Há muitos anos atrás, na época da escravidão, havia em Paranaguá, um negro famoso por ser um baita mentiroso. Ele nunca resisitiu em contar uma mentira, e nunca econimizava. Já havia contado para a senzala inteira que já havia encontrado um peixe de tamanho gigantesco que havia lhe oferecido o mundo aos seus pés, mas este recusara.
Um dia, como de costume, esse escravo foi à Fonte Velha, a fim de buscar água para o seu patrão. Na volta, o escravo passou por uma figueira alta e, amarrado ao tronco, havia um esqueleto.
A fim de se divertir às custas do morto, ele perguntou, sme esperar resposta:
- Quem foi que te matou, caveirinha?
E, para o seu espanto, a caveira respondeu:
- Foi a línga.
Um pouco assustado, o negro fez de novo:
- Quem foi que te matou, caveirinha?
E novamente, a caveira respondeu:
- Foi a língua.
O escravo perguntou novamente, e novamente a caveira respondeu. Assim, o negro confirmou que o esqueleto falava.
O escravo apressou o passo, a fim de contar o caso para toda a senzala. Quando chegou lá, largou o pote d'água num canto e correu para contar a todos os negros que havia falado com uma caveira. Mas todos que escutaram não acreditaram nada, pois já conheciam a fama o escravo. Mas então, teve um escravo que ouviu tudo, e revelou a história para o patrão.
Cheio de ouvir as mentiras do negro, o patrão foi até a senzala com o feitor e disse à ele:
- Olha aqui, negrinho mentiroso: você vai me levar nessa figueira e falar com essa caveira. Se ela não falar, você vai ser amarrado junto com ela e vai receber 100 chibatadas nas costas!
O negro, confiante, levou o patrão e o feitor até o mato, na estrada da Fonte Velha e mostrou o esqueleto, amarrado ao tronco. Logo, o negro se ajoelhou e perguntou ao morto:
- Quem foi que te matô, caveirinha?
Mas nenhuma voz respondeu. O silêncio se apoderou do mato e fez o negro pensar na possibilidade de ser amarrado à figueira. Então, ele perguntou novamente:
- Caveirinha, minha querida... me responde, por favor! Quem foi que te matou?!
Mas a caveira não respondeu. Perdendo de vez a paciência, o patrão mandou o feitor amarrar o escravo à figueira e chicoteá-lo até o anoitecer.
E assim foi feito.
Quando as 100 chibatadas foram dadas, já era de noite e o feitor se foi, deixando o escravo amarrado junto com o esqueleto. Então, no sei leito de morte, o escravo abriu os olhos e escutou a voz da caveira em seu pescoço:
- Eu não te disse que quem me matou foi a língua?
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