sábado, 27 de dezembro de 2025

CONHECENDO O INÍCIO DO HOSPITAL DE CRIANÇAS DE CURITIBA

 CONHECENDO O INÍCIO DO HOSPITAL DE CRIANÇAS DE CURITIBA

Era 1919, um grupo de mulheres de Curitiba começou a construir a história do Hospital de Crianças de Curitiba: elas se mobilizaram para oferecer atendimento de saúde à população carente da cidade, especialmente para as crianças.
Esse grupo se uniu a médicos e autoridades locais e, assim, conseguiu inaugurar o Dispensário Infantil, que passou a receber os primeiros pacientes em outubro de 1919. A semente estava lançada: nascia aí o projeto para um hospital infantil que se chamaria Hospital de Crianças de Curitiba.
A mobilização para a construção do Hospital aconteceu durante os anos 1920, sendo inaugurado em 02/02/1930, dividindo o prédio com a sede da Cruz Vermelha Paranaense, edificado na rua Silva Jardim, entre as ruas Desembargador Motta e Brigadeiro Franco.
A planta do Hospital, aprovada em sessão da Cruz Vermelha Paranaense em 20/12/1922, foi de autoria do engenheiro João Moreira Garcez, que era prefeito da Capital, e desenhada pelo senhor Valentim de Freitas.
Durante o início da construção do Hospital, a planta ficou exposta na Chapelaria Jacob na rua XV de Novembro, uma das mais movimentadas de Curitiba, para que fosse observada pelos moradores da cidade, o que, ao mesmo tempo, motivava a população a participar fazendo doações para a obra e, também, despertando novos colaboradores.
No dia 10/03/1923, numa sessão da Cruz Vermelha Paranaense foi constituída uma comissão composta pelos srs. Moreira Garcez, Vieira Cavalcante, Generoso Marques, Aluízio França e Eduardo Wirmond Lima para dirigir a construção do Hospital de Crianças. A Firma Muzillo foi contratada neste mesmo ano para a
realização da obra.
Mesmo o início da edificação tendo sido atrasado por falta de materiais e pelo tempo chuvoso, até o fim daquele ano foram
despendidos na construção do Hospital de Crianças 15:000$000”.
Foi neste mesmo ano, 1923, que a Cruz Vermelha Paranaense instituiu as ‘cadernetas de doações’, no valor de 500$000 cada, especialmente para angariar fundos para trazer à existência o Hospital de Crianças. No movimento de caixa da Cruz Vermelha Paranaense do ano de 1923, o total de dinheiro arrecadado pelas cadernetas para a construção foi de 5:440$000.
As primeiras cadernetas recolhidas que atingiram o valor estabelecido, foram as seguintes:
N. 5 Madame Laforge 500$000
N. 12 Dr. Eurides Cunha 500$000
N. 30 Banco do Brasil 500$000
N. 48 Engenho Fido Fontana 500$000
N. 49 Engenho Viuva B. Veiga 500$000
N. 54 Engenho Arcesio Guimarães 500$000
N. 52 Srs. Zanchetta e Frechi 500$000
N. 58 South Brazilian Railways 500$000
N. 62 Sr. Ascanio Miró 500$000
N. 68 Sr. Altivir de Abreu 500$000
N. 70 Engenho David Carneiro 500$000
N. 81 Fabrica do Sr. Solheid 500$000
N. 89 D. Alcina Camargo 500$000
N. 53 Dr. Luiz Medeiros 500$000
N. 164 Sr. Julio Esteves 500$000.
(Gazeta do Povo, 02/02/1924, p. 3).
Nos anos seguintes, as arrecadações continuaram, porém, não se sabe ao certo quais das demais cadernetas até a n° 163 atingiram o valor pretendido de 500$000.
Além de doações de dinheiro, eram vários os curitibanos que faziam outros tipos de donativos para a edificação do Hospital de Crianças.
Em 27/02/1924, por exemplo, o jornal Gazeta do Povo publicou a lista de doações em materiais de construção de firmas madeireiras da Capital para o Hospital: “Bettega e Filhos, 50 metros de soalho; Junqueiro Mello, 2 vagões de madeira; Leão Junior e Cia. 1 vagon, Pedro Zagonel, 1 vagon, Dzieciany e Cia 1 vagon” (Gazeta do Povo, 27/02/1924, p. 1).
Assim, pouco a pouco, o Hospital de Crianças de Curitiba foi edificado.
A construção do edifício pôde ser acompanhada nos jornais da cidade que, além de realizarem mobilização constante para manter a arrecadação de dinheiro para a
obra e agradecer aos doadores, salientavam as ações da Cruz Vermelha Paranaense no atendimento às crianças pobres.
Com a inauguração o Hospital de Crianças passou a receber donativos de diversas naturezas, doados por empresas e cidadãos, conforme vê-se alguns neste rol:
"- Casa Crystal, de Wesdler e Comp. 2 caldeirões esmaltados, 2 caçarólos, 1 assadeira, duas chaleiras, 1 concha e 1 espumadeira;
- Casa Schimidt e Comp. 1 dz. de abat-jours, 2 dzs. de talheres, 1 dz. de colheres de sopa, 1 dz. de colheres de sobremesa;
- Casa Vermelha, de Eurico Fonseca e Comp. 2 dzs. de pratos razos;
- Sr. José Bento Monteiro, com casa de representações á rua Aquidaban nº 64 – 2 dzs. de litros de álcool;
- Sra. D. Paslina Virmond Carnasciali e suas gentilíssimas filhas – 24 lenções e 12 fronhas;
- Casa Filizola, á rua Barão do Serro Azul
nº 95 – 6 latas de 7.5 kgs.;
- Casa Aluminio de Schiebler e Cia. – 3 bacias de Agatha, 3 coadores para caldo, 2 dzs. de chicaras e 2 dzs. de copos;
- Casa Porcellana, de Schimidlin, Tam e Cia. – 3 dzs. de chicaras de pó de pedra, 3 dzs. de pratos razos, 3 dzs. de copos lisos;
- Casa Francisco Hauer e Filhos – 2 leiteiras, 2 coadores, 2 bandeijas, 1 machina para moer carne e 1 jogo de colheres de madeira; - - Casa Schultz – 30 marcas para roupa."
(Gazeta do Povo, 22/10/1930, p. 4).
Em 1951, a organização passa a se chamar Hospital de Crianças Dr. Cesar Pernetta e, 20 anos depois, eles inauguram o Hospital Pequeno Príncipe — atualmente chamado de Complexo Pequeno Príncipe, pois abriga, além do hospital, as Faculdades Pequeno Príncipe (2003) e o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (2005). A mantenedora da entidade é a Associação Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro.
(Texto adaptado de: históriahospitalcriancas.pdf / Fotos: publicadas na Gazeta do Povo)
Paulo Grani






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