A Rainha Vitória e seu Jubileu de Ouro em 1887

Comemorado no dia 20 e 21 de Junho de 1887, o Jubileu de Ouro da Rainha Vitória comemorava seus 50 anos de reinado. Ela tinha 63 anos. Ela tinha se tornado rainha em 1837, aos 18 anos, quando a própria monarquia parecia estar chegando ao fim. Mas ela conseguiu restaurar a monarquia, fazendo-a ocupar um lugar preeminente na sociedade britânica. E por qualquer contabilidade, seu reinado foi bem sucedido. A Grã-Bretanha, na década de 1880, estava no horizonte do mundo.

As festividades do Jubileu de Ouro foram amplamente vistas não apenas como uma celebração da Rainha Victoria , mas como uma afirmação do lugar da Grã-Bretanha como um poder global. Soldados de todo o Império Britânico marcharam em procissões em Londres.

Mas nem todos estavam inclinados a celebrar a longevidade da rainha Vitória ou a supremacia da Grã-Bretanha: na Irlanda , havia manifestações públicas de protesto contra o domínio britânico. E os irlandeses americanos realizaram suas próprias reuniões públicas para denunciar a opressão britânica em sua terra natal.

Apesar dos conflitos em pequena escala no Afeganistão e na África, a Grã-Bretanha estava essencialmente em paz desde a Guerra da Criméia três décadas antes. Havia também a sensação de que Vitória merecia uma grande festa, já que nunca tinha celebrado seu 25º aniversário no trono. Seu marido, o príncipe Albert, tinha morrido jovem, em dezembro de 1861. E as celebrações que provavelmente teriam ocorrido em 1862, que teria sido seu Jubileu de Prata, estavam simplesmente fora de questão.

Foto da procissão do Jubileu de Ouro.

Durante as semanas que antecederam o evento, a rainha, que era muito reclusa desde a morte de seu marido, participou de uma série de eventos, incluindo ajudar a colocar a pedra angular de um novo hospital. Em maio, ela chegou a mostrar interesse no show americano “Buffalo Bill’s Wild West Show”. Ela assistiu uma perfomance e conheceu os membros do elenco.

A rainha viajou para uma de suas residências favoritas, o Castelo Balmoral na Escócia, para comemorar seu aniversário em 24 de maio, mas planejava voltar para Londres para os principais eventos que aconteceram perto do aniversário de sua adesão, 20 de junho.

O dia 20 começou com um café da manhã sob as árvores de Frogmore, um lugar de descanso do falecido marido da Rainha, Albert. A Rainha então viajou de trem de Windsor para Paddington e entre os parques para o Palácio de Buckingham, onde houve um banquete real de noite. Cinquenta reis e príncipes estrangeiros, assim como os chefes de governo das colônias e domínios da Grã-Bretanha participaram da festa. Ela escreveu em seu diário:

“Tivemos um grande jantar de família. Toda a realeza estava reunida no Quarto Bow, e nós jantamos no Quarto da Ceia, que parecia explêncida com o buffet coberto com placas de ouro. A mesa era larga, com muitas luzes sobre ela. O Rei da Dinamarca me acolheu, e Willy da Grécia sentou-se ao meu lado. Os príncipes estavam todos de uniforme, e as princesas todas bem vestidas. Depois, fomos para o Salão de Baile, onde minha banda tocou”.

No dia seguinte, a Rainha viajou em uma carruagem aberta para a Abadia de Westminster, escoltada pela cavalaria indiana. A rainha tinha muito interesse em seu império, e muitos representantes das colônias assistiram às celebrações. Os príncipes indianos – “homens de construção imponente e uma carruagem principesca”, observou Mark Twain – estavam em esplêndidos robes cerimoniais. De acordo com Mark Twain, as pessoas que estavam em Londres “iam até o limite da visão em ambos os sentidos”.

Puxada por seis cavalos cor de creme, a Rainha se recusou a usar uma coroa, usando ao invés disso um chapéu. No regresso do palácio, ela apareceu na varanda, onde foi aplaudida por multidões. No Salão de Baile, ela distribuiu broches do jubileu para sua família, e a noite, usou um vestido bordado com rosas de prata, cardos e trevos para um banquete. Depois, recebeu uma longa procissão de diplomatas e príncipes. Ela então sentou-se em sua cadeira para assistir fogos de artifício no jardim.

Retrato oficial do Jubileu de Ouro.

Finalmente, no dia 21, foi feita a procissão real para a Abadia de Westminster. O dia foi encarado como um feriado nacional e estava ensolarado. Casas e ruas estavam decoradas e milhares de pessoas se alinhavam nas ruas para vê-la.

O Serviço de Ação de Graças na Abadia de Westminster foi muito impressionante. O interior da Abadia tinha sido completamente transformado, de modo a permitir a maior quantidade possível de assentos. A Abadia, com exceção do coro e do sacrário, estava cheia às dez horas. As crianças reais, que compuseram a primeira procissão, chegaram muito quietamente logo depois das dez. Os príncipes indianos chegaram às onze.

Os índios formaram um grupo magnífico, ardendo em diamantes rosa. Havia os Thakur Sahibs de Gomdal, de Lieuri e de Moroi, o Maharajah de Kuch Behar e o Eao de Kutch. Acima de tudo estava o Maharajah Holkar de Indore, que parecia ser uma massa de esmeraldas e brilhante. Quase ao mesmo tempo, a Sultaneh da Pérsia, o Príncipe Komatsu do Japão e outros príncipes orientais foram conduzidos aos seus lugares em sacrário, onde também estava a Rainha viúva do Havaí. Ela usava um grande número de ordens havaianas. Então houve uma calma até cerca de doze horas, quando chegaram mais príncipes e princesas estrangeiros.

No Jubileu, ela contratou dois muçulmanos indianos como garçons, um dos quais era Abdul Karim . Ele logo foi promovido a Munshi e ensinou-lhe Urdu , e atuou como funcionário. Você pode ler a história dos dois aqui.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

A Rainha Vitória e seu Jubileu de Ouro em 1887

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