Os textos históricos sobre a emancipação política do Paraná costumam omitir como se deram os acontecimentos preliminares que levaram à ruptura política com a Capitania de São Paulo.
POUCOS SABEM DISSO ...
Os textos históricos sobre a emancipação política do Paraná costumam omitir como se deram os acontecimentos preliminares que levaram à ruptura política com a Capitania de São Paulo.
No texto adiante, o historiador Aníbal Ribeiro Filho relata como se deram os acontecimentos ainda em solo parnanguara, que deflagraram a emancipação:
De longa data vinha o povo da Vila de Paranaguá, descontente com a administração de vários governadores de São Paulo, a cujo governo pertencia a vila, bem como, pacientemente, agüentando o despotismo de Capitães-mores e Sargentos-mores e as arbitrariedades de Ouvidores Gerais, pessoas diretamente ligadas ao governo de São Paulo.
Esse descontentamento gerou a revolta, motivando uma representação feita ao Príncipe Regente D. João, em 13/07/1811, pedindo o desligamento de São Paulo, para se instituir uma nova Província com governador próprio e residente em Paranaguá, que era na ocasião a Vila mais importante com jurisdição sobre outras vilas.
Nada tendo conseguido da Corte nem dos governadores de São Paulo, com suas queixas e pedidos, resolveram os moradores de Paranaguá forçar a situação, proclamando o rompimento com São Paulo e criando governo próprio.
Em 14/07/1821, Floriano Bento Viana*, 1º sargento da 4ª Companhia do Regimento de Milícias, foi procurado pelo Sargento-mor das Ordenanças, Francisco Gonçalves da Rocha e Inácio Lustosa de Andrade, que o puzeram ciente da situação e das aspirações e o convidaram a participar de reuniões secretas junto as demais autoridades de Paranaguá que manifestavam o desejo de separar a Comarca de Curitiba e Paranaguá, da Capitania de São Paulo.
Juntos, depois de analisarem a gravidade e a responsabilidade do movimento separatista, combinaram que, aproveitando a concentração de tropa e povo para a cerimônia do juramento, Floriano Bento Viana desse o grito separatista, sendo nesse gesto apoiado pela Câmara, pela tropa e pelo povo.
Depois do juramento na sala da Câmara, tendo os Oficiais assumido o comando à frente das tropas da Milícia postadas diante do edifício, apareceram nas janelas do Paço o Juiz de Fora, Dr. Antônio de Azevedo Melo e Carvalho, autoridades e os membros da Câmara com o Real Estandarte, para se proceder o juramento da tropa e do povo.
Terminado esse ato, Floriano Bento Viana, adiantando-se à tropa, dirigiu-se à Câmara, em alta voz: "Ilustríssimos senhores, temos concluido o nosso juramento de fidelidade, agora quereremos que se nomeie um governo provisório para que nos governe em separado da Província. Tornam-se os nossos recursos demorados, e assim, cheios de desespero, pedimos que se dê parte de tudo a Sua Majestade".
Com presteza e serenidade, usando sua autoridade de magistrado, respondeu o Juiz de Fora que "ainda não é tempo e com vagar se há de representar a Sua Majestade".
Não querendo perder tão rara quanto preciosa oportunidade, Floriano Bento Viana retrucou, "que o remédio se aplica ao mal quando aparece e portanto não há ocasião melhor nem mais apropriada que agora".
Houve silêncio geral e a expectativa era augustiante, mas a autoridade do Juiz acalmou os ânimos e desarmou os espíritos. Dada a imponência do ato que se realizava, o respeito do povo e a disciplina da tropa, não houve qualquer gesto de rebelião.
Do fato ocorrido, ficou uma convicção - o patente destemor e a inabalável decisão que movia o povo da Vila de Paranaguá a lutar pela sua emancipação política.
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Pelo gesto desassombrado, a semente estava lançada e Francisco de Paula Gomes, aproveitando-se dele, desencadeou, numa série de artigos convincentes, pelas colunas do Jornal do Comércio, a campanha separatista na Corte do Rio de Janeiro. Dessa campanha, longa e trabalhosa resultaria a emancipação política com a criação da Província do Paraná em 1853."
* Mais tarde, Floriano Bento Viana foi elevado à Capitāo da Guarda Nacional e agraciado com a Imperial Ordem da Rosa.
(Extraído do livro Paranaguá na História de Portugal, de Aníbal Ribeiro Filho)
Paulo Grani
Aquarela de 1834, apresenta as cercanias do rio Itiberê e suas margens com a, então, Vila de Paranaguá.
Foto das águas do rio Itiberê e suas margens com a cidade e Paranaguá, primeira década de 1900.
Rua XV de Novembro, Paranaguá, década de 1890.
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