Paranaguá é uma cidade rica em lendas. Muitas delas são transmitidas através das gerações e hoje fazem parte da histórica cultural da cidade, sendo incluídas em livros e encenadas através de peças teatrais.
Uma das lendas mais conhecidas é a da “Cabeça do Enforcado na Fonte Velha”. A Fonte da Gambôa é aureolada, como tudo o que é antigo, de uma "lenda", que data do tempo da escravidão.
Ela conta que um escravo africano matara o seu amo, lá pelos lados do Imbocuí, devido aos maus tratos que há muito vinha sofrendo. Levado ao Júri foi o infeliz condenado à morte, sumariamente, sendo daí há dias enforcado.
Era uso na época, quanto aos escravos, depois de enforcado, cortar se a cabeça da vítima e colocá-la num poste, em um lugar bem visível e que fosse frequentado pelos negros, a fim de servir de exemplo aos cativos.
O poste com a cabeça do enforcado foi colocado na Fonte da Gambôa por ser o local diário de passagem dos escravos que iam até a fonte buscar água para os seus amos, quando chegavam à ladeira, baixavam a cabeça, para não olhar àquele crânio pendurado. O pavor lhes invadia a alma cheia de crendices.
Eles tinham verdadeiro horror de descer a ladeira ao anoitecer, pois diziam que a visão do corpo sem cabeça vagava, desde o escurecer, até alta madrugada, enlouquecendo as pessoas. Para os senhores de escravos essa "lenda" era um meio seguro de obrigar os cativos ao trabalho; ameaçando-os, caso não trabalhassem, de mandá-los à fonte durante a noite.
Essa "lenda" continuou viva desde o século XVII (tempos coloniais), até 1888, quando foi proclamada a abolição da escravatura (a maior nódoa que o BRASIL guarda em sua História). Com a Independência do Brasil muitas leis foram revogadas. Assim, o crânio dali desapareceu. Hoje, depois de 300 anos, ninguém fala nisso, apenas os livros preservam a tradição desta cultura popular. Atualmente o lugar é aprazível, sendo muito visitado pelos turistas.
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