quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Affonso Alves de Camargo Netto

Affonso Alves de Camargo Netto


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Affonso Alves de Camargo Netto
Deputado federal pelo  Paraná
Período1995 - 1999(50ª Legislatura)
1999 - 2003(51ª Legislatura)
2003 - 2007(52ª Legislatura)
2007 - 2011(53ª Legislatura)
Senador do  Paraná
Período1979 - 1987
1987 - 1995
Vice-Governador do  Paraná
Período1964 - 1965
Dados pessoais
Nascimento30 de abril de 1929
Curitiba, (PR), Brasil
Morte24 de março de 2011 (81 anos)
Curitiba, (PR), Brasil
PartidoPDC (1965), MDB (1965-1973), ARENA (1973-1980), PP (1980-1981), PMDB (1981-1987), PTB (1987-1992), PPR (1992-1995), PFL (1995-2001), PSDB (2001-2011)
ProfissãoEngenheiro Civil
linkWP:PPO#Brasil
Affonso Alves de Camargo Netto (Curitiba30 de abril de 1929 — Curitiba, 24 de março de 2011) foi um engenheiro civil e político brasileiro do estado do Paraná. Filho de Pedro Alípio Alves de Camargo e Ismênia Marçallo de Camargo, neto do ex-governador do Paraná Afonso Camargo e descendente do fundador de Curitiba, bandeirante Baltasar Carrasco dos Reis.
Foi vice-governador do estado do Paraná, senador da república pelo mesmo estado, além de deputado federal, eleito em 1995, representando o povo paranaense.[1]
Camargo Netto foi Candidato a Presidente da República em 1989. Sua família paterna, formada por pecuaristas e donos de frigoríficos, fornecera quadros políticos ao antigo Partido Republicano Paranaense. Seu avô, Affonso Alves de Camargo foi deputado estadual por quatro mandatos (1898-1914), deputado federal (1921-1922), senador (1922-1927) e presidente do Estado do Paraná por duas vezes (1916-1920 e 1928-1930) durante a República Velha. Ocupava este último posto quando da eclosão da Revolução de 1930.
Affonso Camargo Netto foi casado com Gina Flores de Camargo, filha de Fernando Flores, constituinte de 1946 e deputado federal pelo Paraná entre 1946 e 1955, com quem teve cinco filhos, dos quais dois adotivos. Casou-se pela segunda vez em março de 1994 com Nadir de Santa Maria de Camargo, com quem teve um filho.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal do Paraná em 1952, trabalhou na iniciativa privada até aproximar-se do então governador Ney Braga que o nomeou sucessivamente diretor do Departamento de Água e Energia Elétrica do Paraná e Secretário de Justiça sendo eleito vice-governador em 1964. Adversário político de Paulo Pimentel, trocou o antigo PDC pelo MDB após a instituição do bipartidarismo pelos militares. Tal opção política o fez romper com Ney Braga sendo por este derrrotado na disputa ao senado em 1966.
Posteriormente Ney Braga e Paulo Pimentel romperam politicamente e Afonso Camargo recompôs sua aliança com o seu antigo padrinho político, fato que o levou à presidência do Banco do Estado do Paraná e a ser Secretário de Fazenda (1973-1974). Eleito presidente do diretório regional da ARENA em 1975 foi indicado senador biônico em 1978. Com a volta do pluripartidarismo seguiu rumo ao PP liderado por Tancredo Neves, a quem seguiu quando de seu ingresso no PMDB. Secretário-geral do partido, foi indicado Ministro dos Transportes em 1985 após a eleição de Tancredo Neves à Presidência da República e com o falecimento deste foi mantido na pasta por José Sarney. Neste período, criou o vale-transporte e assim ficou conhecido pela alcunha de "o pai do vale transporte"[2]. Após deixar o governo foi reeleito senador em 1986.
Afonso Camargo deixou o PMDB no primeiro ano de seu novo mandato e foi candidato à presidência da República em 1989, pelo PTB sem que passasse do primeiro turno. Na rodada seguinte apoiou a candidatura de Fernando Collor a quem serviu novamente como Ministro dos Transportes nos últimos meses de seu governo quando ocupou também responsável a pasta das Comunicações. Foi eleito deputado federal em 1994, 1998, 2002 e 2006 sendo que durante esse período esteve filiado ao PPR e ao PFL antes de ingressar no PSDB em 2001.

Atividades Partidárias[editar | editar código-fonte]

  • Secretário do Diretório Nacional do PDC
  • Presidente do Diretório Regional da Arena (1975)
  • Vice-Presidente da Comissão Executiva do PP (1979)
  • Vice-Líder do PP no Senado Federal (1979)
  • Secretário-Geral do PMDB
  • Vice-Líder do PSDB (2 de maio de 2006 a 3 de maio de 2006)

Atividades Profissionais e Cargos Públicos[editar | editar código-fonte]

  • Diretor de Empresa de Incorporações Imobiliárias
  • Diretor do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Paraná (1961)
  • Presidente Fundador da Companhia de Desenvolvimento do Paraná (CODEPAR), em Curitiba (1962)
  • Secretário do Interior e Justiça do Estado do Paraná (1963)
  • Presidente (1973) e Secretário de Finanças (1974) do Banco do Estado do Paraná
  • Secretário da Fazenda do Estado do Paraná (1974)
  • Ministro de Estado dos Transportes (1985-1986)
  • Ministro de Estado dos Transportes e das Comunicações (1992)

Estudos e Cursos Diversos[editar | editar código-fonte]

Referências

  1.  «Afonso Camargo»Câmara dos Deputados. Camara.gov.br
  2.  «Morre Affonso Camargo, ex-deputado paranaense conhecido como "pai do vale-transporte"»Portal R7. Noticias.r7.com. Consultado em 29 de março de 2011

Fonte de pesquisa[editar | editar código-fonte]

  • ALMANAQUE ABRIL 1986. 12. ed. São Paulo: Abril, 1985.

Precedido por
Cloraldino Soares Severo
Ministro dos Transportes do Brasil
1985 — 1986
Sucedido por
José Reinaldo Carneiro Tavares
Precedido por
João Eduardo Cerdeira de Santana
Ministro dos Transportes do Brasil
1992
Sucedido por
Alberto Goldman
Precedido por
João Eduardo Cerdeira de Santana
Ministro das Comunicações do Brasil
1992
Sucedido por
Hugo Napoleão do Rego Neto

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Augusto Stresser

Augusto Stresser


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Augusto Stresser
Criador da primeira ópera do PR
Informação geral
Nome completoAugusto Stresser
Nascimento18 de julho de 1871
OrigemCuritiba
País Brasil
Morte18 de novembro de 1918 (47 anos)
Augusto Stresser (Curitiba18 de julho de 1871 — 18 de novembro de 1918) foi um compositor do Brasil. Também foi jornalista e ilustrador do jornal O Guaranyartista plásticoescritor e funcionário graduado da Delegacia do Tesouro Nacional no Paraná.
Augusto Stresser é o compositor da primeira ópera paranaense.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Augusto Stresser nasceu em 18 de julho de 1871 (prematuro de oito meses) em uma casa localizada na esquina da Rua da Carioca (atual Rua Riachuelo) com a Rua dos Alemães (atual Rua 13 de Maio) na capital paranaense[1].
Filho de Theodoro Stresser, alemão nascido em Walferding (Luxemburgo) e que imigrou para o Brasil no final da década de 1820 (com apenas 3 anos de idade). A mãe de Augusto foi Izabel Pletz (mais conhecida por "Luiza"), brasileira e descendente direta de alemães. O casal Theodoro e Izabel casou-se em Curitiba no dia 23 de janeiro de 1847 e tiveram sete filhos, sendo Augusto o caçula da família. Seus irmãos foram: Maria do Pilar, Leopoldina, José Theodoro, João Augusto, Francisca e Guilhermina[2].
Theodoro, pai de Augusto, era dono de olaria no Bacacheri e foi o primeiro a fabricar as telhas tipo "Marselha" no Paraná. Este produto era considerado de fino acabamento e com o seu processo de fabricação especial, o Governo Provincial concedeu a Theodoro o privilégio da fabricação e introdução no mercado por 30 anos, a partir da década de 1870[3].
Os primeiros anos de vida de Augusto foram marcados por doenças. Com um ano de idade foi desenganado pelo médico da família e somente foi curado com os cuidados e recomendações do médico particular da imperatriz, dona Thereza Christina Maria, o Dr. Rocha Lima que nesta época passava alguns dias na capital paranaense. Aos três anos de idade nova doença, com ameaça de tifo. A cura, desta vez, veio através dos medicamentos do médico homeopata Dr. João Manoel da Cunha.
Augusto aprendeu a ler e a escrever aos sete anos com a mãe, mas sua primeira escola formal foi a do professor Miguel Schleder. No ginásio, teve entre os colegas, Affonso Camargo, Ivo Affonso da Costa, Antonio Aughusto de Carvalho. Nos intervalos dos períodos de estudo, Augusto sempre pintava e desenhava. Começou, desde pequeno, a manifestar pendores para as belas artes. Aos oito anos se interessou por música e fotografia e em pouco tempo manejava, magistralmente uma flauta, que ganhara do irmão "Jéca" (José Theodoro).
Augusto Stresser casou-se com Ernestina Gaertner e tiveram oito filhos: Cecília, Ary, Zuleika, Adherbal Stresser, Sidéria, Gastão, Guiomar e Milton.
Ainda jovem tornou-se funcionário do "Estado" a ali trabalhou por quase toda a sua vida, chegando a ser Delegado Fiscal o Paraná.

Carreira artística[editar | editar código-fonte]

Começando na música desde cedo, dedicou-se ao estudo da flauta e do contrabaixo. Seu gosto pela música fez de Augusto um dos fundadores do Grêmio Musical Carlos Gomes, juntamente com: Alberto Monteiro, Antenor Monteiro, Álvaro Barbosa, Alberto Leschaud, Athanázio Leal, Annibal Requião, Bellarmino Vieira, Frederico Lange, Gabriel Monteiro e Gabriel Ribeiro. O Grêmio foi criado em 28 de maio de 1893[4]. Posteriormente, Augusto tocou na orquestra da Catedral Metropolitana de Curitiba. O gosto musical levou-o a tocar flauta, flautim, contrabaixo e piano e sua dedicação a música não impediu de "navegar" em outras atividades artísticas, como: desenhistapintorpoetafotografia, além de jornalista.
Como jornalista publicou, juntamente com Silveira Netto, um jornal ilustrado de cunha artístico: “O Guarany” (homenagem a obra de José de Alencar). Mais tarde, em parceria com Leite Junior, publicou o jornal "A Fanfarra" e também colaborou nos jornais "Diário da Tarde", de Curitiba e no "O Itiberê" de Paranaguá.

Sidéria[editar | editar código-fonte]

A música já fazia parte da vida de Augusto Stresser desde os seus primeiros anos e deste interesse nasceu o sonho: compor uma ópera genuinamente paranaense. Foi com o primo Jayme Ballão que Augusto começou a transformar este sonho em realidade. Ambos trabalharam em uma pequena ópera de dois atos e quando pronto surgiu o problema da orquestração, pois Curitiba, no início do século XX, não contava com pessoal habilitado para tal serviço. Somente em 1911, quando a Companhia de Operetas Alemã Papke, regida pelo maestro Léo Kessler, dissolve-se após algumas apresentações no antigo Theatro Guayra, é que Jayme e Augusto executam a orquestração com o auxilio de Léo. Nesta finalização a ópera sofreu algumas alterações e ganha o acréscimo de um ato.
Batizada de Sidéria em homenagem a sua filha, Augusto estreou a primeira ópera do Paraná em 3 de maio de 1912[5] no Theatro Guayra, com grande sucesso.
A ópera conta o amor trágico de uma jovem em meio à Revolução Federalista.
Interpretado por um elenco amador, a ópera teve a seguinte formação em sua estréia:
  • SIDÉRIA - Marietta Bezerra (soprano);
  • THYLDE - Josepha Correia de Freitas (soprano);
  • ALCEU - Jorge Wucherpfenning (tenor e único profissional, remanescente da Companhia de Opereta Alemã Papke);
  • JUVENAL - Jorge Leitner (tenor);
  • CAMPONESES - José Buzetti Mori e Luis Romanó.
Além de Sidéria, Augusto assinou a mazurca Pérolas da Noite, a fantasia Prelúdio e um hino em homenagem ao cinqüentenário do Paraná.[6][7]
Augusto Stresser faleceu no dia 18 de novembro de 1918, aos 47 anos de idade, vítima da gripe espanhola.[3]

Homenagens póstumas[editar | editar código-fonte]

São inúmeras as homenagens ao curitibano ilustre, porém, a sua cidade natal batizou com o nome do compositor a Biblioteca Augusto Stresser e também uma via do bairro Hugo Lange de Rua Augusto Stresser; homenagem idêntica foi concedida pela cidade de São José dos Pinhais em uma das ruas do bairro Independência.

Descendentes[editar | editar código-fonte]

Um dos seus filhos, o jornalista Adherbal Stresser foi pioneiro da televisão no Paraná, tendo sido fundador dos Diários Associados de Assis Chateaubriand no estado. A TV Paraná, canal 6, foi a primeira emissora a transmitir o sinal de televisão, com áudio, no estado. O neto do compositor Augusto Stresser, o também jornalista, Ronald Sanson Stresser continuou o trabalho de seu pai, e dirigiu as emissoras da Rede Tupi no Paraná. TV Paraná, canal 6 de Curitiba e TV Coroados, canal 3 de Londrina. Ronald foi o responsável pela construção do prédio da televisão em Curitiba, projetado pelo arquiteto Lubomir Ficinski Dunin. Neste local também funcionou o jornal Diário do Paraná, também de propriedade dos Stresser, até 1980. O prédio que abrigou a emissora, em Curitiba, foi reformado durante o governo Jaime Lerner e se tornou o Canal da Música.
Augusto Stresser é bisavô da atriz Guta Stresser e do produtor Ronald Sanson Stresser Jr.

Imagens[editar | editar código-fonte]

O casal Ernestina e Augusto Stresser em 1896.Família Stresser (da esq. p/ dir. em pé):Guilhermina S. Scheleder, Leopoldina S. Scheleder, João A. Stresser, José Stresser, Augusto, Maria do Pilar Stresser, Francisca Stresser. Sentados: Izabel Pletz Stresser e Theodoro Stresser.
Casal Stresser.jpgFamília de Theodoro Stresser.jpg

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Ildefonso Pereira Correia


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Ildefonso Pereira Correia
Barão do Serro Azul
Conhecido(a) porMorreu executado sumariamente pelas tropas governistas durante a revolução Federalista
Nascimento6 de agosto de 1849
Paranaguá
Morte20 de maio de 1894 (44 anos)
MorretesParaná
Ocupaçãofazendeiro e político
TítuloBarão do Serro Azul , recebido em 8 de agosto de 1888
Ildefonso Pereira Correia
Presidente interino da província do Paraná
Período1888
Deputado provincial do Paraná
Período1882
Presidente da Câmara Municipal de Curitiba
PartidoPartido Conservador
linkWP:PPO#Subdivisão do Projeto WP:PP
Ildefonso Pereira Correia, o barão do Serro Azul[1] (Paranaguá6 de agosto de 1849 — Morretes20 de maio de 1894), foi um empresário e político brasileiro, maior exportador de erva-mate do Paraná e maior produtor de erva-mate do mundo. Durante a revolução Federalista, ele e outras cinco pessoas proeminentes da cidade de Curitiba foram executadas sumariamente, por ordem do general Éwerton de Quadros, sem qualquer processo legal ou acusação formal.[

Família e estudos[editar | editar código-fonte]

Era filho do tenente-coronel Manuel Francisco Correia Júnior[3] e de Francisca Antônia Pereira Correia. Nasceu quando seu pai foi destituído de todos os seus cargos públicos, por ter imprimido um manifesto solicitando a separação da comarca de Curitiba da província de São Paulo.
Conviveu desde cedo com assuntos políticos que envolviam lutas de conservadores com liberais, de escravocratas com abolicionistas. O pai morreu quando ele tinha doze anos.
Os irmãos mais velhos galgaram posições importantes na política e nos negócios, suas irmãs casaram com homens que viriam a ocupar posições de destaque no governo.
Fez o curso de Humanidades no Rio de Janeiro, o qual concluiu com distinção.

Vida empresarial[editar | editar código-fonte]

Ao voltar do Rio de Janeiro, com vinte e quatro anos, abriam-se as portas do comércio ervateiro. Visitou Montevidéu e Buenos Aires, grandes centros consumidores de erva-mate brasileira, com o propósito de conhecer o negócio.
Aos vinte e sete anos, em sociedade, instalou seu primeiro engenho de erva-mate, em Antonina. Quatro anos depois viajou aos EUA para exibir seus produtos numa exposição americana, obtendo grande sucesso.
Ao retornar, recebeu o convite para ser candidato à deputado provincial pelo partido Conservador. A partir daí, nunca mais deixou de participar de atividades políticas.
Com a construção da estrada da Graciosa, transferiu suas atividades para Curitiba. Nessa época já acumulava ponderável riqueza, que rivalizava com as famílias mais abastadas e tradicionais do Paraná.
Em Curitiba, adquiriu e modernizou o engenho Iguaçu, construiu o Engenho Tibagi, comprou serrarias e lançou-se à exportação de madeira.
Em 1888, associado com Jesuíno Lopes, assumiu o controle da antiga Typographia Paranaense, fundada em 1853, por Cândido Lopes, na cidade de Curitiba. Transformaram-na na Impressora Paranaense, com o objetivo de melhorar a confecção das embalagens da erva-marte exportada.
Adquiriu posteriormente o controle acionário da Companhia Ferrocarril de Curitiba, lançou as bases do Banco Industrial e Mercantil, comprou o jornal Diário do Comércio e foi diretor da Sociedade Protetora de Ensino.
Em 1º de julho de 1890, ajudou a fundar a Associação Comercial do Paraná, tornando-se seu primeiro presidente.[4][5]
Alguns comparam-no à Mauá, pois, talvez, nenhum outro paranaense tenha produzido tanto na política ou na atividade empresarial quanto ele.

Vida política no Império[editar | editar código-fonte]

Causou simpatia ao imperador Dom Pedro II, quando este visitou Curitiba em 1881. Ao regressar ao Rio de Janeiro, o imperador concedeu-lhe a comenda da Imperial Ordem da Rosa.
Nas eleições de 1882, elegeu-se deputado provincial. Desenvolveu suas funções com sucesso enquanto uma crise política empolgava as ruas.
Assumiu interinamente o governo da província em 1888. Cuidou de apaziguar os ânimos, mas não pode evitar a crise parlamentar que ocorria na Assembléia Provincial.
Abolicionista convicto, quando se tornou presidente da câmara municipal de Curitiba, comprometeu-se publicamente a promover a emancipação dos escravos do município.
Em 8 de agosto de 1888, recebeu da princesa Isabel, então regente do Brasil, o título de barão do Serro Azul.

Vida política na República[editar | editar código-fonte]

Com a proclamação da República, o governador Vicente Machado da Silva Lima convidou-o para a comissão organizadora do partido Republicano.
Repentinamente a situação política mudou: o marechal Deodoro da Fonseca renunciou e o marechal Floriano Peixoto assumiu a presidência, dissolveu o Congresso e convocou novas eleições.
No Rio Grande do Sul, o governo Júlio Prates de Castilhos, apoiado pelo marechal Floriano Peixoto reprimiu a oposição e, logo depois, começou a revolução Federalista. No Rio de Janeiro, os almirantes Custódio de Melo e Saldanha da Gama comandaram a Revolta da ArmadaSanta Catarina caiu em poder dos revolucionários, e no dia 14 de outubro de 1893, a capital Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, foi declarada provisoriamente capital do Brasil, convertendo-se em base de operações militares dos movimentos de revolta originados separadamente no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Enquanto isto, separada por longas distâncias geográficas, Curitiba estava em paz.
Uma força de maragatos (rebeldes federalistas gaúchos) comandada por Gumercindo Saraiva veio do Rio Grande do Sul em direção Rio de Janeiro. Passando por Nossa Senhora do Desterro, juntou-se aos aliados da Revolta da Armada e, dali, partiu com destino à Curitiba. O plano dos chefes maragatos previa o domínio do Paraná com um ataque conjugado por forças de terra e mar, e uma revolta em São Paulo se ali chegassem as tropas rebeldes.
O comando legalista enviou para o Paraná batalhões, formados por tropas regulares e voluntários civis do Rio de Janeiro e São Paulo. Em janeiro de 1894, estes chegaram à Lapa onde se travou uma terrível batalha. Durante 26 dias as tropas legalistas resistiram aos ataques das forças muito mais numerosas dos maragatos.

Ocupação de Curitiba pelos rebeldes[editar | editar código-fonte]

Na madrugada de 17 de janeiro de 1894, uma brigada comandada por João Meneses Dória tomou a estação de Serrinha. Com a cumplicidade dos funcionários, passou a responder aos chamados telegráficos como se fosse das tropas legalistas de Lapa, avisando que milhares de rebeldes estavam marchando para a Curitiba. Houve pânico na capital e o general Pego, comandante militar da cidade, fugiu abandonando trens carregados de material bélico.
Devido ao abandono de Curitiba pelas tropas legalistas, a cidade passou a ser dirigida por uma Junta Governativa presidida pelo barão do Serro Azul. Em 20 de fevereiro de 1894, João Meneses Dória entrou em Curitiba à frente de 150 cavalarianos e, de um trem especial, desembarcaram o almirante Custódio de Melo, Teófilo Soares Gomes e vários oficiais da Marinha e do ExércitoJoão Meneses Dória foi então aclamado governador do estado do Paraná.
O barão do Serro Azul foi convocado pelos cidadãos para fazer um acordo com os revolucionários que protegesse a população de violências, saques e estupros. A Junta Governativa de Curitiba transformou-se em "Comissão para Lançamento do Empréstimo de Guerra" com o propósito de arrecadar fundos para os rebeldes e com isso comprar a proteção da cidade. Embora o barão do Serro Azul e os comerciantes que apoiaram a comissão procurassem apenas evitar saques e desordens, seus atos os comprometeram como colaboradores com o movimento rebelde
O tempo perdido pelos maragatos durante o cerco da Lapa permitiu que as tropas legalistas se agrupassem e recebessem reforços ao norte, em Itararé, na divisa São Paulo–Paraná. O comandante dos maragatos, Gumercindo Saraiva, empreendeu um recuo rumo ao sul, abandonando Curitiba. As tropas governamentais reocuparam a cidade e, no dia 16 de outubro de 1893, o novo governador do Paraná Vicente Machado da Silva Lima, anunciou o estado de sítio em Curitiba.[6]

Represálias das tropas governamentais[editar | editar código-fonte]

O general Éwerton de Quadros, novo comandante do Distrito Militar, promoveu demissões de funcionários públicos, buscas e capturas de pessoas acusadas de colaborar com os maragatos. As prisões ficaram tão cheias que o teatro São Teodoro foi transformado em presídio. Apesar da condenação pública, várias pessoas foram fuziladas.
No dia 9 de novembro de 1893, o barão de Serro Azul recebeu uma intimação para se recolher ao quartel da primeira divisão. Outros cinco de seus companheiros também foram presos e levados aos mesmo presídio: Prisciliano Correia, José Lourenço Schleder, José Joaquim Ferreira de Moura, Rodrigo de Matos Guedes e Balbino de Mendonça.
Muitos políticos importantes do Paraná tentaram por todos os meios livrar o barão de Serro Azul e seus companheiros da prisão. O general Éwerton de Quadros, temendo uma fuga ou a desmoralização de seu comando, ordenou a execução do barão de Serro Azul e seus amigos.

Execução[editar | editar código-fonte]

Na madrugada do dia 20 de maio de 1894, os seis prisioneiros foram retirados da prisão e levados à estação ferroviária de Curitiba, sob o pretexto de embarcarem em Paranaguá em um navio da Marinha com destino ao Rio de Janeiro, onde seriam julgados.
O comboio parou no km 65 da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, perto do pico do Diabo da serra do Mar, onde há um alto despenhadeiro. Os presos começaram a ser arrastados para fora do vagão pelo pelotão de escolta. Mato Guedes atirou-se pela janela do trem, mas recebeu uma descarga da fuzilaria e rolou pelo precipício. Balbino de Mendonça, agarrando-se ao vagão, teve os braços quebrados a coronhadas, e foi abatido a tiros de revólver. O barão do Serro Azul recebeu um tiro na perna e caiu de joelhos. Propôs então dividir sua fortuna com os oficiais da escolta se fosse poupado, porém tombou com uma bala na testa.
O comboio seguiu viagem, abandonando os corpos no local. Somente no dia seguinte a policia de Piraquara foi avisada da existência de cadáveres na serra.[7]

Resgate histórico[editar | editar código-fonte]

Capa do livro "O Barão do Serro Azul" de Leôncio Correia
Durante quarenta e quatro anos, o barão de Serro Azul foi considerado traidor. Os seus atos foram banidos da história oficial do estado do Paraná, documentos foram arrancados, referências apagadas, e qualquer discussão sobre a execução sumária dele e seus companheiros era evitada. A sua magnífica mansão em Curitiba foi transformada em quartel do Exército, tendo a baronesa e os seus filhos que morar em um anexo[8]
Sua vida começou a ser investigada nas décadas de 1940 e 1950, quando ocorreu o resgate de sua memória.
Em 1942, foi publicada a biografia "O Barão de Serro Azul" escrita por Leôncio Correia. O livro "A Última viagem do Barão do Serro Azul" do escritor Túlio Vargas, foi publicado em 1973. Baseado nesse livro, o cineasta Maurício Appel produziu o filme "O Preço da Paz" em 2003, com direção de Paulo Morelli e roteiro de Walther Negrão. No elenco, Herson Capri, no papel do barão do Serro Azul, e Lima Duarte, no papel do general Gumercindo Saraiva.
A sua residência em Curitiba, construída em 1883, foi restaurada e é atualmente o Centro Cultural Solar do Barão.[8]
Em dezembro de 2004, o senador Osmar Dias apresentou o projeto de lei do Senado nº 354, de 2004 que propôs a inscrição do nome do barão de Serro Azul no Livro dos Heróis da Pátria, existente no Panteão da Pátria em Brasília.
A Lei nº 11.863,[9] de 2008, foi sancionada pelo Presidente da República; Luiz Inácio Lula da Silva; em 15 de dezembro de 2008 e publicada no Diário Oficial da União em 16 de dezembro de 2008, inscrevendo o nome de Ildefonso Pereira Correia, o Barão de Serro Azul, no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília.