento, a cidade manterá viva sua memória construída.

Antônio de Souza Mello teve um lar.
Eduardo Fernando Chaves deixou uma herança.
E nós, hoje, somos responsáveis por não deixar que essas histórias desmoronem junto com os muros.


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Eduardo Fernando Chaves: Projetista

Denominação inicial: Palacete Antonio Souza Mello

Denominação atual:

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Grande Porte

Endereço: Rua Ébano Pereira, nº 26

Número de pavimentos: 2
Área do pavimento: 540,00 m²
Área Total: 540,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos

Data do Projeto Arquitetônico: 07/06/1921

Alvará de Construção: Talão Nº 400; N° 1453/1921

Descrição: Projeto Arquitetônico para reforma e aumento de uma residência e fotografias do imóvel.

Situação em 2012: Demolido


Imagens

1 – Desenho da fachada frontal da residência.
2 – Plantas dos pavimentos térreo e superior e corte transversal.
3 – Fotografia do imóvel. s/d.
4 – Fotografia do imóvel. s/d.

Referências: 

1 e 2 – CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto para reforma e augmento do prédio do Sr. Antonio de Souza Mello à Rua Ébano Pereira n° 26. Plantas dos pavimentos térreo e superior, corte e fachada frontal apresentados em duas pranchas. Microfilme digitalizado.
3 – Coleção Antonio Souza Mello.
4 – Coleção de Ernani Straub, s/d.

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Instituto Histórico e Geográfico do Paraná ; Antonio Souza Mello; Ernani Straub.

O Palacete do Banco do Brasil em Curitiba: Um Marco Arquitetônico Efêmero Projetado por Eduardo Fernando Chaves

 O Palacete do Banco do Brasil em Curitiba: Um Marco Arquitetônico Efêmero Projetado por Eduardo Fernando Chaves

O Palacete do Banco do Brasil em Curitiba: Um Marco Arquitetônico Efêmero Projetado por Eduardo Fernando Chaves

Na virada da década de 1920, quando Curitiba ainda se desenhava entre trilhos de bonde e o crescimento silencioso de suas instituições, ergueu-se na Praça Tiradentes, esquina com a Rua Alegre, um edifício que simbolizava a força e a modernidade do Banco do Brasil: o Palacete do Banco do Brasil. Sua concepção arquitetônica foi confiada a um dos talentos emergentes da engenharia paranaense: Eduardo Fernando Chaves, então projetista e fiscal da obra—um homem cujo nome, embora pouco celebrado hoje, deixou marcas discretas, porém significativas, na paisagem urbana da capital.

Um Projeto entre Tradição e Modernidade

Concebido entre 1920 e 1922, o edifício destacava-se por sua solidez e elegância funcional. Com dois pavimentos e uma área total de 400 m², o palacete combinava técnicas construtivas inovadoras para a época—cimento armado, símbolo da nova era da engenharia—com a robustez tradicional da alvenaria de pedra, material comum nas construções sólidas de Curitiba desde o século XIX. Essa fusão refletia a dualidade do momento histórico: um Brasil que, mesmo enraizado em suas tradições, abraçava os ventos da modernização.

A fachada, imponente e bem proporcionada, era mais do que uma simples empena de concreto e pedra—era uma declaração institucional. O Banco do Brasil, já então um pilar da economia nacional, queria transmitir confiança, estabilidade e progresso. E o projeto de Chaves cumpria esse papel com maestria: linhas sóbrias, simetria clássica e um equilíbrio entre ornamentação e utilidade, típico da arquitetura civil da Primeira República.

Eduardo Fernando Chaves: Entre o Traço e a Cidade

Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Eduardo Fernando Chaves, mas seus trabalhos acadêmicos revelam um profissional atento aos princípios da higiene dos edifícios e do saneamento urbano—temas centrais na formação de engenheiros da época. Em sua tese de concurso apresentada à Cadeira de Arquitetura Civil, Higiene dos Edifícios e Saneamento das Cidades da Faculdade de Engenharia do Paraná em 1930, Chaves demonstrou profundo conhecimento técnico e sensibilidade urbanística. É provável que esses mesmos princípios tenham orientado o projeto do palacete: ventilação cruzada, iluminação natural e circulação eficiente—detalhes que, embora invisíveis ao olho leigo, garantiam o bem-estar de funcionários e clientes.

Atuando como projetista e fiscal, Chaves não apenas desenhou o edifício, mas acompanhou sua construção de perto—uma prática comum na época, mas que exigia rigor, responsabilidade e compromisso com a qualidade. Sua presença no canteiro de obras era, de fato, a garantia de que o traço no papel se tornaria realidade com fidelidade e integridade.

Um Legado Demolido, Mas Não Esquecido

Apesar de sua presença marcante no centro de Curitiba por décadas, o Palacete do Banco do Brasil não resistiu às pressões do desenvolvimento urbano do século XX. Em 2012, o edifício foi demolido, cedendo lugar a novas estruturas mais alinhadas com a lógica imobiliária contemporânea. Com ele, parte da memória arquitetônica da cidade foi apagada—mas não totalmente.

Fotografias da década de 1920 preservam sua fachada imponente, testemunhando uma época em que os bancos construíam palácios não para impressionar, mas para encarnar a solidez do capital nacional. E, mais do que isso, essas imagens guardam o traço de um engenheiro-curitibano que, com tinta, régua e convicção, ajudou a moldar o rosto moderno da cidade.

Em Memória da Arquitetura que Nos Conta Histórias

Hoje, ao caminhar pela Praça Tiradentes, poucos imaginam que ali, por quase um século, existiu um edifício que foi muito mais que uma agência bancária: foi um símbolo de ambição coletiva, de um Paraná que se integrava ao Brasil moderno. E por trás de suas paredes, havia o nome de Eduardo Fernando Chaves—um homem cujo legado, embora silencioso, merece ser lembrado.

Porque cada cidade é feita não só de concreto, mas de histórias—e as de Chaves e seu palacete ainda ecoam nas ruas que ele ajudou a erguer.


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Eduardo Fernando Chaves: Projetista e Fiscal

Denominação inicial: Palacete do Banco do Brasil

Denominação atual:

Categoria (Uso): Diversos
Subcategoria:

Endereço: Praça Tiradentes esquina da Rua Alegre

Número de pavimentos: 2
Área do pavimento: 400,00 m²
Área Total: 400,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Cimento Armado e Alvenaria de Pedra

Data do Projeto Arquitetônico: 1920 - 1922

Alvará de Construção: 

Descrição: Fachada das instalações da nova sede do Banco do Brasil em Curitiba.

Situação em 2012: Demolido


Imagens

1 - Fachada do Palacete do Banco do Brasil na década de 1920.

Referências: 

CHAVES, Eduardo Fernando. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. 45 p. p. 45.