Em 21 de fevereiro de 1945, após quatro tentativas sem sucesso, um pesado inverno e dezenas de baixas, os brasileiros finalmente tomaram a elevação de Monte Castello, na Itália, durante Segunda Guerra Mundial. O monte, defendido por tropas alemãs, fazia parte de uma cadeia montanhosa que fornecia aos inimigos bons pontos de defesa que ajudavam a controlar a rota 64, que dava acesso à Bolonha.
Os brasileiros haviam tentado tomar a elevação em 24, 25 e 29 de novembro de 1944, e depois em 12 de dezembro daquele mesmo ano. A vitória só veio no ano seguinte. Nesse meio tempo estiveram nas redondezas e mantendo a linha de frente brasileira na região.
Há um consenso de que a conquista da elevação se deveu ao 1º Regimento de Infantaria, com preparação pesada da Artilharia Divisionária e da Força Aérea Brasileira. Porém, não existe acordo sobre quem do 1º Regimento teve a honra de expulsar os alemães da cota 977 (que demarca a altura máxima da elevação). A resposta depende de quem conta a história.O I Batalhão do 1º Regimento de Infantaria chegou primeiro?
O I Batalhão era comandando pelo major Olívio Gondim Uzeda. Dele faziam parte a 1ª Cia, a 2ª Cia e a 3ª Cia. Há várias referências bibliográficas que mostram que eles foram os pioneiros no Castello, com a 1ª e a 3ª liderando. A 2ª Cia ficou para deter resistências nas partes mais baixas.
Raul da Cruz Lima Júnior, comandante da 2ª Cia do 9º Batalhão de Engenharia da FEB, no livro “Quebra canela”, falando sobre as ações da engenharia, atesta que “os elementos mais avançados do bravo I Batalhão coroaram seu objetivo, capturando o então invicto Monte Castello”. “Logo em seguida, os também heróicos combatentes do III Batalhão, que atacavam de frente, ultrapassaram as resistências inimigas e também galgaram o simbólico morro fatídico”, afirma ele na página 113.
Joaquim Xavier da Silveira, que na guerra foi soldado operador de rádio do Pelotão de Transmissões da Companhia de Comando (e depois da guerra advogado), em seu livro “a FEB por um soldado” (p.172), declara que um pelotão do I Batalhão do 1º Regimento, sob o comando 2º tenente Celso Patrício de Aquino, chegou à crista do Monte Castello às 18h, sendo o primeiro a pôr os pés lá.Essa era uma versão bem aceita, tanto que o próprio major Uzeda, no livro “Crônicas de guerra”, de 1952, dizia que “precisamente às 18h, o pelotão do tenente Aquino atingiu a crista topográfica de Monte Castello, seguido dos demais elementos da 1ª Cia”. “Em seguida, igualmente, atingiram os objetivos que lhe foram fixados, a 3ª e a 5ª Cia”, escreveu ele (p.112). A versão foi reafirmada por Cássio Abranches Viotti, que foi tenente no 11º Regimento de Infantaria, no livro “Crônicas de guerra”, página 418.
O Chefe do Estado-maior da FEB, Floriano de Lima Brayner, no livro “A verdade sobre a FEB”, página 360 diz o seguinte: “Eram 18 horas. De fato conferimos os relógios. Os bombardeios amenaram [reduziram] completamente. O telefone tocou, eu atendi e chamei General Mascarenhas. Do outro lado, gritando de emoção, Zenóbio [da Costa, comandante da infantaria] anunciava: ocupamos a montanha. O I Batalhão do 1º Regimento de Infantaria (Uzeda) atingiu a cota 977, ao completar o envolvimento”. Em seguida, Zenóbio contou que III Batalhão (Major Franklin), também atingira o alto, arrematando-o em ação frontal.
Leonércio Soares, sargento do 11º Regimento de Infantaria, no livro “Verdades e vergonhas da Força Expedicionária Brasileira”, atesta que “quando III Batalhão conseguiu galgar as escarpas que tinha pela frente, lá no alto já se achavam os homens do I Batalhão” (p.212).
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