A Pirâmide de KéopsA Pirâmide de Kéops Kéops, segundo faraó da IV dinastia, cujo reinado se estendeu de 2551 a 2528
Kéops, segundo faraó da IV dinastia, cujo reinado se estendeu de 2551 a 2528 aproximadamente, talvez influenciado pelo tamanho da pirâmide erguida por seu pai Snefru, escolheu um planalto situado nas bordas do deserto, mais ou menos a oito quilômetros de Gizé, e ali ergueu uma pirâmide de dimensões ainda maiores. Conhecida como a Grande Pirâmide ou Primeira Pirâmide de Gizé, esse monumento marca o apogeu da época de tais construções, tanto no que se refere ao tamanho quanto no que se refere à qualidade do trabalho. Tendo uma base que cobre quase 53 mil metros quadrados, esse é, sem dúvida, o monumento mais polêmico de toda a antiguidade egípcia e a única das Sete Maravilhas do Mundo que chegou até nossos dias. A quantidade de pedra talhada que foi usada para erguer a pirâmide de Kéops não pode ser computada com exatidão, pois o centro de seu interior consiste de um núcleo de rochas cujo tamanho não pode ser determinado com precisão. Todavia, estima-se que quando pronta e intacta devia ser formada por dois milhões e 300 mil blocos de pedra, cada um pesando em média duas toneladas e meia, sendo que os maiores deles pesavam 15 toneladas. O peso total do monumento tem sido avaliado em 5.273.834 toneladas. Sua parte interna foi erguida com a rocha de qualidade inferior que se encontra normalmente naquelas vizinhanças e todo seu revestimento foi feito com a pedra calcária branca de excelente qualidade da região de Tura, localidade perto do Cairo. O pesquisador Max Toth nos conta que as pedras de revestimento, perfeitamente trabalhadas, com uma superfície de contato de aproximadamente 3,25 m², estavam tão bem cimentadas que as juntas entre elas têm uma separação de não mais de 0,6 cm. Esse cimento tem uma tal retentividade que existem fragmentos de pedra de revestimento ainda unidos pelo cimento, embora o resto dos blocos de ambos os lados tenha sido destruído. Pena que civilizações posteriores tenham arrancado quase todas as pedras calcárias do revestimento, com exceção de algumas peças junto da base, para uso em construções modernas, dando atualmente ao monumento essa aparência de vários degraus que vemos ao lado. Também se avalia que cerca de 12 camadas, abaixo da pedra do ápice, tenham sido retiradas do vértice. Os enormes blocos usados para revestir as câmaras e corredores internos, alguns pesando cerca de 50 toneladas, são de granito e foram extraídos das pedreiras de Assuã, localizadas a 800 quilômetros de distância. As faces da pirâmide brilhavam com a luz do Sol e os egípcios lhe deram o nome de Akhet Khufu, Resplandecente É Kéops, ou Akhuit, A Resplandecente. Também chamavam-na de A Pirâmide que É o Lugar do Nascer e do Pôr do Sol. Uma das maneiras de ilustrar a grandiosidade da pirâmide para quem nunca a viu de perto, consiste em compará-la com outros monumentos famosos. Estima-se, por exemplo, que na área por ela ocupada caberiam a catedral de Florença, a de Milão e a de São Pedro de Roma, bem como a abadia de Westminster e a catedral de São Paulo de Londres. Por outro lado, sua altura original de 146 metros é superior à da basílica de São Pedro em Roma, que é de 139 metros. Atualmente, porém, mede 137 metros de altura, pois nove metros de seu topo se perderam com o passar do tempo. E para quem gosta de comparações curiosas, alguém calculou que caso a pirâmide fosse reduzida a cubos com 30 centímetros de lado e eles fossem colocados em fila, se estenderiam por uma distância igual a dois-terços da circunferência da Terra no equador. Diz a lenda que Napoleão também fez um de tais curiosos cálculos e concluiu que as três pirâmides de Gizé contêm pedra suficiente para erguer um muro ao redor da França com altura de três metros e espessura de 30 centímetros, cálculo esse que foi confirmado por um eminente matemático francês contemporâneo do imperador. Os lados da pirâmide, em sua base, medem aproximadamente 230 metros cada um e estão orientados quase que perfeitamente em linha com os quatro pontos cardeais e isso também significa que os quatro cantos do monumento são ângulos retos quase perfeitos. O alinhamento é tão exato, que os erros de uma bússola podem ser detectados se compararmos as suas indicações com a orientação piramidal. Trata-se de um fato surpreendente e intrigante se levarmos em consideração que a bússola magnética era totalmente desconhecida dos antigos egípcios. Muito provavelmente conseguiram tal precisão observando o nascer e o ocaso de uma estrela setentrional e determinando os pontos cardeais norte e sul através de medições feitas com um prumo. As quatro faces da pirâmide se inclinam em um ângulo de cerca de 51° 52' em relação ao solo. A entrada fica na face norte, a uma altura de cerca de 16 metros e 76 centímetros medidos verticalmente em relação ao solo, e não está exatamente no meio da parede, mas sim deslocada cerca de sete metros para leste do centro. A partir da entrada, um corredor descendente (1), com um metro de largura por um metro e 20 centímetros de altura, penetra num ângulo de 26° através da estrutura do monumento e depois pelo solo rochoso. A uma distância de aproximadamente 105 metros da entrada torna-se plano e continua horizontalmente por mais quase nove metros antes de desembocar numa câmara (2). Essa encontra-se a 30 metros abaixo do nível do solo, ficou inacabada, e em seu piso existe uma cova quadrada que parece ser o início de um trabalho destinado a aprofundar o compartimento. A câmara é retangular e mede oito metros e 25 centímetros por 14 metros e tem altura de três metros e 50 centímetros. Na parede sul da câmara, no lado oposto à entrada, existe uma passagem sem saída cavada rusticamente na rocha e que ficou inacabada (3). Os arqueólogos supõem que essa passagem iria levar a uma outra câmara que nunca foi construída. Ao que parece, nessa altura da construção os planos mudaram e a escavação subterrânea foi abandonada. Abriu-se, então, um buraco no teto do corredor descendente, cerca de 18 metros e 30 centímetros da entrada, e a partir daí construiu-se um corredor ascendente (4) dentro da estrutura da pirâmide. Após o sepultamento a entrada desse corredor foi tampada com uma laje de pedra calcária tornando-a praticamente invisível. O corredor ascendente tem aproximadamente 39 metros de comprimento, sendo que sua largura e altura são iguais às do corredor descendente e seu ângulo de inclinação é de 26° 2' 30". É revestido de calcário branco muito polido em toda a sua extensão, terminando num cruzamento. Logo após a entrada há três grandes blocos de granito vermelho, com um metro e 82 centímetros cada, colocados um após o outro, que vedavam totalmente a passagem e deveriam funcionar como obstáculos para quem, eventualmente, descobrisse a entrada do corredor. Ao construírem esse corredor ascendente parece que a idéia era a de colocar a câmara mortuária na parte central do monumento e a uma altura não muito elevada em relação ao solo. E tal câmara (5) foi realmente construída no final de uma passagem horizontal que tem quase 39 metros de comprimento e um metro de lado e que parte do topo do corredor ascendente. Hoje ela é conhecida com o nome equivocado de câmara da rainha e fica exatamente no meio da distância entre as faces norte e sul da pirâmide, ou seja, diretamente debaixo do vértice do monumento. Mede cinco metros e 70 centímetros por cinco metros e 23 centímetros e tem o teto em ponta atingindo a altura de seis metros e 22 centímetros. Os blocos que formam o teto ultrapassam a largura da câmara e se estendem pela alvenaria circundante por mais de três metros de cada lado. Sua função é reduzir o peso real da massa piramidal sobre as paredes do recinto. Na parede leste há um nicho com apenas um metro de profundidade, quatro metros e 67 centímetros de altura e largura da base de um metro e 57 centímetros, que se supõem fosse destinado a conter a estátua do rei, mas que, provavelmente, nunca foi colocada em seu lugar. Indícios como a falta de acabamento do piso e outros, apontam para a probabilidade de que a câmara da rainha não tenha sido terminada. Os arqueólogos acreditam que nesse ponto dos trabalhos os egípcios mudaram seus planos mais uma vez. Iniciaram, então, a construção da grande galeria (6), que é uma continuação do corredor ascendente. Ela tem 46 metros e 63 centímetros de comprimento e oito metros e 53 centímetros de altura; suas paredes, de pedra calcária polida, inicialmente erguem-se verticalmente até dois metros e 28 centímetros, atingindo aí uma largura de quase um metro e 80 centímetros. Acima desse nível há sete fiadas que se projetam para dentro cerca de oito centímetros além da fiada sobre a qual se apoiam, formando, assim, uma abóbada que impressiona por suas dimensões. O espaço entre a fiada superior de cada lado tem um metro e cinco centímetros de largo e é fechado por lajes à guisa de telhado. Engenhosamente, cada laje do teto inclinado tem sua borda inferior apoiada numa espécie de reentrância talhada no topo das paredes laterais; isso evita que as pedras pressionem as que estão imediatamente abaixo, o que criaria uma excessiva pressão ao longo de todo o teto e faz com que cada laje seja sustentada separadamente pelas paredes laterais sobre as quais se apóia. Na parte inferior de cada parede existe um declive formando uma espécie de degrau com 61 centímetros de altura e 50 centímetros de largura e que se estende ao longo de todo o comprimento da galeria; entre eles corre uma passagem de largura idêntica à do teto. Do ponto de convergência entre o corredor ascendente, a passagem que leva à câmara da rainha e a grande galeria, parte um poço estreito (7) que desce não só pelo interior da pirâmide, mas também pelo solo rochoso, primeiro perpendicularmente e depois obliquamente em direção ao corredor descendente, no qual desemboca em sua parede oeste. A função desse poço parece ter sido oferecer uma rota de fuga para os operários que tiveram a missão de obstruir o corredor ascendente após a realização do funeral. Na extremidade superior da grande galeria existe uma pedra imensa, com um metro de altura, conhecida como grande degrau, a qual forma uma plataforma de cerca de um metro e 80 centímetros por dois metros e 43 centímetros e estima-se que esteja em linha com o vértice da pirâmide. Ele dá acesso a uma passagem horizontal, baixa e estreita, com um metro de largura e pouco mais de um metro e 20 centímetros de comprimento, que conduz a uma espécie de antecâmara (8), a qual tem três de suas paredes em granito vermelho polido. Esse aposento tem cerca de 2 metros e 74 centímetros de comprimento, um metro e 52 centímetros de largura e três metros e 66 centímetros de altura. Em suas paredes leste e oeste foram talhadas três canaletas, com 55 centímetros de largura cada uma, que chegam até o chão. Na foto ao lado, detalhe de uma das canaletas da parede oeste. Destinavam-se a receber três portas levadiças, as quais, entretanto, não foram encontradas pelos arqueólogos. Supõe-se que tais portas seriam baixadas por meio de cordas que deslizariam sobre cilindros de madeira fixados no topo de cada canaleta que, como podemos obervar na foto, terminam num formato curvo. Nas mesmas paredes existe, na altura do teto, uma quarta reentrância de menor comprimento, interrompendo-se a uma distância de cerca de um metro e 15 centímetros do chão e que sustenta até hoje dois blocos de granito sobrepostos que se estendem por toda a antecâmara. Cada um de tais blocos, dos quais também vemos um pedaço na foto ao lado, é uma laje com aproximadamente um metro e 52 centímetros de largura por 60 centímetros de altura e 40 centímetros de espessura. Elas se situam a cerca de 56 centímetros da parede norte da câmara. Sobra um espaço de um metro e 52 centímetros entre o bloco superior e o teto, o qual teve ter sido obstruído originalmente por outra laje. Tudo isso eram precauções tomadas pelos antigos egípcios para evitar a invasão do sepulcro, pensam os arqueólogos. Outro corredor baixo sai da antecâmara, alinhado exatamente com o corredor de entrada para a mesma, tendo a mesma largura daquele e atingindo quase dois metros e 60 centímetros de comprimento e abre-se para a câmara do rei. A câmara do rei (9) é totalmente de granito. Mede 10 metros e 46 centímetros por cinco metros e 23 centímetros e tem altura de cinco metros e 81 centímetros. Nas suas paredes norte e sul, a uma altura de cerca de 90 centímetros acima do piso, há aberturas retangulares de dois condutos (10) que penetram no interior da pirâmide e atingem suas paredes externas. Tais condutos são considerados pelos estudiosos como meios de ventilação da câmara, mas também acredita-se que possam ter tido propósitos religiosos. Junto à parede oeste da câmara do rei encontra-se um sarcófago retangular e sem tampa, feito de granito, totalmente sem inscrições, que provavelmente deve ter recebido um dia o corpo do faraó encerrado em um ataúde de madeira. Entretanto, os pesquisadores encontraram-no vazio. A aparência do sarcófago é grosseira, sendo que muitas das ranhuras provocadas pela serra que o desbastou ainda estão claramente visíveis. Suas dimensões externas são: dois metros e 30 centímetros de comprimento, pouco mais de 90 centímetros de largura e cerca de um metro e 16 centímetros de altura. Batendo-se nele com a mão, houve-se um som claro de campainha. Como a largura do sarcófago é maior do que a largura da entrada do corredor ascendente, concluiu-se que ele deve ter sido colocado em seu lugar durante a construção da câmara do rei. Para ver outra foto do sarcófago, clique aqui. O teto da câmara do rei tem um desenho inusitado. O forro é plano e formado por nove lajes de granito que pesam em conjunto cerca de 400 toneladas. Acima dele, porém, há cinco compartimentos estanques, sendo que o forro dos quatro primeiros é plano e o do último forma um teto em ponta. A altura dessas câmaras é de aproximadamente 90 centímetros, com excessão da última que permite que uma pessoa fique em pé dentro dela. A intenção, ao que parece, era a de evitar que o forro da câmara ruísse sob o peso da estrutura da pirâmide. Algumas das paredes desses compartimentos são de pedra calcária e em vários de seus blocos ainda se pode ver as marcas em ocre vermelho que neles foram pintadas na pedreira. Entre tais marcas encontram-se as únicas referências existentes ao nome de Kéops em toda a pirâmide. Do muro que, com certeza, rodeava a pirâmide de Kéops, nada restou. Resta apenas parte do pavimento em pedra calcária que preenchia o espaço entre a pirâmide e o muro. Defronte à parte central da face leste da pirâmide há um templo mortuário: uma construção retangular de pedra calcária, medindo 52 metros e 12 centímetros de norte a sul por 40 metros e 23 centímetros de leste a oeste. Na fachada leste do templo, uma passagem dá acesso a uma calçada murada externa (1). A construção é basicamente formada por um pátio pavimentado de basalto negro (2), rodeado por arcarias. O telhado das arcadas pode ser atingido através de uma escada de pedra em caracol (3) e é suportado por colunas de granito (4), todas decoradas com cenas esculpidas em baixo relevo. No fundo do templo há um nicho (5) que talvez tenha sido o santuário. Se existia ou não alguma coisa entre os fundos do templo e a base da pirâmide de Kéops, não se sabe. Ao norte e ao sul do templo, mas em uma área localizada do lado externo aos muros que rodeavam a pirâmide, foram encontradas duas covas em forma de barco escavadas na rocha. Outra cova semelhante foi achada junto ao templo. As três estavam vazias. Uma quarta cova, porém, localizada ao sul dos muros, continha um bote de madeira de cedro, parcialmente desmontado, com 43 metros e 58 centímetros de comprimento, 5 metros e 60 centímetros de abertura e com capacidade de deslocamento de mais de 40 toneladas. Elegante embarcação, tem sobre a ponte uma cabine sustentada por colunas em forma de papiro. Para desobstruir a cova onde a barca se encontrava foi necessário mover 41 blocos de calcário que cobriam a fossa, os quais pesavam entre 17 e 20 toneladas. Com certeza valeu a pena o trabalho. Nessa barca de milhões de anos, como diriam os egípcios, o casco é formado por centenas de peças de madeira que se encaixam como se fosse um enorme quebra-cabeça e que são mantidas unidas por um único pedaço de corda. Assim, tornava-se desnecessário usar calafetagem ou piche para que o barco fosse estanque. O projeto baseava-se no fato de que, quando úmida, a madeira incha, ao passo que a corda encolhe. Isso produzia uma vedação automática, impermeável à água. Afirmam os estudiosos que esse barco tinha condições de navegabilidade infinitamente melhor do que qualquer embarcação da época de Cristóvão Colombo. O barco, um conjunto de 1224 peças, levou 10 anos para ser reconstruído e um museu foi erguido ao lado da pirâmide especialmente para abrigá-lo. Para ver fotos desse barco, clique aqui, aqui e também aqui. O costume de enterrar barcos junto aos sepulcros existia desde a I dinastia. Alguns deles talvez tivessem sido usados no decorrer do funeral, mas outros destinavam-se a servir de meio de transporte para o morto no além-túmulo, seja para acompanhar a barca do deus-Sol em sua jornada, seja para atingir as regiões profundas onde os deuses habitavam. No lado sul da calçada murada que dá acesso ao templo, e em ângulo reto com ela, existe uma fileira de quatro pirâmides satélites, sendo que três delas apresentam uma pequena capela em ruínas junto à sua face leste. Ao lado da primeira pirâmide há uma pequena cova em forma de barco. Nas proximidades dela os arqueólogos descobriram um túmulo real intocado pertencente à esposa do faraó Snefru e mãe de Kéops, a rainha Hetepheres. O sepulcro foi encontrado no fundo de um poço de 30 metros de profundidade e que havia sido totalmente bloqueado com alvenaria. Não havia qualquer edificação sobre o poço. Muito ao contrário, sua boca foi cuidadosamente disfarçada para confundir-se com o restante do solo e não ser localizada. Na câmara mortuária havia um fino sarcófago de alabastro vazio, mas as vísceras lá estavam em uma caixa também de alabastro. Diversos objetos foram encontrados na câmara funerária: vasos de alabastro, um jarro de cobre, três vasos de ouro, navalhas de ouro, ferramentas de cobre e um instrumento de ouro para manicura, pontudo numa das extremidades para limpar as unhas e curvo na outra para pressionar a cutícula. Havia, ainda, uma caixa de toalete com oito pequenos vasos de alabastro cheios de unguentos e pós. Numa caixa de jóias estavam 20 ornatos de prata para o tornozelo, decorados com libelinhas de malaquita, lápis lazuli e cornalina. Objetos maiores também figuravam no conjunto: uma estrutura de baldaquino feita de madeira revestida de ouro, duas cadeiras com braços e uma cama parcialmente revestidas com folhas de ouro. Nos pés da cama vê-se um painel de ouro decorado com um desenho floral em azul e preto. A leste e a oeste dos muros que cercavam a pirâmide de Kéops existiam grandes cemitérios de mastabas, dispostas em fileiras paralelas. No lado sul da pirâmide havia apenas uma fila de mastabas e no lado norte elas não existiam. Os ocupantes dos túmulos do cemitério do lado leste eram parentes próximos do rei e os do lado oeste, que é o maior, funcionários da administração. Tal disposição ilustra a crença de que o faraó viveria no além-túmulo cercado por seus parentes e servos leais. Muitas das mastabas perderam seu revestimento externo. Originalmente estavam recobertas por pedra calcária, a exemplo da pirâmide. Assim, todo o conjunto apresentava uma coloração uniforme, com a Grande Pirâmide se elevando bem ao centro de forma impressionante. Por sua vez, o contraste entre a enormidade da pirâmide e a pouca altura das mastabas deveria ilustrar a diferença entre a majestade divina do rei e a condição de simples mortais de seus súditos. A simetria das sepulturas foi quebrada já no decorrer da V e da VI dinastias, quando pequenas mastabas foram erguidas nos espaços existentes entre as fileiras dos túmulos primitivos. Os próprios funcionários da necrópole e os sacerdotes mortuários, que executavam as tarefas necessárias à preservação do bem estar dos mortos, construíram ali seus próprios sepulcros. Em épocas posteriores, os egípcios passaram a acreditar que construir seus túmulos na região de Gizé lhes conferiria vantagens adicionais após a morte e, assim, toda a área apinhou-se de sepulcros. |
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