segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Os textos históricos sobre a emancipação política do Paraná costumam omitir como se deram os acontecimentos preliminares que levaram à ruptura política com a Capitania de São Paulo.

 Os textos históricos sobre a emancipação política do Paraná costumam omitir como se deram os acontecimentos preliminares que levaram à ruptura política com a Capitania de São Paulo.

POUCOS SABEM DISSO ...
Os textos históricos sobre a emancipação política do Paraná costumam omitir como se deram os acontecimentos preliminares que levaram à ruptura política com a Capitania de São Paulo.
No texto adiante, o historiador Aníbal Ribeiro Filho relata como se deram os acontecimentos ainda em solo parnanguara, que deflagraram a emancipação:
"A reunião para o juramento da Constituição serviu de ocasião para um acontecimento histórico, de grande importância para os destinos de Paranaguá e posteriormente do Paraná, que teve o nome de "Conjura Separatista".
De longa data vinha o povo da Vila de Paranaguá, descontente com a administração de vários governadores de São Paulo, a cujo governo pertencia a vila, bem como, pacientemente, agüentando o despotismo de Capitães-mores e Sargentos-mores e as arbitrariedades de Ouvidores Gerais, pessoas diretamente ligadas ao governo de São Paulo.
Esse descontentamento gerou a revolta, motivando uma representação feita ao Príncipe Regente D. João, em 13/07/1811, pedindo o desligamento de São Paulo, para se instituir uma nova Província com governador próprio e residente em Paranaguá, que era na ocasião a Vila mais importante com jurisdição sobre outras vilas.
Nada tendo conseguido da Corte nem dos governadores de São Paulo, com suas queixas e pedidos, resolveram os moradores de Paranaguá forçar a situação, proclamando o rompimento com São Paulo e criando governo próprio.
Em 14/07/1821, Floriano Bento Viana*, 1º sargento da 4ª Companhia do Regimento de Milícias, foi procurado pelo Sargento-mor das Ordenanças, Francisco Gonçalves da Rocha e Inácio Lustosa de Andrade, que o puzeram ciente da situação e das aspirações e o convidaram a participar de reuniões secretas junto as demais autoridades de Paranaguá que manifestavam o desejo de separar a Comarca de Curitiba e Paranaguá, da Capitania de São Paulo.
Juntos, depois de analisarem a gravidade e a responsabilidade do movimento separatista, combinaram que, aproveitando a concentração de tropa e povo para a cerimônia do juramento, Floriano Bento Viana desse o grito separatista, sendo nesse gesto apoiado pela Câmara, pela tropa e pelo povo.
Depois do juramento na sala da Câmara, tendo os Oficiais assumido o comando à frente das tropas da Milícia postadas diante do edifício, apareceram nas janelas do Paço o Juiz de Fora, Dr. Antônio de Azevedo Melo e Carvalho, autoridades e os membros da Câmara com o Real Estandarte, para se proceder o juramento da tropa e do povo.
Terminado esse ato, Floriano Bento Viana, adiantando-se à tropa, dirigiu-se à Câmara, em alta voz: "Ilustríssimos senhores, temos concluido o nosso juramento de fidelidade, agora quereremos que se nomeie um governo provisório para que nos governe em separado da Província. Tornam-se os nossos recursos demorados, e assim, cheios de desespero, pedimos que se dê parte de tudo a Sua Majestade".
Com presteza e serenidade, usando sua autoridade de magistrado, respondeu o Juiz de Fora que "ainda não é tempo e com vagar se há de representar a Sua Majestade".
Não querendo perder tão rara quanto preciosa oportunidade, Floriano Bento Viana retrucou, "que o remédio se aplica ao mal quando aparece e portanto não há ocasião melhor nem mais apropriada que agora".
Houve silêncio geral e a expectativa era augustiante, mas a autoridade do Juiz acalmou os ânimos e desarmou os espíritos. Dada a imponência do ato que se realizava, o respeito do povo e a disciplina da tropa, não houve qualquer gesto de rebelião.
Do fato ocorrido, ficou uma convicção - o patente destemor e a inabalável decisão que movia o povo da Vila de Paranaguá a lutar pela sua emancipação política.
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Pelo gesto desassombrado, a semente estava lançada e Francisco de Paula Gomes, aproveitando-se dele, desencadeou, numa série de artigos convincentes, pelas colunas do Jornal do Comércio, a campanha separatista na Corte do Rio de Janeiro. Dessa campanha, longa e trabalhosa resultaria a emancipação política com a criação da Província do Paraná em 1853."
* Mais tarde, Floriano Bento Viana foi elevado à Capitāo da Guarda Nacional e agraciado com a Imperial Ordem da Rosa.
(Extraído do livro Paranaguá na História de Portugal, de Aníbal Ribeiro Filho)
Paulo GraniNenhuma descrição de foto disponível.
Aquarela de 1834, apresenta as cercanias do rio Itiberê e suas margens com a, então, Vila de Paranaguá.

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Foto das águas do rio Itiberê e suas margens com a cidade e Paranaguá, primeira década de 1900.

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Rua XV de Novembro, Paranaguá, década de 1890.

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