Augusto Heleno Ribeiro Pereira GCMM • OMJM • ORB (Curitiba, 29 de outubro de 1947)
Augusto Heleno | |
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General Augusto Heleno em 2019. | |
44.º Ministro-Chefe de Segurança Institucional do Brasil | |
Período | 1º de janeiro de 2019 até 31 de dezembro de 2022 |
Presidente | Jair Bolsonaro |
Antecessor(a) | Sérgio Etchegoyen |
Sucessor(a) | Gonçalves Dias |
Dados pessoais | |
Nome completo | Augusto Heleno Ribeiro Pereira |
Nascimento | 29 de outubro de 1947 (75 anos) Curitiba, PR |
Nacionalidade | brasileiro |
Alma mater | Academia Militar das Agulhas Negras Escola de Comando e Estado-Maior do Exército |
Partido | PRP (2018-2019)[1] Patriota (2019-presente) |
Assinatura | |
Serviço militar | |
Serviço/ramo | Exército Brasileiro |
Anos de serviço | 1966–2011 |
Graduação | General de Exército |
Comandos | |
Condecorações |
Augusto Heleno Ribeiro Pereira GCMM • OMJM • ORB (Curitiba, 29 de outubro de 1947) é um general de exército da reserva do Exército Brasileiro filiado ao Patriota. Filho de Ary de Oliveira Pereira e Edina Ribeiro Pereira, é casado com Sonia Pereira. Foi comandante militar da Amazônia e Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército. Tem posições claramente críticas com relação às políticas oficiais, particularmente no que se refere à atitude da comunidade internacional com relação ao Haiti e à política indigenista do governo brasileiro. Durante a Ditadura Militar, era capitão do EB e pertencia à "linha dura" do regime, que era contra a democratização.[3]
No dia 1° de janeiro de 2019 assumiu a chefia do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República no governo Jair Bolsonaro, permanecendo no cargo até 31 de dezembro de 2022.[4]
Carreira militar
Graduou-se aspirante-a-oficial de cavalaria em 1969, na Academia Militar das Agulhas Negras, sendo o primeiro colocado de sua turma de cavalaria. Foi também o primeiro colocado de sua turma de cavalaria na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), recebendo por isso a medalha Marechal Hermes de prata dourada com três coroas. No posto de major, integrou a missão militar brasileira de instrução no Paraguai.
Durante a ditadura militar brasileira, trabalhou como ajudante de ordens de Sylvio Frota, sendo adepto do "frotismo", da "linha dura" do Exército e apoiando a incitação do alto comando deste contra o Gal. Ernesto Geisel, que em 1977 liderava o processo de democratização e abertura econômica do Brasil.[5][6]
Como coronel, comandou a Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas, no período de 29 de janeiro de 1994 a 13 de abril de 1996.[7] Em seguida, foi adido militar da Embaixada do Brasil em Paris, acreditado também em Bruxelas. Como oficial-general, foi comandante da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada e do Centro de Capacitação Física do Exército, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército e do Gabinete do Comandante do Exército.
De junho de 2004 a setembro de 2005, foi o primeiro comandante militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), constituída de um efetivo de 6250 capacetes azuis de treze países, dos quais sete latino-americanos. Da mesma forma que o embaixador chileno Juan Gabriel Valdés, representante especial do secretário-geral da ONU e chefe da missão, e dos governos de países latinos, o general Heleno expressou sua discordância quanto à estratégia adotada pela comunidade internacional em relação ao Haiti.[8] Sucedeu-lhe no comando da MINUSTAH o general Urano Teixeira da Mata Bacelar, que acabaria por suicidar-se em Porto Príncipe, quatro meses depois, em janeiro de 2006. Em 2006, deu uma palestra na polêmica Escola das Américas.[9]
Admitido à Ordem do Mérito Militar como Cavaleiro ordinário, foi promovido a Oficial em 1992,[10] a Comendador em 1999,[11] a Grande-Oficial em 2003[12] e a Grã-Cruz em 2007.[2]
No período de 14 de setembro de 2007 a 6 de abril de 2009, exerceu a função de Comandante Militar da Amazônia.[13]
Como comandante militar da Amazônia, o general Heleno contestou a política indigenista do governo Lula, que qualificou de "lamentável para não dizer caótica", durante palestra no Clube Militar, no Rio de Janeiro, à época da demarcação da terra indígena de Raposa/Serra do Sol. Afirmou que os índios "gravitam no entorno dos nossos pelotões porque estão completamente abandonados". [14]
Sua última função no serviço ativo foi a de chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia. Em 9 de maio de 2011, numa cerimônia no Quartel General do Exército em Brasília, passou para a reserva,[15] após 45 anos de vida militar. Nessa mesma ocasião, defendeu a ditadura militar de 1964.[16]
Vida após a transferência para a reserva
Atuou como consultor de segurança e assuntos militares do Grupo Bandeirantes de Comunicação, onde também colaborava com comentários na programação das emissoras.[17][18]
Exerceu o cargo de diretor de comunicação e educação corporativa do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).[19]
Em 18 de julho de 2018, circulou a notícia que seria indicado como candidato à vice-presidência da República, na chapa de Jair Bolsonaro.[20][21] O general negou a candidatura, por não ser de interesse de seu partido,[1] mas continuou a apoiar a candidatura do deputado à presidência da República e foi chamado para ser seu ministro da Defesa.[22] No entanto, dez dias depois confirmou que Bolsonaro o havia escolhido para o comando do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.[4]
Embora negue ser eminência parda de Bolsonaro, é conselheiro político deste. Também rejeita ser um Golbery do Couto e Silva, general muito influente durante a ditadura militar.[23]
Controvérsias
Massacre no Haiti
Em 2005, o general Heleno liderou uma operação intitulada "Punho de Ferro" no bairro de Cité Soleil em Porto Príncipe, no Haiti.[24] O relatório oficial sobre a operação insinuou um saldo de seis mortes,[25] mas uma investigação jornalística da agência de notícias Reuters entrevistou diplomatas, trabalhadores de ONGs, autoridades do Haiti, e moradores do bairro de Cité Soleil, além de revisar relatórios da Organização das Nações Unidas, cabos diplomáticos dos Estados Unidos lançados pelo WikiLeaks, revelando que foram disparados 22 mil tiros, e que o número de mortos possivelmente chegou a mais de 70, dentre mulheres e crianças, levando grupos de direitos humanos a considerar o evento um massacre.[26]
Declarações sobre a imprensa
O general Heleno se dizia descrente com a imprensa. Em uma entrevista concedida por telefone ao periódico O Estado de S. Paulo no dia 31 de outubro de 2019, declarou sobre as recentes manifestações no Chile e sobre a recente controvérsia do deputado federal Eduardo Bolsonaro:
Comentário sobre ditadura militar
Em novembro de 2019, Augusto Heleno discutiu com Sâmia Bomfim (PSOL-SP) em uma audiência pública na Câmara dos Deputados. Segundo ele, a ditadura militar brasileira evitou que o país virasse uma "grande Cuba" e que a anistia "levou uma terrorista à Presidência da República (…) Há duas visões da História do Brasil. Para mim, não foi golpe, foi contrarrevolução. Se não houvesse contrarrevolução, hoje seríamos Cuba. A sua posição é a posição que a esquerda adotou. Essa radicalização política não interessa a ninguém."[28]
Sob a suspeita de estar contaminado com coronavírus, Augusto Heleno se apresentou no Hospital DF-Star para se submeter a dois exames: o primeiro, realizado no dia 17 de abril, havia dado positivo, e o segundo, no dia 30 de abril, deu resultado negativo. No dia seguinte, o general postou o resultado no seu Twitter, mas esqueceu-se de apagar os dados pessoais como RG e CPF. Isso fez com que vários comentários fossem postados nas redes sociais, de internautas que utilizaram os dados para verificar a situação de Augusto Heleno junto à Receita Federal e afirmando que iriam filiá-lo ao PSOL, entre outros memes e comentários.[29] Algumas horas depois, ele apagou o post original e republicou o exame, desta vez sem as informações pessoais.[30]
Referências
- ↑ ab Fernandes, Talita (18 de julho de 2018). «General Augusto Heleno afirma que não será vice de Bolsonaro». UOL. Consultado em 18 de julho de 2018
- ↑ ab BRASIL, Decreto de 14 de agosto de 2007.
- ↑ Francisco Carlos Teixeira (4 de março de 2020). Rede Bandeirantes, ed. «General Heleno tentou impedir abertura política, lembra Teixeira». Consultado em 16 de dezembro de 2021
- ↑ ab Amaral, Luciana; Temóteo, Antonio (7 de novembro de 2018). «General Heleno troca ministério da Defesa no governo Bolsonaro pelo GSI». UOL. Consultado em 6 de janeiro de 2018
- ↑ Míriam Leitão (15 de dezembro de 2021). O Globo, ed. «Gal. Heleno tem que se explicar sobre mais uma fala antidemocrática deste governo». Consultado em 17 de dezembro de 2021
- ↑ Francisco Carlos Teixeira (4 de março de 2020). Rádio Bandeirantes, ed. «Gal. Heleno tentou impedir abertura política, lembra Teixeira». Consultado em 17 de dezembro de 2021
- ↑ «Galeria de Ex-Comandantes da EsPCEx». Consultado em 28 de janeiro de 2021
- ↑ «Haiti: um grande desafio». Folha de S.Paulo. 11 de setembro de 2005. Consultado em 6 de janeiro de 2019
- ↑ «O Brasil na academia da repressão». ISTOÉ Independente. 26 de março de 2008. Consultado em 6 de janeiro de 2019
- ↑ BRASIL, Decreto de 21 de julho de 1992.
- ↑ BRASIL, Decreto de 30 de março de 1999.
- ↑ BRASIL, Decreto de 2 de abril de 2003.
- ↑ «Eternos Comandantes do CMA». Consultado em 11 de abril de 2021
- ↑ Nogueira, Ítalo (17 de abril de 2008). «Política indigenista é lamentável e caótica, diz general». Folha de S.Paulo. Consultado em 6 de janeiro de 2019
- ↑ «General Heleno volta a defender golpe de 64 ao passar para reserva». Folha de S.Paulo. 10 de maio de 2011. Consultado em 6 de janeiro de 2019
- ↑ «Palestra com o tema 'A contrarrevolução que salvou o Brasil' é cancelada por ordem do Comando do Exército». O Globo. 31 de março de 2011. Consultado em 2 de setembro de 2021
- ↑ «Quem são os 4 nomes apontados por Bolsonaro como prováveis ministros». BBC News Brasil. Consultado em 2 de setembro de 2021
- ↑ de, Eduardo Goulart; de, radeEduardo Goulart; de 2018, rade27 de Novembro; 2h03. «General Heleno assinou contrato irregular de R$ 22 mi». The Intercept Brasil. Consultado em 2 de setembro de 2021
- ↑ Merguizo, Marcel (16 de julho de 2015). «Além de atletas-militares, COB tem general que liderou missão no Haiti». Folha de S.Paulo. Consultado em 6 de janeiro de 2019
- ↑ Dias, Marina; Carvalho, Daniel (18 de julho de 2018). «Bolsonaro deve anunciar general como vice». Folha de S.Paulo. Consultado em 18 de julho de 2018
- ↑ «Ex-chefe militar no Haiti, provável vice de Bolsonaro defendeu mandados coletivos no Rio». UOL. 18 de julho de 2018. Consultado em 18 de julho de 2018
- ↑ «Bolsonaro confirma astronauta e mais 3 ministros do governo». Terra. Consultado em 6 de janeiro de 2019
- ↑ Gielow, Igor (29 de dezembro de 2018). «Conselheiro de Bolsonaro, general Heleno vai enfrentar uma nova guerra». Folha de S.Paulo, de 29 de dezembro de 2018
- ↑ «General Augusto Heleno, futuro ministro, liderou missão polêmica no Haiti». EXAME. Consultado em 26 de fevereiro de 2020
- ↑ «Alvo de críticas, operação no Haiti virou glória de ministro de Bolsonaro». UOL. Consultado em 26 de fevereiro de 2020
- ↑ «General behind deadly Haiti raid takes aim at Brazil's gangs». Reuters (em inglês). 29 de novembro de 2018
- ↑ «'Se ele falou, tem de estudar como vai fazer', diz Heleno sobre AI-5 - Política». Estadão. Consultado em 1 de novembro de 2019
- ↑ «General Heleno defende ditadura militar brasileira e bate boca com deputada do PSOL». IstoÉ. Editora 3. Consultado em 8 de novembro de 2019
- ↑ Soares, Ingrid (31 de março de 2020). «Ao postar exame, general Heleno esquece de apagar dados pessoais». Correio Braziliense. Consultado em 17 de maio de 2020
- ↑ «General Heleno posta exame de coronavírus e vira piada na web». Catraca Livre. 31 de março de 2020. Consultado em 17 de maio de 2020
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