quarta-feira, 24 de agosto de 2022

SUCULENTAS LEMBRANÇAS CURITIBANAS

 SUCULENTAS LEMBRANÇAS CURITIBANAS

"Com a autoridade de quem muito se deliciou com os espetos da Churrascaria Bambu, Luiz Fernando Suplicy de Lacerda Moscaleski pessoalmente me entregou esta foto onde o próprio “Mosca” (para os íntimos) aparece à esquerda com o amigo Dirceu Stabile no cenário de bambu. Moscaleski nasceu na antiga Rua XV de Novembro, num prédio onde também morava a família de Margarita Sansone, bem em frente ao extinto Grande Hotel Moderno, hospedeiro de Getúlio Vargas. Nesse mesmo prédio funcionava no térreo a agência da Panair do Brasil, e adivinha quem era office boy da Panair? Palminor Rodrigues Ferreira, o compositor Lápis.
A Bambu foi uma estimada churrascaria de Curitiba na metade do século passado, de propriedade de Iberê Eduardo Sasso. Servia alcatra, filé, costela borboleta, e tinha duas frentes, com acesso tanto pela Rua XV quanto pela Marechal Deodoro. Numa época onde o buffet por quilo seria ficção científica e a marmita de alumínio levava os aromas da comida caseira, contava-se nos dedos os restaurantes de almoço: do Restaurante Rio Branco, na Barão do Rio Branco, onde o banqueiro Avelino Vieira passava em revista, ao longo da semana, todos os pratos da casa (da dobradinha à rabada com polenta), ao velho Bologna na parte central da Carlos de Carvalho (praticamente o único italiano nos arredores da Praça Osório), bem ali onde a Confeitaria Iguaçu tinha um chope de colarinho de puro creme para acompanhar o “peru à Califórnia” que virou peça do museu gastronômico. Subindo a Comendador Araújo, em direção ao Batel, a Churrascaria Cruzeiro tinha um bosque no quintal, aromatizado com salada de cebola e sangrentas alcatras.
Vamos rodar a memória, até o Bar Paraná, embaixo da Gazeta do Povo, e às borboletinhas da Churrascaria Botafogo do Bigorrilho-Mercês. Com água na boca é de se perguntar: onde um restaurante sem pruridos de servir um honesto picadinho com um modesto ovo frito, simples assim? Aliás, quando alguém vai escrever a história do italiano Marcelo Lorenzetti, introdutor do primeiro restaurante de espeto corrido da cidade, o Pinheirão da Rua João Negrão, e o primeiro a servir sorvetes em bola na Lanchonete Colombo? Não apenas “pai do espeto corrido”, Marcelo legou para a boa mesa curitibana o filho Máximo Lorenzetti, um médico empreendedor da gula. Da Churrascaria Pinheirão, que depois procriou o Pinheirão Colônia de Santa Felicidade, Moscaleski lembra da falta de ventilação naquele subsolo da João Negrão, com a fumaça a denunciar na roupa o banquete.
No bolso do guapo Luiz Fernando, hoje aposentado do Banco do Brasil, um exemplar da Tribuna do Paraná. E pela manchete do jornal, “Brasil e País de Gales”, ele confirma a data do retrato: 1962, ano da Copa do Mundo no Chile."
(Por Dante Mendonça / tribunapr.com.br)
Paulo Grani.

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