Carlos Roberto Martins (Curitiba, 19 de setembro de 1956)
Carlos Wizard | |
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Nome completo | Carlos Martins |
Conhecido(a) por | ser fundador do Grupo Multi Holding |
Nascimento | 19 de setembro de 1956 (66 anos) Curitiba, PR |
Alma mater | Brigham Young University |
Ocupação | empresário executivo escritor palestrante ex-analista de sistemas ex-professor de inglês |
Religião | mórmon |
Página oficial | |
site oficial |
Carlos Roberto Martins (Curitiba, 19 de setembro de 1956) é um empresário, executivo e escritor brasileiro. É conhecido por ser o fundador da Wizard, maior rede de ensino de idiomas do Brasil, vendida para a britânica Pearson por 2 bilhões de reais, na maior negociação da história do setor de educação privada já realizada no país[1]. Em 2021, por fazer apologia à medicamentos de eficácia não comprovada contra o vírus da COVID-19[2] e por suspeita de envolvimento, foi investigado na CPI da COVID na participação em um "gabinete paralelo" de influência política com junto com outros empresários, políticos e o presidente Jair Bolsonaro.[3]
Juventude e estudos
Nascido em Curitiba, seu pai era motorista de caminhão e sua mãe, costureira.[4] Aos seus 12 anos, seus pais tornam-se seguidores dos mórmons, a chamada Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Então, a partir de contatos e aulas de inglês com os missionários norte-americanos da igreja, aprendeu inglês.[5]
Aos 17 anos viajou aos Estados Unidos para morar e aprender inglês. Aos 19 anos, serviu em uma missão religiosa para a Igreja de Jesus Cristo em Portugal, ficando dois anos na Europa fazendo trabalhos voluntários e humanitários. Dois anos depois, aos 21, retornou ao Brasil, com o objetivo de formar uma família e buscar uma formação acadêmica em nível superior.[5]
Martins conseguiu uma vaga na Universidade Brigham Young (BYU), vinculada à igreja, onde conviveu com pessoas que, em poucas semanas de aulas, eram capazes de se expressar com fluência em um segundo idioma. A partir disso, concluiu que não eram necessários meses ou anos para que um adulto aprendesse uma língua, mas sim algumas semanas.
Ao término da faculdade, formou-se em ciência da computação e estatística pela BYU, e estagiou por um ano em Cincinnati, Ohio, na Champion International, empresa de papel e celulose. Depois foi transferido para a filial brasileira, em Mogi Guaçu, no estado de São Paulo.
Carreira
Rede de idiomas Wizard
Para complementar o salário mensal da família, Carlos passou a dar aulas de inglês à noite após o expediente, na sala de sua casa. Com metodologia de ensino focada na conversação, conquistou alunos e abriu uma escola. Posteriormente, transformou a escola em uma rede de idiomas através do sistema de franquias. Em dezembro de 2013, vendeu a sua participação no Grupo Multi Holding à transnacional Pearson PLC por cerca de R$2 bilhões (US$719,6 milhões),[6] tornando-se um bilionário.[7] Portanto, desde 2014, Carlos Martins não atua mais como proprietário da Wizard.
Apesar de continuar usando a palavra “Wizard” em seu nome,[8] hoje o empresário Carlos Martins é concorrente da marca. Em 2017, três anos depois de vender a Wizard para a Pearson, ele tornou-se sócio de outra rede de escolas de inglês,[9] a Wise Up,[10] inclusive, por vezes, passando a associar o seu nome a nova rede de escolas da qual é sócio atualmente.
Novos empreendimentos
Em 2014, voltou ao mundo dos negócios, e adquire a rede Mundo Verde, empresa do segmento de produtos Naturais, Orgânicos e Bem-Estar.[11] Após o seu envolvimento com o governo Bolsonaro, a empresa tem procurado desvincular sua imagem do empresário.[12]
Em 2016, anunciou a abertura da rede de fast-food californiana Taco Bell, com cardápio inspirado na culinária mexicana, juntamente com seus filhos Lincoln e Charles Martins. Como máster franqueado da rede no país, o grupo Sforza abriu a primeira unidade em setembro de 2016, em São Paulo, e seguiu em expansão acelerada pela capital e pelas principais cidades do interior. Em outubro de 2018, a rede desembarcou no Rio de Janeiro, onde conta com cinco unidades nos principais shopping centers.[13]
Com foco inicial em lojas próprias, em 2019 a expansão entrou no formato de franchising. Atualmente, a rede possui mais de 35 unidades no país. A Taco Bell, fundada em 1962, possui cerca de 7 mil lojas, sendo 6,5 mil nos EUA.
Em 2017, Carlos Martins comprou 35% da Wise Up, rede de escolas de idiomas de Flávio Augusto da Silva.[14] O Grupo Sforza também é dono das marcas KFC, Pizza Hut, Rainha e Topper, além da rede de alimentação Mundo Verde, a Ronaldo Academy, em parceria com o ex-jogador Ronaldo, a rede de idiomas Wise Up, e outras empresas da área logística e de esportes.[15]
Projetos sociais
Em 2018, Carlos Martins encampou um novo projeto: o Brasil do Bem. Com a esposa Vânia, embarcou rumo ao estado de Roraima com o propósito de oferecer um recomeço para os venezuelanos que chegaram ao Brasil em busca de socorro, fugindo da situação caótica do seu país.[16]
Usando metodologias do mundo empresarial, Carlos mobilizou lideranças da sociedade civil para, juntos, criarem oportunidades para os imigrantes em cidades no interior do Brasil, oferecendo emprego e moradia.[17] Foram quase dois anos de trabalho, e mais de 12 mil venezuelanos atendidos. Com o fechamento das fronteiras em decorrência da epidemia do COVID-19, Carlos voltou temporariamente para São Paulo, dedicando boa parte do seu tempo às causas sociais.[18][19][20]
Atuação na pandemia da COVID-19 no Brasil
Em 2020, Carlos Martins se filiou ao Partido da Social Democracia Brasileira a convite do governador João Doria e foi considerado para ser o candidato do partido nas eleições municipais de Campinas. Recusou, preferindo aliar-se ao governo de Jair Bolsonaro, no cargo de Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde, devido a sua formação em Ciência da Computação e Estatística pela BYU.[21]
Entrou em uma polêmica ao sugerir que o Ministério da Saúde deveria revisar dados e recontar mortos pela COVID-19.[22] Na mesma semana informou seu afastamento da política, pedindo desculpas às famílias que se sentiram ofendidas.[23] Em maio de 2021, foi aprovada sua convocação como testemunha pela CPI da COVID-19, que investiga possíveis crimes cometidos pelo governo durante a gestão da pandemia no Brasil.[24] A justificativa para a convocação é que o empresário faria parte de um "ministério paralelo" da saúde.[25] Após não comparecer à Comissão Parlamentar de Inquérito, em 17 de junho, o presidente desta pediu e condução coercitiva de Carlos Martins e a apreensão do seu passaporte, o que foi determinado pela Justiça.[26][27]
Em 30 de junho, Carlos compareceu à CPI da COVID na condição de investigado. Após discursar, citando versículos bíblicos e dizendo que não participara de nenhum gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente Bolsonaro, o empresário decidiu ficar em silêncio (repetindo constantemente a frase "me reservo ao direito de permanecer em silêncio" como resposta às perguntas), apoiado em um habeas corpus concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso, apesar de ter se encorajado a quebrar o decoro da CPI fazendo propaganda de seu próprio livro sobre causas humanitárias em plena sessão.[28] Todavia, o relator da CPI, Renan Calheiros, apresentou vídeos em que o empresário afirma o apoio ao uso do tratamento precoce, e afirmou que ele teria contribuído, assim, para a disseminação de informações erradas sobre a Covid-19, o que teria levado mais de meio milhão de brasileiros a óbito.[29][30]
Trajetória como autor
Em 2009 lançou o livro Desperte o milionário que há em você (Editora Gente).[31]
Em 2013, foi publicada sua biografia Carlos Wizard: Sonhos não têm limites (Editora Gente), escrita pelo romancista Ignácio de Loyola Brandão.
Em 2017 lançou Do zero ao milhão - como transformar seu sonho em um negócio milionário (Buzz Editora).[32]
Em 2020, lançou o livro Meu maior Empreendimento, onde conta a sua trajetória com o projeto Brasil do Bem.[33]
Livros
- Vencendo A Própria Crise (2002)
- O Desejo de Vencer (2010)
- Como Sonhar e Realizar Seus Sonhos (2010)
- 100 Pensamentos - Motivação, Liderança e Sucesso (2010)
- 100 Pensamentos - Motivação, Liderança e Sucesso - Vol 2 (2010)
- Meu Presente Mais Valioso (2012)
- Desperte o Milionário Que Há Em Você (2012)
- Do Zero ao Milhão (2017)
- Meu maior Empreendimento (2020)
Referências
- ↑ «Três anos após vender Grupo Multi, Carlos Wizard já tem novo império». Jornal Estado de Minas. 16 de abril de 2017. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Caíque Alencar (30 de junho de 2021). «Cloroquina, fake news e 'gabinete paralelo'; a CPI ouve o 'fugitivo' Wizard». VEJA. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ «CPI da Covid: por que o empresário Carlos Wizard foi convocado». BBC Brasil. 29 de junho de 2021. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ «Após Greendene e Boticário, fundador da Wizard entra em lista de bilionários». UOL. 17 de janeiro de 2014. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ ab «Um professor na lista dos bilionários; veja história de Carlos Wizard». UOL. 15 de outubro de 2013. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Ed Ballard (3 de dezembro de 2013). «Pearson Buys Brazilian English-Teaching Firm for $720 Million» (em inglês). Wall Street Journal. ISSN 0099-9660. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Marcela Ayres (26 de outubro de 2012). «8 homens de negócio mórmons à frente de grandes empresas». Exame. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Laísa Dall'Agnol (30 de junho de 2021). «Investigado na CPI, Wizard é pedra no sapato da rede de escolas de idiomas». VEJA. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Joana Cunha (15 de maio de 2017). «Ex-dono da rede de idiomas Wizard compra fatia da WiseUp». Folha de S.Paulo. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Beth Koike (15 de maio de 2017). «Fundador da Wizard paga R$ 200 milhões para ser sócio da Wise Up». Valor Econômico. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ «Carlos Wizard Martins adquire rede de franquias Mundo Verde». Terra. 14 de agosto de 2014. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Guilherme Amado (6 de junho de 2020). «Mundo Verde, de Carlos Wizard, tenta se afastar de imagem negativa de empresário». Época. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ «Taco Bell abre primeira unidade no Rio de Janeiro». Mercado e Consumo. 16 de outubro de 2018. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ «Fundador da escola de idiomas Wizard compra 35% da Wise Up». VEJA. 15 de maio de 2017. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Luiz Gustavo Pacete (9 de janeiro de 2018). «Com KFC e Pizza Hut, Carlos Wizard concentra 17 marcas». Meio & Mensagem. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Suzana Camargo (18 de fevereiro de 2020). «Idealizado pelo empresário Carlos Wizard, projeto acolhe e auxilia refugiados venezuelanos a encontrar emprego no Brasil». Conexão Planeta. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Marcelo de Paula (2 de dezembro de 2019). «A missão de levar esperança a refugiados». IstoÉ Dinheiro. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ «Carlos Wizard Martins: "não podemos cruzar os braços para a situação dos imigrantes venezuelanos"». Pequenas Empresas Grandes Negócios. 5 de outubro de 2018. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Jennifer Ann Thomas (2 de agosto de 2019). «Carlos Wizard Martins: o bilionário que abraçou a causa dos refugiados». VEJA. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ «Sonia Racy entrevista Carlos Wizard Martins – Parte 1». Vídeos Band. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ «Empresário cumpre agenda com ministro da Saúde antes de ser nomeado». O Antagonista. 2 de junho de 2020. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Luiz Felipe Barbiéri (6 de junho de 2020). «Cotado para cargo no Ministério da Saúde diz que estados inflam dados da covid para elevar orçamento; secretários de Saúde chamam fala de 'leviana'». G1. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ «Empresário Carlos Wizard afirma que não vai mais colaborar com o Ministério da Saúde». G1. 7 de junho de 2020. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Marcela Mattos, Beatriz Borges e Luiz Felipe Barbiéri (26 de maio de 2021). «CPI da Covid reconvoca Pazuello e Queiroga». G1. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Josette Goulart (26 de maio de 2021). «O que o empresário bolsonarista Carlos Wizard pode ter a dizer na CPI». VEJA. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ «CPI pede condução coercitiva e apreensão do passaporte de Carlos Wizard». O Tempo. 17 de junho de 2021. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Márcio Falcão e Fernanda Vivas (18 de junho de 2021). «Barroso autoriza condução coercitiva de Carlos Wizard para prestar depoimento à CPI». G1. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ «Carlos Wizard apresenta livro e leva bronca na CPI: 'Não vai vender livro aqui não'». R7. 30 de junho de 2021. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Marcelo Montanini (30 de junho de 2021). «CPI ouve Carlos Wizard sobre 'ministério paralelo' e compra de vacinas». Metrópoles. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Jean-Phillipe Struck (30 de junho de 2021). «Carlos Wizard se cala na CPI da pandemia». DW Brasil. Consultado em 30 de setembro de 2021
- ↑ Martins, Carlos Wizard (29 de janeiro de 2018). Desperte o milionário que há em você. [S.l.]: Buzz Editora LTDA
- ↑ Martins, Carlos Wizard (29 de janeiro de 2018). Do zero ao milhão. [S.l.]: Buzz Editora LTDA
- ↑ Hugo Cilo (3 de abril de 2020). «O segundo empreendimento humanitário de Carlos Wizard». IstoÉ Dinheiro. Consultado em 30 de setembro de 2021
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