ZÉ DAS DORNAS E O PASSEIO PÚBLICO
ZÉ DAS DORNAS E O PASSEIO PÚBLICO
" [...] Em 25 de janeiro de 1888, o jornal Dezenove de Dezembro divulgou que estava prevista a realização de regatas no Passeio Público, considerado o rendez-vous da melhor sociedade. Contudo, nesse período, é possível perceber que a falta de verbas, persistia. A quantia de cinco contos de réis, aguardada pelo diretor do Passeio, não lhe foi repassada, gerando uma crise que culminaria dois anos mais tarde, com a saída de Fontana do cargo. A dificuldade financeira refletiu-se na forma de utilização do espaço. Nem as bandas compareciam mais ao logradouro. Um jornalista, com pseudônimo Zé das Dornas satirizou a situação:
'Na forma de costume, fui domingo ao Passeio Público. Como estava aquilo belo! As murmuras águas eram cristalinas, a folhagem verde e balouçada suavemente pela brisa que a beijava amorosamente, os pássaros pipilavam alegres na ramagem do arvoredo, entoando hinos de agradecimento ao digno ex-comandante das armas, que acedera amável e bom ao pedido do signatário destas linhas. Sim. lá havia música, música feita pela banda do 8o regimento, que trazia a todos prezos pelas harmonias das Ondas do Danúbio, valsa cheia de massadas e nove horas. Mas também não faço mais pedidos desse gênero.... Além de perseguido por inúmeras cartas e cartões de agradecimento em casa. na rua. em toda parte, quando penetrei no Passeio quase fiquei doudo: - Obrigado. Zé das Dornas - Afinal temos música. Um dava-me um abraço, outro ...'
O pedido de Zé das Dornas não foi em vão. Em junho de 1890, a imprensa anunciava que haveria música no Passeio Público, tocada pelo 8º Regimento de Cavalaria e pelo 17° de Infantaria.
Logo após, no entanto, as apresentações musicais praticamente acabaram, representando o início de um período de decadência do Passeio. [...] "
(Extraído de: acervodigital.ufpr.br)
Paulo Grani
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